04 dezembro, 2014

A Rádio Pampa, Myself e o Governo


Querido diário:

Sabe meu acompanhante neste blog que boa parte dos comentários que por aqui registro inspiram-se nas notícias que leio no jornal Zero Hora, na Carta Capital e, apenas secundariamente, em outras fontes. Às vezes, há notícias -raramente- que ouço no rádio, em geral, quando estou dirigindo pela cidade. Por falar em cidade, dei-me conta de que quase nunca falo naquele tipo de notícia que não chama a atenção ("cachorro morde homem"). Pois bem, hoje parece que tudo andava normalmente pela cidade: ruas com um número razoável de buracos, lixo em quantidade moderada, mendigos, pedintes, um sol quentinho, algumas nuvens, essas coisas bucólicas do quotidiano diferente da turma da Síria.

Voltando ao tema das outras fontes, novamente ouvia a Rádio Pampa (agora em FM, 96,7). Havia um entrevistado, aparentemente um cientista, um engenheiro, muito bem falante. A certa altura, criticava a incúria e assimetria governamental que dá multas discricionárias. Deu como exemplo o fato de que sua família depositara um saco de lixo esperando a coleta, tal não foi feito, o saco foi despedaçado (cães vadios? intelectuais vadios? prefeito vadio?), a prefeitura não veio do mesmo jeito. Aí pensei: precisávamos ter um mecanismo que permitisse que também nós tivéssemos direito de multar a prefeitura. Mal pensei isto, um locutor coadjuvante do programa de Beatriz Fagundes disse precisamente a mesma coisa.

E mais do que em meus próprios pensamentos originais, mergulhei no que poderiam ser os pensamentos do rapaz. E pensei que o problema que este tipo de solução para os problemas da sociedade esbarra no verdadeiro problema brasileiro: a incúria do sistema judiciário nacional. Pudera, ganhando R$ 4 mil de auxílio moradia, os juízes devem passar todo o tempo cuidando da casa.

E como resolver o problema central da vida comunitária brasileira contemporânea. De que adiantaria processarmos a prefeitura por incúria naquela questão do saco de lixo não recolhido até furar e no lixo deixado ficar? Tínhamos que dispor de um sistema judiciário mais célere, de modo que pudéssemos agir contra a incompetência do governo, inclusive juízes, promotores, delegados e exatores. Incompetência governamental? E que dizer da secretaria da receita federal (também salários do clube dos bem-aquinhoados) que nada descobriu sobre enriquecimento ilícito daquela turma da Petrobrás, das empreiteiras, dos tesoureiros dos partidos políticos? Dizer: pau, pau e pau!

DdAB
Imagem daqui.
P.S. Fonte do "pau, pau e pau!" aqui.

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