04 fevereiro, 2011

Capital do Egito

querido blog:
tenho razões ontológicas (ando lendo Rorty...) para crer que, aos olhos de um camelo, parecerei tão estranho quanto ele aos meus. e mais ainda parece-me que a História vai dando-nos lições que, para declararmo-las verdadeiramente aprendidas, são necessárias muitas décadas de vida. em minhas seis vírgula quase quatro, vi coisas de corar (ia dizer "os teus 80", na linha drummondiana) bochechas. parece-me que a/s primeira/s -já falei por aqui- foi a dupla Irã-NIcarágua, no final dos anos 1970s.  eu teria uns 30 e não lembro agora se houve outras convulsões severas de derrubada de ditaduras importantes e milenares. depois disto, talvez uma ou outra mais, destacando-se de modo estrondoso a Queda do Muro de Berlim. e nem parou por aí. e, antes disto, a derrota americana no Vietnã e a soviética no Afeganistão. e coisas menores, Stroessner e alguns outros esbirros da CIA (gostou?), fora a própria ditadura militar brasileira. consta que João Belchior de Marques Goulart teria preferido entregar a rapadura à milicada a ver-se envolvido em uma guerra civil. sua sabedoria fez-se vencedora em menos de 20 anos: 1984 ainda tinha algum dromedário do tipo Figueiredo ou Sarney (não me darei o trabalho de buscar, pois ambos são de última). mas estava na cara que o pior já passara, que a democracia estava para repintar. e -hoje a temos- ainda tá na cara que a agenda política está relegada ao caixa dois dos políticos.

agora, na capital do Egito e em outros locais menos vulneráveis, vê-se esta insurgência, que veio do oeste e talvez acabe por aí mesmo, e talvez não acabe e siga democratizando o mundo. nunca se sabe. um ditador que juro que ainda terei vida suficiente para testemunhar a desdita é o Coronel Chavez, de Bogotá. ditador? no Egito não há como fugir ao epíteto. na Venezuela, disse-me a Carta Capital (o problema é que ela é "carta", ou seja, o hobby midiático da família de Mino de Tal) que o problema com o Chavez é que lideranças como a dele impedem o surgimento de outras. e este tipo de ditadura -eles não estavam usando o termo grego- por isto mesmo acaba transformando-se cada vez em coisa pior.

em resumo: aparentemente a humanidade não porta uma função de preferências sociais precisamente modelada na minha. a dela (o resto, descontada minha humilde pessoa) favorece o clube da baixaria. eu prevejo o pior possível. prevejo um século XXI eivado de baixarias não apenas ambientais. prevejo o surgimento da renda básica universal parida a ferro e fogo. mas acho que não chegaramos a 2101 sem a mudança. banco central mundial, poder judiciário mundial, polícia mundial, emprego mundial, meio-ambiente mundial, naves espaciais mundiais!
DdAB

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