03 agosto, 2013

Necessita-se de Manifestações

Querido diário:
Não manjo tanto de português, como o faz nosso Ci vedo dove sono (aqui), ainda que bem saiba que "vendem-se flores" é uma coisa e "precisa-se de escravos" é outra. Pois bem. Há dois arranjos escabelados que li hoje.

O primeiro é a iniciativa do senador Paulo Paim (de quem não duvido mais nada) querendo tornar a pesquisa histórica monopólio de pessoas que façam um curso de graduação numa universidade aprovada pelo governo. Diz o jornal. Eu não acreditei, especialmente depois que houve aquela decisão do supremo tribunal (juízes a modestos R$ 30 mil?) sobre os jornalistas: qualquer pessoa que queira "mexer" com notícias deve ser considerada jornalista. Eu, por exemplo. Por que diabos de razão dever-me-ia ser negado o direito, por exemplo, de possuir uma TV? Só o poder econômico.

O segundo, vi-o ao examinar a revista do Conselho Regional de Odontologia do Rio Grande do Sul. Identificam a revista os seguintes dados: Ano 44, n. 3/2013, julho 2013, p.26-7. Então o CD (cirurgião dentista) Bernardo Fróes Godolphim, credenciado como Presidente da Comissão de Convênios e Credenciamentos do CRO/RS, tem um artigo cujo título é "Operar Cartão de Desconto é crime; eles representam risco assistencial grave.". Claro que a primeira coisa que me passou à cabeça foi a iniciativa igualmente heroica do senador Paim. Pensei: que crime haveria em eu dispor de um cartão que me garanta descontos? Achei que o primeiro parágrafo serve para deixar o tema completamente estropiado, pois até hoje sigo apenas pensando que gosto de descontos e que me desgostam fraudes de vendedores de cartões fraudulentos:

Os cartões de descontos são meros intermediários dos serviços a serem prestados. Eles atuam sem qualquer compromisso solidário de qualidade ou responsabilidade civil, e são uma afronta [às] normas dispostas no Código de Defesa do Consumidor, uma vez que não oferecem garantia à população que contrata os serviços disponibilizados.

Em outras palavras, li o restante do artigo e não consegui atinar em que é mesmo o diabo do cartão de desconto. E concluo olimpicamente que precisamos de novas manifestações, a fim de acabar com este corporativismo que grassa hoje no Brasil. Se alguma proteção uma sociedade deve dar a seus integrantes certamente é a atenção aos desvalidos. E isto se faz com três medidas:
A. lado da despesa pública
.a. gasto público universal
.b. renda básica universal.
B. lado da receita pública: imposto de renda progressivo.

E por que não temos isto no Brasil contemporâneo? Eu diria que, basicamente, é porque a população escolhe políticos do tipo "lemmons". E o faz porque os lemmons são sabidos e nada fazem sobre este ABC da sociedade igualitária.
DdAB
P.S. a imagem é daqui. E deixa-nos pensando quem foi o criminoso que sacou a foto, se é que não era formado em história. E se o dentista não se estaria apenas vingando do indigitado paciente, que não teria usado o cartão de desconto aprovado pelo conselho dos odontologistas do rio grande do sul.

2 comentários:

Cláudia disse...

De qualquer modo, prezado Duílio, o Bernardo é um ótimo ortodontista. Abraço.

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

Oi, Cláudia:
Então tá feita a propaganda do lado alegre da condição humana lá dele. E agradeço a visita.
DdAB