Alberi Petersen
13 de setembro às 22:36 ·
“Armínio Fraga era o Presidente do BC quando lá ingressei, em 2000. Em 2001 fui trabalhar em Brasília, no investimento das reservas internacionais, e ele descia de seu gabinete para atuar pessoalmente nas intervenções no mercado de câmbio durante a crise do 11/setembro, crise argentina, perspectiva de eleição do Lula... Ele não é de esquerda; é apenas um cara muito inteligente, competente, experiente em mercado financeiro e sim, humilde para estar sempre aprendendo e revendo seus conceitos.
“A surpresa da noite foi ele a dizer que diminuir a desigualdade deveria ser a prioridade número um e que “a desigualdade impede o crescimento”. Parecia Lula falando. A surpresa foi tal que Miriam Leitão disparou: “O senhor é de esquerda”?
Ele admitiu ter adotado a tese depois de ler relatórios recentes com números do Brasil comparados aos de outros países e constatar que o nosso país é campeão na modalidade:
“Sem diminuir a desigualdade não há como crescer. E a desigualdade sequer está na pauta do governo”.”
Da colega de Rafael Bianchini de Abreu, Daniele Barcos, ambos do BC!
Segui o link do Blog da Cidadania (aqui). E encontrei:
Armínio dá a mão à palmatória: Lula tinha razão13 de setembro de 2019
Leia o texto de Alex Solnik, jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor, Careta, Interview e Manchete
***
Poucas vezes eu vi um entrevistado tão para baixo como Armínio Fraga ontem à noite. Seu desalento era tão palpável que contaminava o time de entrevistadores do programa Central Globo News e certamente os telespectadores. Embora se rotulasse como otimista.
Poucas vezes eu vi um entrevistado falar muito menos que seus entrevistadores. Eles – Merval Pereira, Valdo Cruz, Miriam Leitão, João Borges, Natuza Nery e Heraldo Pereira – faziam longas e implacáveis exposições acerca da situação política e econômica e ele apenas confirmava.
“Está pior do que antes”?
“Está”.
“Está vendo melhora no horizonte”?
“Não”.
Estava ali um ex-presidente do Banco Central e atual gestor de fundos milionários, de dentro e de fora do país. Um homem do mercado. Alguém que conhece os dois lados do balcão.
Seu quadro depressivo deve ter a ver com as cobranças dos clientes. Ele apostou em Bolsonaro; apostou as fortunas de seus clientes; e agora está vendo a fria em que meteu seus clientes e ajudou a meter o país. Me lembrou aquele quadro de Munck, O Grito. Desesperado. Mas seu desespero era um grito murcho, lacônico.
Ninguém perguntou em quem Armínio votou em 2018, mas não deve ter sido em Fernando Haddad, a julgar por suas opiniões pretéritas acerca do PT.
Se os entrevistadores não tivessem uma pergunta engatilhada atrás da outra o silêncio tomaria conta: para cada pergunta de dois minutos ele respondia em dez segundos.
"As declarações do presidente e de seus filhos prejudicam o ambiente de negócios”?
“Prejudicam”.
“Quais? Sobre a Amazônia? Sobre a mulher dom Macron?
“Todas… aquela do dia sim, dia não…”
Citou preocupação no exterior com a Amazônia, com a incapacidade de o país crescer e com a “qualidade da democracia” brasileira, que também o preocupa. “Não há que vá ter um golpe” arriscou.
A surpresa da noite foi ele dizer que diminuir a desigualdade deveria ser a prioridade número um e que “a desigualdade impede o crescimento”. Parecia Lula falando. A surpresa foi tal que Miriam Leitão disparou: “O senhor é de esquerda”?
Ele admitiu ter adotado a tese depois de ler relatórios recentes com números do Brasil comparados aos de outros países e constatar que o nosso país é campeão na modalidade:
“Sem diminuir a desigualdade não há como crescer. E a desigualdade sequer está na pauta do governo”.
Depois de duas horas de clima de velório o apresentador Heraldo Pereira encerrou com uma brincadeira para desanuviar o ambiente:
“E o senhor disse no começo que era um otimista”…
“Imagina se eu não fosse” respondeu Armínio.
Aí eu fui lá no mural do Alberi e comentei:
Hora de lembrar Jessé Souza, que diz precisamente isto: a tolice da inteligência brasileira é acreditar que o problema central do país é a casa grande x senzala, ou o mito da cordialidade, ou ainda a casa x a rua, negando-se a ver que o verdadeiro óbice para qualquer ação perene no campo sócio-econômico é a desigualdade.
Mas o Alberi estava inspirado, ou melhor, ele tem um nível de inspiração que torna obrigatório acompanhá-lo com proximidade:
Alberi Petersen
13 de setembro às 21:42 ·
Época
Me prestei e li toda reportagem!
