15 julho, 2014
Judiciário: salário alto cum eficiência baixa
Querido diário:
Todos sabemos que, depois do ocorrido, passou-se a entender aqueles "five dollars day" que Henry Ford criou nos anos 1910 (actually em 1914, segundo a Wikipedia) como um enorme incentivo aos ganhos de produtividade dos trabalhadores. Em compensação, no jornal Zero Hora de hoje temos pelo menos três estonteantes informações sobre o pagamento de altos "salários" (no caso, vencimentos e ordenados) e os limites da eficiência do sistema judiciário brasileiro.
PRIMEIRA
Nas páginas 12-13, mostra-se uma polêmica sobre levar-se um preso às barras do tribunal portando algemas. Diz-se que, por exemplo, em minhas palavras, se um indivíduo matou alguém criminosamente, mas se for julgado portando algemas, ele pode ser declarado como não tendo matado ninguém. Anula-se o passado, clama-se por um futuro melhor para o réu, o rei e os que roem (nossa paciência e dinheirinhos). Digo eu: temos que chamar urgente a empresa júnior de que falo para administrar o sistema judiciário brasileiro.
SEGUNDA
Na página 24 tem uma notícia informando que aquela camisa azul de taxista que há anos é envergada pelos motoristas profissionais da cidade era ilegal, ou melhor, o tribunal, no discernimento do desembargados Newton Luís Medeiros Fabrício, da primeira câmara cível do tribunal de justiça do rio grande do sul, deu uma liminar ao sindicado dos taxistas de porto alegre autorizando-os a usar camisa social de qualquer cor durante o trabalho. Cá entre nós, o juiz falar isto e não arquivar este processo. Quem o luminar pensa ser? O prefeito (o afamado Furtonati?)? O vice? O chefe do setor de fiscalização? Só trazendo a empresa júnior suíça, pois o discernimento jurídico nacional expressa a má formação cerebral e universitária da gente que por aqui viceja.
TERCEIRA
Em compensação, o sr. Marcelo Bertoluci, presidente da OAB/RS (ordem dos advogados, as far as I get) tem um artigo na página 21, respondendo pelo título "A SOBRECARGA QUE AFETA OS CIDADÃOS". Tá falando na justiça, claro. Refere-se a um "quadro caótico do sistema judicial. [...] Basta ir a qualquer fórum de alguma cidade gaúcha para perceber cartórios abarrotados de processos, na contramão de um número reduzido de servidores e juízes. Entretanto, não podemos confundir a morosidade processual com a atuação de advogados, magistrados, membros do Ministério Público e servidores." Ao ler isto, gelei: então no Rio Grande do Sul, o vilão vive dentro dos processos que recusam mover-se sozinhos. Segue o presidente argumentando que há uma contradição entre a falta de pessoal e o limite legal de 6% da receita líquida e que isto impede que sejam contratados 1,5 mil servidores para mover os diabos dos processos.
Para mim a conclusão é óbvia: essa macacada está ganhando demais, essas macacada que se apropriou de um nicho dos tributos nacionais ganha tanto que exauriu um limite de gastos imposto pela lei e não se conforma com isto: ai invés de ter seus salários milionários reduzidos, quer elevar aqueles 6%. Parece-me inconcebível que, na terra do salário mínimo de menos de R$ 1.000, um funcionário público (deputados, juízes, delegados, ledos gados, essa cambada) ganhe os R$ 20 mil, R$ 30 mil, R$ 50 mil e R$ 200 mil que são usuais. Só bebendo!
Quero dizer: salário eficiência na Ford Motors e salário ineficiência no sistema judiciário brasileiro!
DdAB
A imagem veio da Wikipedia aqui.
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2 comentários:
Duilio,
Captaste bem a essência do problema: salários milionários de um lado e ineficiência de outro, somada à mais completa desfaçatez, ou melhor, cretinice mesmo. E o que é pior, parece não ter fim, vide a posição da OAB.
No Judiciário brasileiro, o problema é sempre a falta de valorização salarial e o reduzido número e funcionários. Aliás, diversos magistrados afirmam isso, com a maior tranquilidade. O problema de forma alguma é interno. Se dependesse do Judiciário, teríamos um tribunal a cada esquina e, pasmem, a ineficiência continuaria exatamente a mesma.
No meu entender, o Judiciário reflete bem a realidade do país, inclusive suas relações de poder.
O Judiciário representa bem as diversas classes de pessoas que se locupletam do Estado e que nada devolvem em troca. Chega a embromar o estômago!
Faço minhas as tuas palavras: "Não há nada mais hediondo no Brasil que o Poder Judiciário!"
Abraço,
Teixeira.
Obrigado, Teixeira.
Também concordo com tuas considerações adicionais. E insisto no ponto: o maior vilão do crime é a impunidade.´
DdAB
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