16 dezembro, 2014

Hierarquia Remuneratória Brasileira 2014-2015


Querido diário:

Em verdadeiro êxtase com minha nacionalidade, vi hoje no jornal que os deputados estaduais (não esquecer que favoreço a extinção dos estados e, com eles, os deputados estaduais e o senado) estão na reta finalíssima para aprovar um aumento de seus "salários" (como diz o jornal lá na página 8) para a próxima legislatura, isto é, 2015-2018. O único aspecto positivo é que, em 2018, haverá outra copa do mundo...

Em cifras, quanto vão ganhar? Os estaduais, R$ 26,9 mil. E os federais? R$ 35,9 mil. E o salário mínimo nacional? Tá na página 24 do carimbadíssimo jornal: R$ 724 (será que não estou errado?). Em compensação, veja-se o que segue:

Com o valor do bolsa família as famílias conseguem comprar material escolar, comida e até mesmo outras coisas para seus filhos, e esse beneficio visa não deixar as famílias passarem necessidades. O valor do beneficio do Bolsa Família varia entre R$32 podendo chegar a R$306 e somente os responsáveis pelo programa que calculam qual será o valor do seu beneficio, por isso não podemos te passar um valor único.
(fonte: aqui)

É nada mais nada menos que um escárnio. O que me deixa contristado (e eu já ia dizendo 'constipado', com o nariz fechado, a recusar-se a cheirar esta distorção) é perceber que ainda há gente que precisa ser "convencida" de que a bolsa família é um gasto que leva muita gente a evadir-se de trabalhar. Penso nas condições de uma senhora ganhando R$ 32 e vivendo a la macana. E mesmo os R$ 306. O rompimento com a hipocrisia de quem pensa haver empregos dignos para todos é fazer valer a lei da renda básica. E fixar seus estipêndios em, no mínimo, aquele mínimo de R$ 724.

O tema é velho: vários estamentos governamentais apropriam-se da renda nacional em escala absolutamente incompatível com a renda per capita do país e do próprio salário mínimo. O salário mínimo é uma vergonha. E tem razão quem clama contra a bolsa família em valor ridículo. Devemos acabar com ela, mas criar a renda básica da cidadania para todos!

DdAB
Imagem daqui. Pedi "a la macana" e veio o que vemos lá no topo.
P.S. Olha este cálculo: 724 x 12 x 90.000.000 / 4.840.000.000.000 = 16%. Quer dizer: se cada um dos 90 milhões de brasileiros em idade ativa ganha R$ 724 mensais no ano (salário mínimo de 2014) em que o PIB foi de R$ 4,8 trilhões (como foi em 2013), então gastam-se apenas 16,2% da renda nacional. E a implantação preferencial da renda básica pode começar com grotões interioranos, com rendimentos do trabalho, com doentes, etc. Ou seja, nem se precisa gastar estes 16,2% instantaneamente. Só não se faz porque não se quer. "Se"? Políticos, claro.

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