No dia 18, fiz uma postagem evocando poemas de Carlos Drummond de Andrade elogiosos quanto à Copa do Mundo. E contrastei com algumas visões hoje correntes no Brasil que desejam evitar o uso político de uma vitória da seleção auri-verde. O futebol, como sabemos, não me atrai tanto quanto atraem-me, por exemplo, o pirão ou as meias de algodão. Mas certamente parece-me mais interessante espairecermos sob uma câmera focando os rapazes esperneando sobre o gramado do que vermos assaltos filmados por câmeras de segurança postadas país afora, país que jogou fora o conceito de sistema judiciário eficiente. Paga bem aos juízes e delegados e leva pouco!
Ok. Em compensação, Lelé Guerra, uma sorridente garota (que Zero Hora agora coloca a foto dos autores dos artigos assinados, escreveu "A Copa do Mundo é Nossa", publicado na p. 27 no dia 19 de maio que passou, ou seja, um diazinho depois de minha postagem e, juro, independente dela. Seu título, mais que nada, evocou-me a canção que se ouve do YouTube ao clicar ali em cima. É a taça do mundo, é a Copa Jules Rimet, que foi roubada. Não falei que o sistema judiciário é une vraie horreur?
Que diz Lelé Guerra? Que é a 20a. copa do mundo. E eu lembro que, li há pouco, o Brasil é o único país que participou de todas: todas, todinhas, as 20. Não é pouco para que possamos orgulhar-nos de ser o país do futebol. Mas não seria melhor sermos o país, digamos, da mandioca, da tecnologia desta maravilhosa cultura que alimenta gente, bicho e máquinas? Seria, claro, mas por que também não retermos o título de jogadores de bola? Apoio o aboio, ou melhor, apóio o coro dos entusiastas com a copa do mundo.
Indaga-nos retoricamente Lelé Guerra:
Será que realmente a Copa é culpada pela falta de investimento em hospitais e escolas? O dinheiro gasto poderia ser investido nesses setores. Poderia mesmo? Se a Copa fosse em qualquer outro país do mundo, as coisas seriam diferentes por aqui?
Esse mantra do uso alternativo dos recursos erguido em estandarte por uma turma de manifestantes é realmente idiota, pois o uso que foi dado a parte deles, é certo, foi o superfaturamento em obras. E, se não fosse a copa, o roubo seguiria, pois o problema é que não há justiça, não há lei, não há lei do orçamento.
Estou com Lelé: vamos dar um olé!
DdAB
P.S. Ontem, um visitante a minha casa (dono de automóvel) teve o carro roubado enquanto por aqui charlávamos. Tem justiça? Ele nem foi à polícia, dizendo que não desejava perder tempo, pois todos sabemos que o Menino Deus é um bairro dominado por assaltantes e outros tipos de políticos.
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