03 outubro, 2013

Curioso Dialoga c/Profissional

Querido diário:
Dias atrás, fui atraído pela nova postagem do blog Ci vedo dove sono (aqui), uma interessante introdução ao estudo do que ele chama de método interpretativo e que também entendo como o método hermenêutico, do qual, naturalmente, nada mais sei do que as primeiras letras. E, neste ambiente, não posso deixar de falar no método conjetural, ou mais de acordo com o 'autor', o modelo conjetural (o estonteantemente maravilhoso texto de Carlo Ginzburg está aqui).

Seguiu-se logicamente que enviei ao prof. Conrado a seguinte -e ambígua- mensagem:

Ok, ok, a pergunta, se é que tens tempos para nossas 'Conradianas':
.a. nasceu antes de nos mudarmos
.b. nasceu antes de nos mudar
Parece que não era bem isto o que eu queria...
Disse nosso querido professor:

Vejamos agora tuas frases:
a. antes de nos mudarmos
b. antes de nos mudar
Qual delas, é isso?
Depende, irmão! E depende de quem ou que coisa é ou será o sujeito da subordinada, certo? Quem ou o que é que vai mudar a gente (nós)? O objeto, este já sabemos que é "nós", cuja forma acusativa é "nos" (sem acento).
Temos então dois scenarios:
a. antes de ele nos mudar (ele = o destino, o fado, etc.)
b. antes de nós nos mudarmos (de casa, de cidade, etc.)
Diligente como é -ou talvez apenas superestimando-me- ele percebeu que faltava algo de realmente estonteante em minha indagação presente. Voltei à carga, ainda insatisfeito por não ter mais achado a sentença que realmente deixou-me ainda mais estonteante sobre o quê no outro dia eu passara:

Acho que tenho uma questão mais relevante e não lembro de criar um exemplo. Nem li nada que me inspirasse a dar o exemplo verdadeiro. Mas quase:
"Como podem seres efêmeros captarem o que é duradouro?"
Esta frase encontra-se (não anotei a página) no livro "1491. Novas revelações da América antes de Colombo". O tradutor, posso assegurar, é bom. Tem um que outro probleminha que eu mesmo capturei, mas -em geral- podemos dizer que ele sabe português. Eu, claro, acho que este exemplo está errado! E não sei explicar: teria que ter um 'captar' infinitivo pessoal ou impessoal, aquelas coisas...

Benevolamente, desta feita nosso diligente professor disse:

Tua intuição de leitor proficiente e culto, como é o caso de todos os leitores do Planeta 23, está certíssima. Para confirmá-la, é só pôr os elementos na ordem direta; assim:
...seres efêmeros podem captar o que é duradouro...

O plural já está marcado no modal "poder", e não há, portanto, por que marcá-lo novamente no verbo seguinte.
Farejaste uma questão espinhosa da língua portuguesa, que é o infinitivo pessoal ou flexionado, mas aqui não se trata disso; trata-se tão somente de um erro de atenção do revisor, que se deveu, imagino, a estarem os termos da oração fora da ordem direta.


Agradeci a nosso grande mestre e fiquei guardando-me para nova investida, desesperada busca de diálogo com o profissional!
DdAB
Imagem: aqui.

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