20 novembro, 2008

Martha de Sant'Anna: mais pontal

Amado Blog:
Imagem de: http://www.skyscrapers.com/ de um projeto 'Debiagi'.
Meu tema de hoje é a imbecilidade humana e seus limítrofes. Vou usar dois exemplos de seres humanos vestidos de boas maneiras e com quocientes intelectuais que os distanciam dos portadores de severas limitações intelectuais. Seja como for, Martha é divertida e às vezes profunda. Martha faz suas frases, suas crônicas, algumas delas -ambas as três, Martha, crônicas e frases- realmente de muito, muito vigor. Paulo Sant'Ana vez que outra tem suas tiradas interessantes. Para um homem que se orgulha de trabalhar 14 horas por dia, não era isto?, ou pelo menos escrever diariamente em Zero Hora e participar diuturnamente de programas de rádio, tv etc., não podemos esperar genialidades sempre.
Hoje vemos-lhe em Sant'Ana algo muito interessante, desandando para algo ridículo. Mas faz-nos pensar, e isto é o que importa quando o bom-senso foi arquivado pelos políticos há anos. E gente como Sant'Ana e os economistas de diversos portes fracassam em interessá-los em livros, conhecimento, estudo, meditação. Eles a meditar? Não, não, isto nunca, dirão seus compatriotas, que não manifestam adequadamente seu apreço por idiotas. Como sê-lo-ia? Com abstinência eleitora. Ou com anulação do voto. Terei dito: Política no Brasil? Não vote. Ou, se tiver que votar, anule o voto.
Que disse Sant'Ana de bom na p.47 de ZH de hoje? Uma vez que toda a sociedade estava adormecida durante toda a tramitação do projeto que espera veto do prefeito da cidade (e que permanecerá adormecida, de qualquer jeito, suspeito), terá chegado a hora de reiniciar a discussão. Acho bom, acho que devemos mobilizar todos a qualquer custo, mas acho que todos é que não se querem deixar mobilizar, mesmo que a baixo custo. Precisaríamos baixar o custo da mobilização, a fim de alcançarmos maior participação. Ou seja, Sant'Ana diz o que cito: "[...] toda a política de urbanização da orla do Guaíba deverá então ser fartamente discutida por todos os setores da sociedade, inclusive os ambientais, sem o emocionalismo desgastante das apreciações de cada projeto por vez, além da falta de sintonia entre um e outro, com o que proporciona o distúrbio dos interesses a granel."
Não sou contra o veto do prefeito ao projeto de algum desafeto. Nem que a Câmara de Vereadores melhore seu nível intelectual (dela e dele, prefeito), estudando um pouco de filosofia política e teoria da escolha pública. Gostei da arquitetura que a foto que exibi há dias e a que acima reproduzo expõe. Gosto da arquitetura do Museu Iberê, gosto do desenho industrial, digamos, embarcado, nas naves do Iatch Club, gosto da arquitetura das palhoças (de palha?) de antigos pescadores que tiveram o rio desapropriado pela poluição. Ainda assim, apóio o novo projeto de "orla" com o aterramento dessas terras aquáticas, de sorte que a população (e eu, em particular) tenha possibilidade de mostrar virtudes atléticas, correndo do Pontal do Gasômetro até o Pontal do Sítio da Sra. Marlene Merkel (você sabe a quem me refiro, Marlene?) quase na Lagoa? E por que parar aí? Por que não criar uma avenida costeira que, como sutilmente sugeriria o nome, costeasse todas as águas do mundo, permitindo-nos um jogging internacional, sem fronteiras, sem governo dos homens, apenas com administradores de coisas.
Agora, cá entre nós, não durou excessivamente a clarividência e sabedoria de Sant'Ana. A mesma crônica (?) esculacha o poder constituído na república de Brasília por estar tentando desindexar a economia brasileira. Ou apenas estaria tentando acabar com a vida dos aposentados? Ou apenas tentando retirar "o estado da economia", como querem diversos rapazes desconhecedores dos rudimentos da filosofia política e da teoria da escolha pública. E, claro, de algumas outras coisas que vou postar daqui a uns dias, se é que não já postei há dias.
Quem usa o salário mínimo como indexador, como se usou no Brasil dá um tiro no pé do próprio salário mínimo. Por que diabo de sinuosa razão os aposentados (veja bem, aposentado não é trabalhador!) deveriam receber precisamente os mesmos ganhos que acompanham, numa economia competitiva, os ganhos de produtividade dos trabalhadores? Por que diabo de razão sinuosa, o salário mínimo deveria ser aumentado -vez que outra- precisamente com o valor do incremento da produtividade média da economia? Por que não um pouquinho mais, a fim de botar pressão nas firmas ineficientes, cobrando-lhes -sob pena de morte- mais produtividade?
Uma economia decente (digo isto no sentido de eficiente) não pode ser indexada deste jeito e de nenhum outro.
O que se pode criar é um novo tipo de abordagem para as políticas públicas que transcendem de muito a orla do Rio Guaíba e se espraiam por todo o planeta, numa brotherhood of men. Esta, por expandirem-se além do umbigo dos litorâneos ao rio, podem chegar a Brasília e requerer que os membros do parlamento comecem a usar o orçamento público. No orçamento público, como sabemos, deverá constar a rubrica de transferências da receita tributária (e outras) aos diferentes usos de agentes privados, entre eles, os abobados, os acamados, os admoestados (na cadeia), os aeons de anos de cadeia merecidos por políticos selecionados, os afanadores, os agentes propriamente ditos etc., até os aposentados, seguindo com os aquidauanenses infantis (ou seja, criança também precisa de seus estipêndios mensais, nem que seja para a Madre Superiora do asilo que as contenha).
Queremos discutir direcinamento dos recursos públicos? Martha poderia desconhecer filosofia política e teoria da escolha pública, mas um jornalista que volta-e-meia tangencia pontos sobejamente trabalhados pela filosofia política e pela teoria da escolha pública deveria informar-se. Deveria deixar de lado os temas cujo senso comum serve para levar-nos apenas à choça de instituições que hoje nos brindam com um país de enorme iniqüidade, baixíssimo crescimento da produtividade, leis e decreto inibindo o funcionamento das leis de mercado. O orçamento público é baixado por lei. Esta, como sabemos, não existe no Brasil. Houvesse orçamento universal (será que o Sant'Ana sabe o que é isto? será que os políticos sabem o que é isto?), teríamos provisão de receita para aposentados, para meninos de rua, para a velhice desamparada, tudo aquilo que estudamos no Catecismo.
Que queremos? Óbvio, orçamento universal (o maior antítido de que já ouvi falar para a indústria das emendas parlamentares, lobbies e tutti quanti). Além dele, o orçamento, devemos pensar que:
.a. a produção deve ser cultivada localmente (como teríamos produção nefelebata?)
.b. a distribuição deve ser feita golgalmente.
Ou seja, a fim de participar da distribuição do excedente social, o indivíduo deve apenas fazer parte da sociedade. Como está na moda falar-se em relançamento do estado como instrumento de superação das falhas de mercado, é hora de mudarmos o discurso e sugerirmos que o estado trate de promover a distribuição da justiça. Com esta, automaticamente, teremos o cumprimento desse programa de dois pontos.
Abaixo a ditadura!
DdAB

Nenhum comentário: