26 junho, 2011

Valor, preço, escassez e tempo

querido diário:
a palavra valor é equívoca. 3 é um valor, 2 é outro, e por aí vai. R4 32 é um valor e 32 horas de trabalho também é um valor. o preço de 32 horas de trabalho, ou seja, do valor 32 é, digamos R$ 3322, sei lá. como se pode vender mais valor, se os valores, no sentido de horas de trabalho não se vendem, ou ao contrário, os serviços do trabalho, quando incorpodados a matérias primas é que geram valor, se as "mercadorias" com eles produzidas forem vendidas. se não o forem, se não derem o que Marx chamou de "salto mortal", não viram mercadoria, logo não terão gerado valor.

claro que estes troços todos parecem requerer enormes exegeses, a fim de fazerem sentido. eu mesmo apenas fui dar-lhes algum sentido após anos penando com a matriz de insumo-produto e modelos similares. se é valor, tem tempo de trabalho envolvido. se não foi transformado em preço, na verdade, nem podemos falar em valor. e se foi transformado em preços, podemos equalizar tudo chamando o que Leontief falava em "quantidades monetárias": preço unitário e a quantidade é o resto da cifra. por exemplo, a quantidade monetária de R$ 3322 é: preço R$ 1/quantidades x 3322 quantidade monetárias.

e que aconteceria no capitalismo, se o preço não importasse? dá um hai-kai rimado:

seria
uma
baixaria.

o valor é o regulador das trocas na medida em que as sociedades estabeleceram sua contabilidasde de trocas em termos de valores. estes, por seu turno, se basearam no tempo gasto pelos indivíduos para produzirem mercadorias. no livro "Mesoeconomia; lições de contabilidade social", diz-se que os indivíduos integrantes das famílias proprietárias do fator trabalho selecionam entre seus pares os mais adequados para irem ao mercado e vender serviços desses fatores, por exemplo, trabáio ou terra.

o que o livro não diz é que, se o tempo não tivesse custo, por exemplo, se o homem fosse imortal, não haveria necessidade de cobrar pelas mercadorias. por outro lado, o conteúdo de trabalho integrando-se às mercadorias cai ao longo da história das economias monetárias. ele cai porque a produtividade do trabalho aumenta. ele cai porque o homem deseja transformar a maior quantidade possível de trabalho vivo em trabalho morto. ele quer jogar tênis e fazer esculturas em ferro ou madeira ou pedra. caindo o preço, eleva-se a abundância.

já disse Campos de Carvalho sobre os anos 50 ou 60, em Copacabana, que chegou o dia em que cada radinho de pilha já tinha seu mendigo. é como se a mercadoria tivesse a necessidade de ser carregada para cima e para baixo e contratasse mendigos para fazê-lo.

ou algo muito parecido.
DdAB
a imagem é propaganda na Submarino.

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