Querido diário:
Anteontem postei coisas sobre a indústria brasileira, reproduzi um artigo de Luis Gonzaga Belluzzo e prometi voltar ao tema. Faço-o hoje, mesmo que ainda precise fazer outra postagem com "ainda mais argumentos" e mesmo com "e ainda mais argumentos II", etc.
Cito, para começar, uma frase que está longe de servir como evidência de alguma superioridade da indústria brasileira sobre o que quer que seja:
Além de sua permanente autodiferenciação, o sistema industrial deflagra efeitos transformadores na agricultura e nos serviços.
Ou seja, autodiferenciação é diferenciar-se de si mesmo: nada do que foi será, como nos disse, além de milhares de outros, Lulu Santos. Está bem: haverá autodiferenciação permanente, mas isto não necessariamente requer que esta indústria esteja localizada no território pátrio. Parece óbvio que a agricultura e os serviços valem-se de insumos (intermediários ou bens de capital) originários da indústria, mas insisto no ponto: não precisam ser produzidos no país.
O problema, não me canso de anunciar, não reside na importância do setor industrial em si, mas da ênfase que nele dão os formuladores das políticas públicas. O que eu digo é que mais vale um país formar cidadãos do que formar tratores. Belluzzo e seu coautor dizem algo que deixa bem claro seu ponto e, como tal, minha discordância, minha inconformidade: "[...] a escolha das cadeias [produtivas] prioritárias é de suma importância." Claro que estamos agora falando de uma escolha que não necessitaria ser exercitada, pelo menos não desta forma.
Nunca esquecendo: meu ponto não é associado àqueles brasileiros do segundo quartel do século XX que pregavam contra a indústria nacional e tão criticado por Monteiro Lobato (entre estes, os "caxambueiros", contrários à escavação de petróleo). Deixo claro que meu ponto é centrar a política de governo no sistema educacional, fazendo-o de centro de irradiação de estímulos à produção de insumos educacionais (sapatos, sanduíches, piscinas e livros). E acho que paro por aqui.
DdAB
Imagem: daqui.
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