Tem gente que odeia a teoria da escolha racional, tanto quanto, hehehe, a burguesia odeia o proletariado. Nem falo, creio, da relevância do conceito de equilíbrio ou do modelo de formação do preço da empresa em concorrência perfeita (no caso, sabemos que a empresa colará seu preço no custo médio, ou -que seja- no custo marginal). Mas não deixa de ser a mesma coisa que quero falar agora, pois estes dois termos -concorrência e equilíbrio- fazem parte intrínseca do pensamento econômico de Marx e Engels, para tristeza de muitos autores auto-intitulados heterodoxos (e por isto é que me intitulo neo-heterodoxo).
Quero ligar a teoria da escolha racional com os supostos de maximização, especialmente, a maximização do lucro monetário por parte dos produtores de mercadorias. Por aqui, registro que há uma discussão menos relevante no presente contexto, mas importantíssima em outros. O tema foi clareado -para mim- pelo prof. João Rogério Sanson. Trata-se agora da maximização do lucro médio total (o que equivale maximizar o lucro médio) ou da taxa de lucro. É o diferencial da taxa de lucro entre um setor e outro que faz os capitais se moverem, mas vejamos o caso da massa de lucros:
The will of the capitalis is certainly to take as much as possible.
Quem falou isto? Foi Karl Heinrich Marx na p. 2 de meu exemplar de "Wages, prices and profits." Vou dar uma campeadinha para ver a cita em português. Aqui está o livreto a que acabo de me referir em português. Não achei esta frase, mas ele fala em "máximo" milhares de vezes.
DdAB
Imagem daqui.
3 comentários:
prezado e querido professor, em menos de trinta minutos, decorridos pois do ponto de partida, o fim da leitura, sempre agradável, lembrei, do verbo saber que vivi, dos tempos todos, mestrado em poa e prof. Sanson, graduação em beagá e o livro amarelo lido e relido, quis o acaso, que no mesmo tempo decorrido, encontrei-o na pilha de livros lidos e revisados, a qual passo a citar: É indubitável que a vontade do capitalista consiste em aumentar o mais possível seus lucros." (Karl Marx, segunda edição, Global editora, p. 13, inicio do último parágrafo do tópico I, 1981). Um abraço do s.
Obrigado, Anaximandros. Ainda bem que não me considero neo-marxista, mas neo-heterodoxo... Dei uma olhada no texto que citei nesta postagem e que baixei da internet. Como sempre confundo com o "Trabalho Assalariado e Capital", nunca lembro onde anda o Cidadão Weston e agora vi. Famoso, para mim, por inspirar a blague de Marx, que diz que o tamanho da sopa não aumentará em resposta a mudança nos tamanhos das colheres (mas acho que a sensação de saciedade ocorre mais rápida com colheres menores...). E cita um cidadão Menênio Agripa, que fala algo não muito idêntico ao que falei no dia 27 de maio. O pai dos Agripinos diz que "a pança patrícia é que alimenta os membros dos plebeus", o que não o colocava a favor da burguesia, pois esta não existia.
DdAB
Mais comentário:
.a. percebi que faltou uma consideração no comentário de Anaximandros. O texto que baixei da internet, agora olhei com mais vagar, ainda que não o tenha lido de cabo a rabo, é velho (tem um êle por ele...) e não dá tanto romantismo à tradução inglesa:
"Sem sombra de dúvida, a vontade do capitalista consiste em encher os bolsos o mais que possa. E o que temos a fazer não é divagar acerca da sua vontade, mas investigar o seu poder, os limites desse poder e o caráter desses limites."
Ou seja, meteu a mão comigo, pois eu acho que a vontade, a motivação pode gerar aquela maquineta de fazer ciência popperiana. Por exemplo, se quer mesmo maximizar lucros, observaremos capitais mudando de produtos (eu não disse 'setores') menos lucrativos para os que mais enchem os bolsos daquela turma.
DdAB
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