Querido diário:
Nestes tempos de visita de mais um papa ao Brasil, a origem italiana lembra-me molho de tomate. Como, naqueles dias da crise do molho, eu andava preocupado com outros ingredientes, fui deixando minhas reflexões filosóficas sobre o tema. A primeira está no título: o mundo dos tomates se divide em:
.a. mundo livre
.b. mundo enlatado.
No mundo livre, a transformação de trabalho vivo em trabalho morto é menos intensa do que no mundo em que o produto do trabalho humano (e máquinas, etc.) é cristalizado na forma de tecnologias, rotinas e receitas que permitem armazenar o tomate por longos períodos.
No Brasil contemporâneo, o agronegócio é que tem feito a festa, bem modesta, por sinal, pois a indústria não tem enfrentado bons momentos e a incúria governamental impede que se leve a sério o crescimento baseado no setor serviços (escolas, hospitais, prisões, estradas, túneis, centros comunitários, tudo parece construção civil, mas acaba mesmo é prestando serviços).
Os chamados horti-fruti são menos mecanizáveis do que os hard crops, como a soja, o arroz e mesmo algumas outras lavouras.
Se houvesse rotinas, o trabalho seria enlatado, o tomate com ele, podendo ser conservado e transitar de uma safra a outra, com estoques de latas, ao invés de estoques in natura. Se a produtividade fosse alta, o preço do tomate enlatado botaria o do tomate livre prá baixo.
DdAB
Imagem daqui.
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