Querido blog:
Aqui tenho uma tentativa de organização de argumentos que eu mesmo trouxe aos arrazoados que fiz no Facebook por causa da postagem de lá e que mostrei aqui no blog no dia 7 de abril. Só falo em minhas coisas que escrevi aqui e ali, sempre com motivações na prisão de Lula. Fiz algumas edições.
Depois, ao ouvir imprecações contra o lulismo, indaguei "quem são os amigos do povo"? [pergunta que reproduz o título de um livro de Lênin]. Obviamente reconheço problemas no lulismo. Mas parece-me que a diferença entre minhas críticas e a "dos outros" é que estes aparentam fazer a crítica "pela direita", ao passo que eu busco uma apreciação "pela esquerda".
Precisamente num momento em que a histeria de Aécio Neves permitiu um cerco às políticas de interesse popular desencadeadas (ou mantidas) pelo lulismo, podemos ver o contraste: ao invés de reduzir gastos que beneficiavam os pobres, o que este governo está fazendo é criar ainda mais oportunidades econômicas para os ricos. Uma forma de criar oportunidades aos pobres é para o mundo de condição igualitarista a criação da renda básica da cidadania instituída (mas não implementada pelo lulismo) pela lei 10.835/2004. De minha parte, sempre critiquei a tibieza de Lula e de Dilma em transformarem a bolsa-família em renda-básica. A lei 10.835 prevê implantação gradativa. Então pensei:
.a detentoras do bolsa-família
.b demais mulheres das regiões declaradas como de pobreza
.c homens de regiões de pobreza
.d demais mulheres
.e demais homens.
À questão da falsa consciência dos menos favorecidos precisamos responder com "education, education, education". E, claro, com as listas das realizações da esquerda e de nossas críticas -enquanto esquerdistas- às próprias ações da esquerda. Dito isto, parece-me sensato fazer um apelo àqueles que adoraram a ideia de ver Lula na cadeia ter chegado um momento de rever seu pensamento político. Parece óbvio que todos somos iguais perante a urna: cada cidadão tem direito a um voto. Agora as animosidades pessoais e familiares e também aquelas que correm entre amigos, podem tornar-se mais acerbas e, não tenho dúvida, culminam com as guerras civis. Se a radicalização é intensa, não duvido que ainda venhamos a observar confrontos armados entre os que considero pró-pobre e os que têm mostrado quais interesses estão defendendo.
E vejo num certo meio do caminho gente que deve esforçar-se para pensar exatamente na resposta daquela pergunta que te fiz antes: "quem são os amigos do povo?". E intuo que verão que estes, os amigos do povo, são os que promovem políticas pró-pobre, como a renda básica, gastos em educação, saúde, saneamento, segurança, previdência, moradia, transporte, os bens básicos para a construção de uma "vida boa".
No ambiente da prisão de Lula, tenho também ouvido argumentos na linha de que Lula é burro. Isto me choca, pois um grupo de pessoas de baixo nível cultural não consegue conformar-se com o fato de que um torneiro mecânico tenha ascendido ao cargo de maior magistrado da nação. Com efeito, quanto à falta de cultura e burrice de Lula, estou certo de que trata-se apenas de mais um folclore que não deve ser levado a sério, pois:
.a aparentemente nenhum burro chega onde ele chegou, as realizações pessoais de sua vida
.b todos aqueles anos em que ele teve em Frei Beto seu tutor não foram em vão. Lula não é "qualquer um".
Por fim, sei que as coisas não correm do jeito que eu gostaria de ver, pensando neste mundo idílico em que procuro viver. Eu gostaria que as rivalidades entre pessoas e grupos se ativessem aos esportes, aos concursos culturais e nunca à política, pois vejo nesta o elogio do diálogo e não da competição.
DdAB
P.S. A deblateração continuou. E meu quereido amigo Fabio Cristiano Pereira escreveu o que segue, que publico por aqui com a autorização dele e algumas pequenas edições:
Felizmente no mundo do Fb, temos opções de escolher o que desejamos ver. Quanto a dita democracia, não é bem assim que a experimentamos na realidade. Pessoas apanham da polícia quando tentam expressar suas idéias em vias públicas ou são alvejadas ou apedrejadas ao tentar exercer seu direito constitucional de ir e vir. Respeito sim a opinião dos outros, até mesmo quando são explicitamente burros ao chamar outros de burros. Possuo o mesmo direito de ter opiniões diferentes de muitas pessoas. Considero nosso modelo eleitoral como um grande circo de ilusões. Partidos nos empurram seus candidatos e a mídia "globista" praticamente elege seus interesses. Lembram do PRN e seu CoLLorido? Adoraria poder conversar e discutir sobre Ciências Políticas com seus estudiosos. Me recuso a debater política ou Economia em clima de discussões de boteco, por mais "democráticos" que possam parecer... Se muitas pessoas sabe dizer que Lula roubou trilhões.ee Estas mesmas deveriam ter em seu poder as provas, os destinos para tal quantia, etc... E deveriam também cumprir seu papel de cidadão de bem e ENTREGAR tais provas e evidências irrefutáveis aos poderes públicos. Bem, sabemos que isto seria impossível por alguns fatores. Primeiro, ninguém tem provas sobre coisas inventadas. Segundo, nosso poder público anda parecido com as latrinas de muitos locais mau cuidados... Aqui no Fb ao menos, podemos bloquear as pessoas que não sabem escrever um bom português, ou não são capazes de organizar suas ideias de forma lógica e coerente. Pessoas movidas por ódio ou inveja ou preconceitos sociais podem e merecem ser bloqueadas por aqui, ao menos em minha página. Viva o Facebook que nos permite tais ações! Admito que não ando com muita paciência para escrever nestes dias. Irei finalizar com um ponto simples. Expressar opinião é um direito! Se queremos dizer que alguém é burro ou ladrão, devemos fazer bom uso da língua portuguesa e colocar a palavra ACHO na frente da frase. Todos tem direito de ACHAR que alguém é ladrão. Por outro lado, afirmar que alguém é ladrão e não ter provas sobre o crime, é chamado de CALUNIA e/ou DIFAMAÇÃO. O que está descrito como crime em nosso código penal. Novamente concordo com meu MESTRE Duílio... Education Education Education...
P.S.S. a imagem tem como legenda: Lula nos braços do povo.
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