15 setembro, 2019

2017: o ano que terminou...




Fiz comentários inteligentíssimos sobre livros que li em 2017. Estava prestes a lançá-los ao olvido (na lata do lixo) e decidi transcrevê-los para cá, amado blog. Já fizera dois balanços aqui no blog sobre pilhas de leituras que realizava em duas oportunidades aqui e aqui. Agora é diferente: são leituras lidas. Foram 11 leituras que fiz. Média inferior a uma por mês... Mas seriam 12 se eu tivesse computado "O Analista de Bagé", que sempre estou lendo, nem precisa dizer, mal acaba uma reinicia outra. Daria a média de um por mês. Ponho-me, deste modo, em direto contraste com Geraldine Chaplin, de quem ouvi dizer que costumava ler dois livros por semana, 104 por ano, algo assim.

.1. A CONSCIÊNCIA DE ZENO de Italo Svevo
Demorei, na verdade, pois o li entre 8 de julho de 1987 (quando o ganhei de presente da amiga Moema Kray) e 16 de fevereiro de 2017 quando o concluí. 30 anos interessantes de minha vida, nem sempre ao sabor da charmosa leitura deste velhinho. Que vim a saber, foi professor de italiano de James Joyce e tem uma face (foto no livro) que me fez suspeitar que a aparência de Leopold Bloom lá do "Ulysses" foi baseada nela.

.2. DE FRENTE PARA O SOL de Irving Yalom
Esta foi a quarta ou quinta leitura deste livro. Yalom, alegadamente, era um psiquiatra especializado no tratamento d'"os que vão morrer", ou seja, doentes terminais. Depois de 2017 já devo tê-lo folheado novamente umas duas vezes. E por que o leio tanto? É que ele fala da angústia da morte, o peso da morte em nossas vidas que, mal resolvidas certas equações, nos impedem de viver plenamente, de usufruir plenamente a alegria de estarmos vivos.

.3. O CASAMENTO de Nelson Rodrigues
Li-o entre 30 de dezembro de 2016 e 2 de janeiro de 2017. Estávamos hospedados na casa de Analice Amazonas. Ao conversarmos olhando o oceano Atlântico na praia da Boa Viagem, surgiu a sugestão de leitura. E o fiz. No final, ganhamos outro livro, a biografia de Nelson Rodrigues que não entra nas estatísticas de 2017, pois li 35% a mais que a leitura de contato, apenas.

.4. MENTES PERIGOSAS: o psicopata mora ao lado de Ana Beatriz Barbosa Silva
Li-o entre 4 e 12 de janeiro de 2017. Psicopatia. Comprado em Recife, sugerido por nossa hospedeira. Se bem sei a tabuada e sequelas, este termo clínico é um sinônimo de neoliberalismo.

.5. POR QUE AS NAÇÕES FRACASSAM de Daron Acemoglu e James Robinson
Lido entre 4 de dezembro de 2016 e 14 de janeiro de 2017. Livro maravilhoso: certamente a melhor leitura de 2017 e talvez de toda a década. Por que fracassam? Por causa da má qualidade das instituições que elas criaram e não reformaram. Então as instituições políticas podem ser inclusivas ou extrativistas. Além de boas instituições o fracasso associa-se à irrelevância, na vida econômica, da destruição criativa e, além delas, da existência de um estado não-centralizado.

.6. MACHADO de Silviano Santiago
Li entre 14 de fevereiro e 6 de março de 2017. Uma biografia romanceada de Machado de Assis. Eu já conhecia este Silviano dos tempos de leitura dos jornais cariocas (isto é, o final dos anos 1960 e início dos anos 1970). Parecia-me ser um crítico de teatro. Mas ele é mais que isso. Ele é um gênio. E tem o livro assemelhado sobre a vida de Graciliano Ramos, também genial. (Ver no que segue).

.7. A TOLICE DA INTELIGÊNCIA BRASILEIRA de Jessé Souza
Lido entre 31 de janeiro de 2017 e 16 de março de 2017. Sugiro mudar o título para "A Cegueira da Intelectualidade do Brasil". Também achei um livro genial, especialmente porque dá razão a minhas intuições e leituras: é tolo não entender que o verdadeiro problema do Brasil é a desigualdade. Ele aponta, se bem lembro, o mito do brasileiro cordial, a divisão entre casa grande e senzala e aquela viagem da casa e da rua como ilusões nas tentativas de explicação sobre tanta ziquizira. Se bem lembro, relembro... Encaixo nessa parada a turma que acha que produzir aviões com a tecnologia 4.0 é mais importante que produzir esgotos... 

.8. O VELHO GRAÇA de Dênis de Moraes
Li-o entre 6 e 16 de abril de 2017. E gostei, aprendi algumas coisas interessantes sobre o genial alagoano, de Palmeira dos Índios. E que fez João Valério dar um beijo na boca da sra. Luíza e dela tirar sangue, um caeté, se não estou metendo um spoiler.

.9. EM LIBERDADE de Silviano Santiago
Li entre 1o. e 23 de abril de 2017. O Silviano é campeão. Mas talvez eu não aguente um terceiro, como me ocorreu com Eça de Queiróz: reli recentemente do original dos tempos pré-universitários "A Cidade e as Serras", depois "A Correspondência de Fradique Mendes", mais alguma coisa, se o fiz, O Mandarim, sei lá, e nem cheguei nas grandes obras, já estando cansado, larguei-o de mão. Um dia, por descuido ou poesia, posso voltar e ler o resto. E parece que andei farejando "A Tragédia da Rua das Flores", mas também larguei. O Eça é um gênio e este leitor é que é burraldo.

10. O ARQUIPÉLAGO de Érico Veríssimo, volume 2
Já estou eu a 54seg das 12h09min de 19 de maio de 2019. Lá pela página 160. Enigmático.

11. O ENIGMA DE ESPINOSA de Irvin D. Yalom
Li entre 23 de março e 12 de maio de 2017. Li-o, tá lido. Lembro de pouco. Mas lembro agora que, muito mais interessante sobre Espinosa, temos aquele "Hereges" de Leonardo Padura que vim a ler em 2018.

Observação: talvez eu tenha jogado mesmo no lixo o restante desta lista. Por que digo isto? Pois acho difícil que viesse a acabar as leituras desse ano em 12 de maio, véspera da libertação dos escravos. Ou eu é que fui escravizado por forças desconhecidas que me retiveram aquele analfabetismo que eu encerrara, digamos, em 1954.

Finis Africae.

DdAB

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