20 setembro, 2013

O País do Futuro

Querido diário:
A grande sorte que bafeja o Brasil é que o futuro ainda não chegou e podemos sempre dizer que tudo dará certo daqui a 20 ou 100 anos. O MAL* quer o bem para já: 1o./jan/2014. Mas sabe que suas chances são baixíssimas. Parece mesmo que a pobreza é mais fácil de debelar do que a desigualdade. Desigualdade, tenho dito, é negar o emprego do professor de violino do filho do policial, o emprego da fisioterapeuta da avozinha da agente de viagens especializada em levar estudantes de engenharia a conhecer os processos produtivos chineses (que deus nos acuda!).

E por que tenho cada vez mais razões para crer que nasci, em 1947, mesmo no país de um futuro que ainda não chegou? Pois:
.a. reformas ortográficas:
.a.1 uma em 1943 (?), preparando meu livro do bebê (diverso do de minhas irmãs mais velhas)
.a.2 uma reforma ortográfica em 1971 (?), destruindo todos os cadernos de anotações que eu fizera em quase três anos de estudos de economia. Ao graduar-me, em 1972, já escrevíamos in the new way
a.3 e aquela que começou em 2009 (ou foi 2010? com todos os infernos, já esqueci, aquela que nos obrigou a escrever ideia ao invés de idéia: melhoria extraordinária que pode até ajudar a resolver a crise de Portugal e o subdesenvolvimento brasileiro).

.b. em 1946 (?) fizeram uma constituição da república. Esta, então, foi revogada tantas vezes em meu ciclo de vida que nem sei mais o nome do país, nem suas regras eleitorais, nem outras coisas relevantes para o ordenamento político e institucional.

Segue-se logicamente que parece que a gente não vive a vida inteira no mesmo país. Parece que somos forçados a migrar de vez em quando, a fim de dar mais liberdade àqueles que fazem as regras eleitorais e os recortes institucionais, a seguirem fazendo- em seu próprio benefício e no de suas famílias. E o igualitarismo que espere a nova geração, ou a mais nova, ou a novíssima, etc.

DdAB
Imagem: patética daqui.
Complementado às 23h20min deste mesmo dia 20/set: dei umas editadas lá por cima.

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