16 agosto, 2010

A Neutralidade de Fogaça

querido blog:
impossível falar em Fogaça, José, sem lembrar o "Vento Negro", o que me inspirou a buscar esta foto que, por problemas de nuvens escuras tangidas pelo vento, não sei o que são, mas estão aqui. ainda ontem li a frase de Chomski que falava em algo do tipo da "verde maçã sem cor", mas a sinestesia é mais visível na cor do vento...

só que Fogaça sabia do que estava falando, pois era -bem lembro- professor de português. além de professor de cursinho, foi compositor e jornalista na TV, do grupo de Zero Hora, ela, a Herra. não foram poucos os políticos lançados pelo combativo grupo jornalístico, destacando-se a Doutora Yeda, além de milhares de outros, já apitando na curva a Sra. Ana Amélia Lemos, que aparentemente será eleita senadora, voltando a morar em Brasília, onde fez a parte mais substantiva e longa da carreira. tá eleita ou não? claro que tá. e o Fogaça? acho que, no segundo turno, ganha a eleição.

penso que o gaúcho médio agirá como um bom número de prefeitos do PMDB: Dilma lá e Fogaça aqui. principalmente se não houver segundo turno presidencial. a Dilma virá para fazer campanha para o Tarso, claro, o Lula também, e tutti quanti, mas vejo a recusa ao projeto local do PT induzindo o voto no segundão, Fogaça himself.

pois bem, professor e jornalista? sim, não lembro como os programas na TV iniciavam, mas é certo que terminavam com "A gente se pecha", ele tinha peito, pois vivíamos tempos da ditadura e ele conseguiu dizer coisas interessantes, críticas, não-conformistas. mas há romantismo acompanhando a figura fogaciana, como testemunhei há milhares de anos. numa de suas candidaturas, creio que a primeira -se é que foram milhares- para o senado da república. li no Viaduto Duque-João Pessoa, centro, uma pixação: "Beto, vota no Fogaça. por mim." claro que não nasci em Niterói, não sou Beto e não lembro se votava no PT ou fazia "voto útil" no PMDB (ou ainda era MDB?). mas comovi-me. legal esta da guria (cujo nome foge-me, se é que o soube um dia, se é que a mensagem estava assinada) dizer para o cara fazer algo político em homenagem a ela.

pois melhor, professor, jornalista, político. se a marca registrada do PSDB era viver em cima do muro, indefinições de inúmeras naturezas, parece que o titular é Fogaça, tendo deslocado da posição o "Doutor Simon", campeão da categoria e até hoje muito influente no sentido de campear uma posição interessante: o cargo de presidente da república não é suficientemente importante para requerer uma posição. a neutralidade é uma postura inconcebível para um político. o partido deles, assim como todos os demais partidos cheiram (epa, as sinestesias), cheiram a sacos de gatos, ou seja, emitem sons harmônicos, no mau sentido: muitas vozes e timbres, mas sem harmonia polifônica...

Simon convenceu Fogaça, pelo que intuo de minha leiturinha diária de Zero Hora, a salvar o Rio Grande do Sul. Fogaça transitara do PMDB ao partido de Roberto Freire (esqueci o nome agora...) e, deste, de volta ao PMDB. no PMDB, Fogaça vacilou montes para aceitar concorrer ao cargo de prefeito e fez o mesmo para o de governador. agora, na campanha, vem-me com esta: acha que cada um deve votar em quem tá afim, algo assim. e que será que ele acha do consumo de drogas, do aborto, da Voz do Brasil, da miséria na África? do protecionismo chinês (câmbio maluco), dos paradoxos de escolha, da avó do badanha?

que posso dizer? perca uma hora inteirinha por dia fazendo ginástica. que mais? não vote mas, se tiver que votar, anule o voto! exija respeito, exija eleições decentes, já que não há país decente, nem trabalho decente, nem menino de rua decente...
DdAB

2 comentários:

maria da Paz Brasil disse...

É, Duilio. Estou quase concordando com você: votar está se tornando um exercício difícil neste país. Talvez seja mais fácil trabalhar 10, 12 horas por dia pra ganhar um salário que permita umas viagenzinhas interessantes...

Ainda acho que não votar é mandar o Brasil pras favas...
...talvez seja disso que ele está precisando.

By the way - adorei a postagem anterior seu - comentário vale por um post.
MdPB

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

oi, Da Paz!
este clima eleitoral brasileiro tem-me dado náuseas. parece programa de auditório, de gincana rua, festa de igreja (festas de largo, vocês diriam?). eu acho que uma solução é pedir ao gênio da lâmpada que os políticos sigam estritamente o orçamento (universal). se o gênio for subornado para manter o status quo, sugiro o procedimento que foi apontado por Márcio Moreira Alves e que resultou no fechamnto do Congresso Nacional durante a ditadura eletiva. ele recomendou que não conversássemos com militares, nem no elevador do edifício, que não deixássemos nossas filhas casassem com militares, e por aí foi. claro que tenho pensado nisto com relação aos políticos. todo político é ladrão, diz a premissa maior de meu silogismo preferido...
DdAB
p.s.: anotada a sugestão de entrevista ao menino de rua sobre seu futuro com um oboé e uma raquete de tênis.