04 agosto, 2013

Consumidores e Sequestrados

Querido diário:
Há pouco menos de 30 anos, quando ainda se escrevia "seqüestrados" (não mais, felizmente, pelos militares), a Editora Abril lançou a coleção "Os Economistas", com obras clássicas das maiores legendas do panteão econômico. Assim que vi a propaganda do primeiro número (se a memória não falha, era o "Princípios de Economia", de Alfred Marshall, na velha tradução de Rômulo de Almeida), pensei: qual é a fração de meu orçamento que esta editora vai apropriar-se de agora em diante por quatro anos? Era pouco, claro, mas não era nula. E talvez eu tenha cumprido 100% essa meta, ou seja, adquirido todas as 50 obras (e, se não falha a memória, há alguns que até hoje não li...).

Em outras palavras, houve uma fração de minha renda que foi "sequestrada" pela Editora Abril. Hoje, ao usar meu quase indefectível protetor solar Sundown ("abaixo o sol", na tradução da turma excessivamente branquela), também pensei: A Johnson & Johnson também sequestrou uns R$ 60 por bimestre ou trimestre de minha renda, pois não abro mão dele. Prefiro-o a qualquer dos concorrentes.

Claro que "sequestro" de meu rico dinheirinho nem se compara com o verdadeiro sequestro que me impinge o governo ao cobrar impostos indiretos líquidos de subsídios sobre livros, remédios, alimentos, e tantas outras mercadorias que deveriam ter alíquota zero. Como sou favorável a alíquotas positivas apenas para bens de demérito, como o automóvel, o cigarro e a cachaça, só posso concluir num tom dominical: só bebendo!

DdAB
Achei que esta imagem daqui associa adequadamente os dois itens essenciais da postagem de hoje: Alfred Marshall e bloqueador Sundown, com certo exagero...

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