23 fevereiro, 2011

Pegadinha Econômica 623: finanças e conservadorismo

querido díário:
preciso agora conter-me e parar de chamar todas as postagens de "pegadinha". com ferquência, elas -as postagens- são pegadíssimas e até pegadonas. pelo tamanho, pela irreverência e -aspiro- pela profundidade. hoje quero denunciar o pensamento conservador de esquerda. a macacada que defende a intervenção do estado no domínio econômico para a produção de mercadorias que vão além dos bens públicos (que, by the way, não são mercadorias, ainda que sejam produzidos por meio de mercadorias) e dos bens de mérito. em outras palavras, a esquerda verdadeiramente revolucionária do século XXI diz que o estado não deve ser dono da Petrobrás, mas do sistema federal de ensino, não deve ser dono da Rede Ferroviária Federal, mas deve prover talões de transporte barato para usuários alternativos (tudo contra o automóvel e a motocicleta) e, especialmente, estudantes. não deve ser dono do poder judiciário (os juízes de R$ 30.000 que se apropriaram dele em benefício de suas dignas famílias) mas ceder justiça a custo zero a todos os segmentos da vida social, inclusive a proteção ao cachorro e ao menino de rua.

a educação no sistema federal de ensino deveria contemplar, pelas forças armadas (armadas com livros, CDs, raquetes de squash, essas coisas) revolucionárias de esquerda do século XXI, o filhinho do burguesinho e o filhinho do proletarinho, a filhinha do juiz de R$ 30.000 e a filhinha da empregada doméstica (R$ 550, mas emprego em extinção, pois desconheço empregada doméstica que não poderia acumular os estipêndios da renda básica universal com os da Brigada Ambiental Mundial, o que lhe pagaria R$ 1.000, para -por exemplo- fazer mapas astrais dos decretos legislativos, essas coisas).

as letras do tesouro nacional deveriam organizar-se de tal maneira que a propriedade destes ativos que hoje são propriedade da união, como a Petrobrás, a RFFSA, e tudo o mais, deveria ser convertido em ações preferenciais nominativas do fundo nacional de desenvolvimento. e deveriam ser intransferíveis durante o ciclo de vida de seu detentor. ao morrer, o indivíduo (mortal, como é o caso dos juízes e das empregadas domésticas), teria sua cota nesse fundo convertida em  seguro de emprego-desemprego para um indivíduo de igual teor (carne e osso). (ou até 0,8 indivíduos ou 1,2 indivíduos, dependendo da política demográfica).

e as finanças? as finanças, meu chapa, que dominam tudo, seriam reguladas para evitar a fraude (assim como as sentenças judiciárias, os picolés e até os serviços domésticos. todos estes casos teriam a presença de contraventores seria declarada indesejada). tem gente que lamenta, como se tivesse periddo o campeonato, que as fonanças estão dominando o mundo, que as finanças botaram o "capital produtivo" no bolso, o embolsaram, tornaram-no "trocados" na grande bola social de capital. tem gente que se incomoda que o Sol, volta e meia, nasce no ocidente e deita-se  no oriente (ou vice-versa, dependendo de onde se encontra o observador na hora arbitrária definida para o começo do dia). tem gente que queria que a indústria fosse declarada ilegal, pois o valor é gerado apenas na agricultura. e tem gente que odeia as sentenças que usam o verbo no presente, quando queriam dizer que o valor era gerado na agricultura, e depois passou a ser gerado na indústria e finalmente nos serviços. o fato é que o valor é gerado na função que já conhecemos (v = f(L), ou uma função que o dá como aplicação de "L", ou seja, do trabalho vivo mais trabalho morto).

tem gente que precisa desvencilhar-se de sua ideologia da esquerda do século XVIII ou XIX, sei lá. tem gente que precisa entender que a esquerda revolucionária está prevendo que a Brigada Ambiental Mundial estará plenamente instalada ainda antes do final do século XXI. ainda que, ao nascer, respingue sangue, suor e urros por sobre vítimas e algozes, por sobre gregos e troianos, por sobre inocentes e vilões. tem gente, tomara que siga tendo gente.
DdAB
http://www.tribunadosisal.com.br/v1/?p=1279

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