Querido Blog:
Capturei esta imagem de: http://1.bp.blogspot.com/, via Google/Images [quer conferir? o bp0 é bp-zero e não bp-letra-o]. Ela também foi usada por um post [também?] interessantíssimo num blog [também] interessantíssimo sobre egalitarian society. Não posso estender-me nas reflexões sobre a natureza humana nesta radiosa manhã porto-alegrense que, como sabemos, chez moi, é antecedida por flores na janela, como disse nossa leitora Berna, que também pode ser entendida como cidade suíça e prima dos Berni, o.s.l.t.). Ainda assim, como sabemos, a ilustração de hoje é o símbolo escolhido num concurso que acabo de promover sobre o símbolo da sociedade igualitária. Ele venceu, pois tá na cara que tá tudo mundo de mãos dadas neste projeto coletivo de cooperação e encaminhamento dos caroneiros para a Colônia Penal.
Cabelos e cabelereira: Karina, do Instituto Maneiro que responde pelo telefone 55 (+51) 3231.2063. Ao passar-me a máquina 3 sobre as alvas madeixas (se me deixas iludido), filosofamos sobre economia política, ela e eu. Eu voltei a referir o mendigo e seu cachorro que a sociedade porto-alegrense depositou na esquina da Rua Botafogo (de memorável motel) e Travessa La Salle (de cheiros nauseabundos, lixeiros constrangedores para narizes e corações). Espero, in due time, capturar-lhe -ao mendigo- uma imagem (pois a alma, aparentemente já foi capturada pelos rapazes que roubaram o dinheirinho da merenda escolar...) com meu telefone fotográfico, o que os rapazes que roubaram a qualidade da telefonia brasileira ainda me impede.
Disse eu a Karina que aquela cena é um atestado da ausência de um grau decente de igualitarismo da sociedade brasileira. Vivêsssemos num país igualitário, argumentava eu, aquele rapaz, ao invés de postar-se sobre peças do lixo urbano, estaria em Santa Catarina reflorestando as margens dos rios Itajaí-Açu e Tubarão, que volta-e-meia invadem todas as vias. A tragédia que o estado vizinho vive no momento é, claro, em boa medida, fruto da desigualdade. Ainda que o planeta seja inóspito, não vemos com freqüência os abalos naturais destruírem os habitats dos -por óbvio- habitantes dos países ricos.
Karina disse-me que o rapaz citado, chamemo-lo provisioriamente, de Fábio (em homenagem ao talento empresarial de Fábio Lula da Silva), não poderia fazer nada, além de meter suas biritas. Entendi seu ponto, o de Fábio-alias e o de Karina. E acho que, para confrontá-lo é que desenvolvi a mais atraente justificativa do igualitarismo que costumo usar: fossêmos uma sociedade igualitária, sem ironia, eu diria que aquele farrapo humano e seu coadjuvante farrapo canino, teria a função social de dar uma hora de emprego diário, digamos, para um veterinário, um dentista, uma cabelereira (apenas 25min foi o que durou meu corte capilar), um assistente social, um psicólogo, um psiquiatra, um personal trainer, um cozinheiro, um bibliotecário, e por aí vai.
Concordamos -ela, Karina, e eu, DdAB- que, exercendo sua função social por 20 anos, Fábio estaria qualificado a tornar-se, enfim, um guarda florestal. Ou treinador de cães, ou motorista de algum político que, assim, seria desviado da trajetória de crimes contra a humanidade, tornando-se decente. Prometo, para algum lugar do futuro, a foto de Fábio de Tal.
Abraços.
DdAB
2 comentários:
Querido Dudu, o mundo será igualitário só no dia em que o homem não mais existir. A humanidade vem aperfeiçoando os métodos de criar diferenças, e acho que vai continuar fazendo isso até o dia em que os custos proíbam os refinamentos da crueldade. Ai teremos o equilíbrio da suprema desigualdade. O homem só é "bom" nas raras vezes em que vê possibilidades de ter lucro com isso. O que dizer de uma espécie que, ao ver uma briga entre dois seus irmãos, em vez de apartá-la, tenta vender armas para eles? Um homem pode ser bom, a humanidade é sempre má. (Sílvio)
Querido Sílvio:
O número de páginas que eu precisaria para dar uma resposta convintente a teus questionamentos é maior que 2 x 10^64!, ou seja, um fatorial de um número por si só já escandalosamente grande. Esta própria frase já tomou enorme espaço. Quanto mais justifico a dificuldade em responder, pior vai ficando minha situação para responder em apenas 500 toques de máquina. Direi apenas:
.a. há razões para esperarmos que a cooperação surja mesmo entre egoístas
.b. há razões para esperarmos que cerca de 40% da população humana (até generalizaria para qualquer animal) aja altruicamente.
Em conversa de bar(ou de praça pública) prometo decliná-las.
DdAB
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