Como ficar inteligente e culto
“Querido diário, até a sessão da semana que vem preciso registrar em você alguma coisa pela qual eu tenha sido grato — à chuva pela manhã, a uma conversa com minha família, a um dia produtivo.” Foi um pedido da Heloísa. Acompanhar menos notícias tristes também fazia parte das metas (além de ler, cozinhar e ir à academia). Pedi a ajuda da coach nessa, pois quero continuar antenado. Como apoio, recebi um e-mail com sugestões de oito canais de direita que eu poderia acompanhar. Terça Livre, Senso Incomum, Renova Mídia, Allan Santos, Filipe G. Martins, Tradutores de Direita, Ideias do Caio Copolla e Brasil Paralelo. O último é utilizado por Eduardo para estudar história nos preparativos para a sabatina do Senado: “Depois de assistir, a pessoa se torna muito mais inteligente e culta, eu amo!”, recomendou Heloísa. O canal, porém, já foi contestado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por divulgar fake news
Eu comecei no link que acessamos ao clicar aqui. Li alguma coisinha, prometi a mim mesmo voltar e examinar com mais exação. Mas criei a promessa atenuante de fazer nada mais que uma leitura diagonal. Seja como for, fiquei com a dica de um fragmento da turma chapa-branca:
Terça Livre,
Senso Incomum,
Renova Mídia,
Allan Santos,
Filipe G. Martins,
Tradutores de Direita,
Ideias do Caio Copolla e
Brasil Paralelo.
Se ainda me lembrar como é que se faz um "favorito" no Chromium (um dos navegadores do Ubuntu, meu... favorito), vou dar destaque a essa aba, pois tenho o maior interesse no material etnográfico a recolher nas reflexões dessa rapaziada. Juro que vou começar com os "Tradutores de Direita". Será que, no devido caso, traduzem "new left" como "a velha sinistra"?
Talvez, ao invés de voltar ao site da sra. Heloísa Wolf Bolsonaro, psicóloga e coach, essa nova profissão tão baseada em opinião, com eco, equinho e ecão, eu fizesse melhor abrindo imediatamente uma nova cachaça que ganhei num torneio de bocha. A verità é que eu mesmo já andei pensando em tornar-me coach. E gostaria de poder exercer meu -assim que se diz?- "coachment" com os jogadores de futebol nas Arábias. Não ler mais foi uma decisão felizmente volátil, pois voltei e já achei uma pérola:
Helô (o apelido pegou rápido) perguntou as razões que me levaram a procurá-la. 'Quero saber por que tu está interessado nesse processo. Como é que tu está atualmente? Por que tu achas que é importante passar por um autoconhecimento?', questionou, com verbos conjugados na segunda pessoa do singular, conforme o figurino gramatical dos gaúchos.
Super bacana, inclusive temos certo orgulho em falar n'"os caco de dois tijolo pra te ajudar a lavar os teus pé e as tuas mão". Sabemos que o gaúcho que quer falar nos dois pés (de um bípede) precisa colocar aqueles pronomes "teus" no plural, pois "os teu pé" soa como falta de educação. Nosso único arcaísmo é ainda falarmos o "tu", que -segundo gramáticos de respeito- está condenado ao olvido no português brasileiro, tendo sido substituído pelo "você". Lembro de Monteiro Lobato falando pela voz da srta. Emília, que ficou feliz ao livrar-se daquele "tu-tu-turu-tutu", ou algo assim. By the way, as novas gerações de gaúchinhos e gauchinhas, especialmente xs interioranxs, trocaram o "tu" pelo "você".
O "tu" permanece por mais algum tempo no carioquês de gente da boa, que fala: "este bagulho [de fumar] foi feito especialmente pra tu". Ainda pego o presidente da república falando ou fumando nessa cota cultural.
Sigo no baile (como se diz por aqui, "eu sou um cuera que gosto de rebuliço, já me meti em muito enguiço só pra ver no que ia dar"... Fui procurar, como sempre faço, uma ilustração para minha postagem, buscando "parada de muitos anões e alguns gigantes", tendo como retorno a imagem de meu próprio livro sobre contabilidade social. Como pudemos ver, coloquei-a lá nas parte de riba. E, procurando dentro do link, achei a passagem que agora registro. Os amarelinhos glosam os termos da busca localizados na área.
Sigo no baile (como se diz por aqui, "eu sou um cuera que gosto de rebuliço, já me meti em muito enguiço só pra ver no que ia dar"... Fui procurar, como sempre faço, uma ilustração para minha postagem, buscando "parada de muitos anões e alguns gigantes", tendo como retorno a imagem de meu próprio livro sobre contabilidade social. Como pudemos ver, coloquei-a lá nas parte de riba. E, procurando dentro do link, achei a passagem que agora registro. Os amarelinhos glosam os termos da busca localizados na área.
Ok, ok, aquele "ótimo de Pareto" desgarrado ali em cima num capítulo sobre mensuração da desigualdade só pode querer indicar que:
a) sou leitor (na verdade fã cinematográfico) de meu -deste modo- idolatrado Samuel Bowles e seu livro de microeconomia. Li o bagulho em inglês, mas tenho cópias em PDF das versões italiana (universidade de Siena, aqui) e em espanhol (neste caso, não consegui dar melhores dicas que a busca no google de "sam bowles microeconomia los andes").
b) sou neo-clássico de esquerda, com dizem amigos diletos (não todos...).
São três distribuições, a terceira mostrando mais claramente uma sociedade desigual com os tais montes de anões e meia dúzia de gigantes.
Moral da história: aparentemente, sou mais próximo (anão, claro) do Armínio Fraga (gigante) que, por exemplo, de Luiz Carlos Bresser Pereira (gigante), quem diria?
DdAB
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