Querido diário:
Tenho um texto disponível aqui cujo título é "Matemática se Escreve em Português". O título da postagem de hoje cheiraria a etnocentrismo, não fosse de minha autoria, que odeio essas manifestações da irracionalidade humana. O que quero dizer é mais ou menos na linha do texto que acabo de referir. Ontem de manhã, ainda em Sampa (agora escrevo em POA), dei uma espécie de aula cujo conteúdo foi mais ou menos o seguinte.
Matemática se Escreve em Português (um curso de filosofia da ciência, gnosiologia e epistemologia de 20min para um público de educação heterogênea e das mais variegadas origens econômico-sócio-culturais, basicamente, crianças)
.1. Introdução
.a. agradeci o convite.
.b. expliquei como o curso de 20min é organizado.
.c. pedi que fizessem anotações a serem corrigidas e devolvidas (quem entregasse entraria no sorteio de um livro ricamente ilustrado, na realidade, o livro da exposição do SESC-Belenzinho das fotografias de Sebastião Salgado, intitulada 'Genesis').
.2. O título
(passei boa parte dos 20min explicando aquele título enorme, com palavras absolutamente distantes do cotidiano da criança brasileira contemporânea; e aquele 'variegadas'? por que não disse logo 'várias'? pois depois iria falar na estudante Aniger, e o fiz)
.1. como ler o título:
.2. Argh, matemática? Nem vou ler o resto
.3. Aniger: era aluna da Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS quando eu por lá ensinava, mas não foi minha aluna. Ainda assim, um dia, divulgando a festa dos calouros, que eu era professor de Introdução à Economia, ela convidou a turma a assistir a uma aula inaugural, uma coisa destas. E disse: haverá bebidas e refris. Adorei. Mas ela disse algo muito mais filosófico (se é que é possível filosofar mais do que qualificar as bebidas em suaves e fortes): a gente não entende tudo o que será falado na aula inaugural, mas é bom ir acostumando o ouvido.
.3. Como pensar
(com esta seção, sugeri que poderia ensinar como pensar. E disse: se você leu este 'como pensar' e pensou que entendeu que estava escrito 'como pensar', então você foi aluno aprovado em um dos cursos mais rápidos e eficazes da história das economias monetárias)
.4. Perguntas da audiência
.a. quem é você? eu: scritor e, antes de tudo, leitor, professor
.b. professor? fui especialista em educação de adultos e rapidamente entendi que o problema principal do adulto é que ele não é mais criança
.c. comentário: e que tudo fica ainda pior quando aparece um crianção
.d. o que o sr. acha de quem fala certo? Citei um conselho que ouvi um jaguariense dar a outro: oh, tchê, tu não tem personalidade, que passa dois dia em Portalegre e vorta falano 'tu foste' em vez de 'tu foi'?
.e. pensamento profundo: o melhor amigo do homem é o dicionário (ver 'variegadas' e 'Aniger')
.f. que faço quando não entendo? falei: 'tá lendo, tá difícul? então pula o que não entende. Volta depois. Se não der certo, pede ajuda.
.5. Primeiro conselho que tentei vender e não consegui
:: o que um jovem pode fazer em seu próprio benefício que renderá para toda a vida?
.a. se não separa semente, não planta e, no ano que vem, fica sem comida
.b. cultivar a disciplina, que o tornará mais produtivo, mais capaz de alcançar melhores resultados com menores esforços
.c. por que insistir em educação? pois ela dá capacidade para definirmos nossos objetivos na vida e força para lutarmos por eles.
.6. Segundo conselho
:: como cultivar a disciplina, sem precisar de um sargentão gritando no teu ouvido 48 horas por dia?
.a. há três importantes instrumentos que também contribuem para combater as doenças do corpo e do espírito:
.b. esporte
.c. língua estrangeira
.d. instrumento musical
.e. contraexemplos: jogar pedra na água, língua do 'p' e bater palmas.
DdAB
A imagem veio daqui.
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