03 junho, 2011

Greves no Capitalismo Mundial Integrado

querido blog:
sem falar na denúncia de órgãos reacionários da imprensa brasileira e, claro, empresários não muito bem dotados de senso empresarial, de que há excesso de dias feriados no calendário dos negócios brasileiros. eles esquecem, andei pensando, que o Brasil tem um povo alegre e cordato, boa dose de paz social, se esquecermos o banditismo e a guerra civil, mas nada como greves selvagens, os que causam distúrbios não são "trabalhadores", mas "trabalhadores precários".

a questão é: quantos feriados pagam um dia de greve? e que é possível que a cervejinha e o xis-zinho é que fazem a festa. enquanto tiver batucada, cervejada e fritada, nada sai da estrada. o que de interessante existe para notar é que, no volume 2 do O Capital, de Mr.X, a luta de classes -cujo papel no volume 1 e seu "capítulo inédito" é proemimente- praticamente desapareceu. o mesmo ocorreu com o progresso tecnológico, ainda resquício dos tempos em que a inovação não era resposta a memorandos encomendando-a. o principal é que mesmo a compra e venda dos serviços do fator trabalho aparecem como troca entre iguais: a exploração se dá na produção e não na circulação. mas tudo mudou no capitalismo mundial integrado (Félix Guattari e seu livrinho da Editora Papyrus), onde talvez mais importante do que os processos produtivos o que mais interessa é a produção de signos e subjetividade. vendas, promoção de vendas, salto mortal da mercadoria, vida e morte do capital.

a saída conservadora é preservar minas, índios, florestas, etc.. e a saída reacionária é reservar tudo para a classe dominante de hoje e de amanhã? que digo sobre índios? digo sarcasmo. digo que os índios, declarados absolutamente irresponsáveis pela constituição da república, mereciam a oportunidade (contrafactualmente interessante) de poderem integrar-se à sociedade mercantil, aquela que reduz a morte por picada de cobra e por dente de onça, aquela que obtura dente cariado, que fluoeta dente prá não cariar, que retira apêndice inflamado, que etc., aquela que dá oportunidades educacionais, provê a infância e a velhice. considerar o índio como um adorno da natureza é mais selvagem do que falar em reciclá-los...

 de onde vêm as greves? o substantivo feminino "greve" foi incorporado à língua portuguesa em 1873, originando-se do francês, que vem do latim vulgar "grava", que quer dizer "praia de areia". no Rio Sena, à Paris, há uma Praça da Greve, local em que se reuniam os desempregados. pelo que leio, em 1881, incorpora-se ao português a palavra "grevista". e penso: se havia o signo, também deveria existir o significado. meu velho Webster, na p.1803, em sua quinta acepção e minhas palavras vernáculas, da strike como: uma recusa organizada por parte dos empregados em continuarem trabalhando, na tentaviva de forçar um empregador a conceder certs reivindicações, tais como maiores salários, melhores condições de trabalho, negociação coletiva, etc. de sua parte, a primeira acepção diz que é tocar (ou hit) com certa força, ou com a mão um instrumento. nesta linha, nossa conhecida fábula de aumentar o bolo antes de dividi-lo tem -talvez voz corrente, mas conheci por Marx criticando o Cidadão Weston- que manter o tamanho da tijela e regular o tamanho das colheres... por tudo isto, sou forçado a sugerir que a mais legítima reivindicação dos trabalhadores é por reduzir a jornada de trabalho e não por salários. claro que a escassez de trabalhadores levará ao aumento de salários, no doubt about it.
DdAB
p.s.: a edificante imagem de hoje veio daqui.

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