Querido diário:
Grande fotógrafo. Eu e o Picture Manager... Esta foto saquei-a há umas três horas, o que pode ser facilmente conferido se checarmos a passagem do navio que vemos, pequenino, à esquerda. É, de cá, Porto Alegre, o Parque Marinha do Brasil, visto da sacada de meu boudoir. É, de lá, a cidade progressista e solerte de Guaíba (deveríamos dizer Guahyba?). Vemos a afamada fábrica de celulose que, volta e meia, lança cheiros nauseabundos para o lado de cá do Rio Guahyba, acertando em cheio em meu, como referi, boudoir. Aquela nuvem de fumo, esfumaçada, sugere que os ventos estavam favoráveis.
E também é favorável ao meio-ambiente o prefeito de Porto Alegre, que tem na p.19 de Zero Hora um artigo assinado, como formador de opinião que é. Ele conclui seu arrazoado, louvando uma promoção de seu próprio governo:
Por tudo isso [esse "tudo isso" não tinha nada a ver com a ilustração que meti acima], olhamos para o futuro, conscientes de que daqui a quatro anos nossa Porto Alegre será um lugar ainda melhor para se viver.
Pensei: novamente as comparações interpessoais de utilidade. Aquela fumaça, aqueles odores periódicos (menos frequentes do que há 20 anos, é verdade), tudo será corrigido, perhaps. O que não casa, e resulta da falta absoluta de coordenação entre as diferentes instâncias do mesmíssimo governo do Brasil, é que estão anunciando com júbilo a criação de emprego e renda com a quadruplicação (ou era apenas triplicação) precisamente daquela fábrica. Teremos, em quatro anos, menos fumaça?
DdAB
P.S. Agora, na hora da publicação desta revolucionária postagem, há uma nuvem de fumaça permitindo-nos ver que aquele braço que saía da chaminé tornou-se esbranquiçado e vertical.
P.S.S. (adicionado às 18h01min de 14/jun/2013): hoje na coluna de Carolina Bahia, da p.15 de Zero Hora, diz-se:
Papel 1
O ministro Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário) foi convidado para o lançamento da pedra fundamental da expansão da Celulose Riograndense do Estado, em Guaíba. São R$ 5 bilhões em investimentos. Pepe elogiou os desdobramentos sociais do projeto, que atingiria serrarias, plantadores de acácias e apicultores de 70 municípios.
Papel 2
Um píer será construído no porto de Pelotas para atender à logística da Celulose Riograndense. Segundo o diretor-presidente, Walter Lidio, as barcaças que descem com carregamento de celulose até
Rio Grande subirão com madeira a partir do porto de Pelotas. São cerca de 40 mil hectares de eucaliptos plantados na região.
Precisa falar algo mais?
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