19 agosto, 2014

Hereditariedade Política


Querido diário:

Em primeiro lugar, sabemos que a sra. Ana Arraes (aqui), mãe do finado econ. Eduardo Campos (aqui), foi nomeada em 2011 ministra do tribunal de contas da união, com vigorosa e decisiva influência (cito de memória) de seu filho, deputado, ministro e governador.

Segundo: Eduardo, como sabemos, era neto de Miguel Arraes, ou seja, Ana é filha de um ex-governador e mãe de outro. A Wikipedia que remeto à consulta contradiz-se, pois no verbete de Ana fala em advogada e, no de Eduardo, em economista (parece que foi as duas coisas).

Terceiro: diz-se agora que Renata, viúva de Eduardo, pode ser candidata a vice-presidente da república pela coalizão Marina-PSB.

Quarto, o filho mais velho de Eduardo e Renata já foi cogitado para ingressar na política. A filha mais velha chama-se Maria Eduarda. Segue-a o sr. João Henrique que já foi cogitado para ser candidato à presidência da república, mas a idade não o permite. Ou não foi o João Henrique, mas o segundo varão dos (de Andrade Lima) Campos, o sr. Pedro Henrique.

Quinto, no Rio Grande do Sul, cujas façanhas empolgam a toda a Terra, os Mendes Ribeiro, os Pedro Simons, os Genros (Luciana e Tarso), e por aí vai. Por falar nesta turma, a página 8 de Zero Hora de hoje tem o seguinte trecho:

Hoje, o PMDB [gaúcho, digo eu] está dividido em três alas: uma que marchará com Marina, outra que apoia a candidatura oficial de Dilma Rousseff e do vice Michel Temer, e uma terceira que prefere o tucano Aécio Neves.

Sem ironia (100 ironias?), penso que existem famílias superdotadas para o exercício da política. E que existem partidos superdotados para a incoerência. Partidos? Um que se divide em três: eu disse excessivamente-partidos, não é mesmo?

DdAB
A imagem é da Wikipedia (aqui).
Meu mal-estar com o tipo de política representado pela importância da hereditariedade, especialmente desta exemplar família, a ausência de partidos decentes, o voto obrigatório, o voto proporcional, a ausência de parlamentarismo, os magotes de cargos em comissão, encontra-se registrado aqui e aqui.

3 comentários:

Francisco disse...

Duílio vejo sua preocupação com a hereditariedade. Mas também muito importante é a forma de indicação para alguns importantes órgãos de fiscalização tais como os tribunais de contas municipais, estaduais e federais. O compadrio é reinante. Alguém acredita em isenção na fiscalização? somente quem acredita em papai noel.Parabéns pelo artigo
Francisco

Francisco disse...

Duílio vejo sua preocupação com a hereditariedade. Mas também muito importante é a forma de indicação para alguns importantes órgãos de fiscalização tais como os tribunais de contas municipais, estaduais e federais. O compadrio é reinante. Alguém acredita em isenção na fiscalização? somente quem acredita em papai noel.Parabéns pelo artigo
Francisco Gelinski Neto

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

Querido amigo Gelinski:
Obrigado pela visita. Para botar ainda mais fogo na panela, falo de algo que te diz respeito mais do que a mim: a chamada crítica pelos pares para a publicação de trabalhos científicos. Parece-me uma fraude, com algumas exceções que são usadas para justificar o sistema de favorecimento aos amigos.
DdAB