05 agosto, 2014

O Sentido da Vida no Planeta 23


Querido diário:

.a. vi uma linda frase de Marcelo Gleiser (http://pt.wikipedia.org/wiki/Marcelo_Gleiser) na p. 7 de Zero Hora de 3/ago/2014: 

O sentido da vida é dar sentido à vida.

Penso que é mais ou menos isto o que Abraham Maslow classifica como seu sexto nível de atendimento de necessidades. Isto significa que devemos estabelecer objetivos (artificiais, como não poderia deixar de ser) e cumpri-los ou -justificadamente- mudá-los ou abandoná-los, substituindo-os por outros, ad aeternum.

Tão impactante foi para mim esta frase que fiz um hai-kai num estilo assemelhado ao das trovas que venho entretendo com Millôr Fernandes (já são 75 e chegarei nas 100 do livro da L&PM) e, mais ainda, explorando o conceito de rimas paupérrimas que volta e meio vejo usado (desde Camões a J. L. Borges), nomeadamente, fazer a rima da palavra consigo mesma:

Hai-Kai Independente (do Planeta 23)
O sentido da vida
meu amor, minha vida,
é dar sentido à vida.

Não é uma trova convencional, pois não é um, mas dois versos alheios, e o de minha autoria não é o primeiro, mas o segundo verso do hai-kai. Entusiasmado com isto, decidi dar nomes aos versos dos hai-kais criados em todos os tempos:

primeiro: cabeça
segundo: nó
terceiro: pé

Mal lancei esta proposta em um concurso de trova, fui ameaçado com uma liminar, mudando para

primeiro: cabeça
segundo: tronco
terceiro: membros (especificamente o pé).

Fiquei estupefato com a ameaça da liminar, pois penso perdê-la, dada a incompetência do sistema judiciário nacional [e algum candidato da chapa Dilma-Aécio já falou algo sobre reformá-lo?], pois ouvi falarem em rimas de pé quebrado, contrastando com os versos de pé quebrado. Estes são esses ou aqueles que têm números diferentes para as sílabas comparativamente ao padrão do poema. Sabemos que o hai-kai original tem 5-7-5. Logo especialmente o terceiro do hai-kai modificado está quebradíssimo, por ser longuíssimo.

.b. as páginas 8-9 do carimbadíssimo jornal permitem a criação de outro hai-kai, este mais flagrantemente reconhecido como plágio, pois a frase dele, manchete de duas páginas, era: 

O oposto da depressão não é a felicidade, mas a vitalidade. 

A primeira consequência que me ocorreu é que devemos praticar a máxima do Planeta 23: perder uma hora diariamente em exercícios físicos, para mantermos a vitalidade, a mobilidade, a flexibilidade, e mesmo força. Mas não me contive e decidi desdobrar a frase genial e fazer dela um hai-kai (de minha autoria..., principalmente o título, de pé quebrado...):

SEMIÓTICA DA IDADE
O oposto da depressão
não é a felicidade
mas a vitalidade.

DdAB
A fonte da ilustração é óbvia. E destoa estrondosamente do sentido filosófico e humanitário da maior parte do conteúdo desta postagem.
P.S. Nota de 19 de agosto de 2023, sábado: Em agosto de 2023, li
GLEISER, Marcelo (2016) A simples beleza do inesperado; um filósofo natural em busca de trutas e do sentido da vida. Rio de Janeiro, São Paulo: Record.
E, na página 98, ele diz: "Foi essa ['nos aproximarmos um pouco mais de nossa essência'] descoberta que mudou o meu rumo: o sentido da vida é viver em busca de sentido."
Eu lera essa frase no jornal e a gravara super fundo.

2 comentários:

Anônimo disse...

A VIDA É BELA,
é so olhar pela janela...

(Mariana- 7 anos)

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

Cara Mariana:
Muito obrigado pela visita (ou, pelo menos, pela linda frase, um verdadeiro hai-kai):

A VIDA É BELA
É SÓ OLHAR
PELA JANELA.

E faço uma trova com você:
Pela janela, o lado alegre
da vida bela faz-nos lembrar
o da tristeza, o que tem febre.

Abraços afetuosos do vovô
DdAB