21 julho, 2020

Distribuição da renda: não é apenas o Covid-19 que baixa o astral

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Lidando com o conceito de tempo quântico, um bit daqui, outro bit dali, concluí a leitura de

SOUZA, Pedro H. G. Ferreira de (2018) Uma história de desigualdade; a concentração de renda entre os ricos no Brasil - 1926-2013. São Paulo: Hucitec.

que fiz entre 27 de agosto de 2019 a hoje, 21 de julho de 2020. Não fosse o Covid-19, talvez eu não tivesse devotado tantos bits à leitura e, neste caso, estaria impossibilitado de dar o suco da história. Não necessito mais de duas citações para colocar-nos em desespero:

Páginas 379-380
Só um louco acharia que é possível alcançar a prosperidade em um estalar de dedos ou com base em 'vontade política'.

Claro que o autor está falando primariamente na distribuição da renda. De minha parte, aceitei renovar a lição de que minhas preferências pessoais não devem comprometer minhas previsões sobre os destinos da desigualdade no Brasil. E talvez até no mundo. Nos tempos de Covid-19 e esboroamento da social-democracia planetária, também duvido um pouco que seu retorno se dará pacificamente. Mas não quero falar em revolução. Falo, e lá vai pau no PT, na ação da sociedade civil, associações de trabalhadores e moradores, isto é, a inserção profissional das pessoas e sua inserção comunitária.

Página 382: a última frase do livro
Não há motivos para sermos otimistas nem alternativas mais fáceis. Esperar que o crescimento puro e simples resolva nossa questão distributiva não funcionou no passado e dificilmente funcionará no futuro.

Por que acabei de falar em pau, pau e mais pau no PT? Parece óbvio: os demais partidos não mereciam nem merecem a menor credibilidade como possíveis condutores da social-democracia brasileira. O PT me decepcionou ex post, quero dizer, apenas muito tempo depois de 8 de janeiro de 2004, ou seja, o início do segundo ano do mandato do metalúrgico:

Art. 1º É instituída, a partir de 2005, a renda básica de cidadania, que se constituirá no direito de todos os brasileiros residentes no País e estrangeiros residentes há pelo menos 5 (cinco) anos no Brasil, não importando sua condição socioeconômica, receberem, anualmente, um benefício monetário.
Brasília, 8 de janeiro de 2004; 183º da Independência e 116º da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Antonio Palocci Filho
Nelson Machado
Ciro Ferreira Gome
s

Também parece óbvio que, com tais signatários auxiliares, a encrenca não poderia ter dado certo.

DdAB
P.S. Para mostrar meu otimismo, falo no blog em "povos astronautas" e, só apenas podemos pensar em realmente sermos um deles, se cultivarmos a consigna de liberdade, igualdade e fraternidade. E ilustro esta postagem com uma nave maneira, investida de tecnologias que ainda nem se pensa em poder criar.
P.S.S. E apenas agora, ao digitar o título do livro que acabei de ler é que me dei conta: o Brasil tem uma história que se confunde com a desigualdade, o Brasil tem uma história que se nutre e sustenta a desigualdade. E tenho colegas economistas que sonham que a solução deste problema (que, diz Jessé Souza, sua negação é prova da tolice da inteligentzia brasileira) é mais industrialização e não mais provisão pública de bens públicos (saneamento, segurança) e bens meritórios (educação, saúde).
P.S.S.S. Aquela encrenca de "pau, pau e mais pau" tem uma explicação aqui: (https://19duilio47.blogspot.com/2016/01/pau-pau-e-mais-pau-casos-da-abl-e-da.html).

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