Querido diário:
Todos sabemos que Marx tem o trechinho do prefácio à "Crítica à Economia Política" saudado como uma apresentação breve de seu método. E todos sabemos, outro texto famoso, que "A Ideologia Alemã" tem simetria entre "o mais bisonho dos arquitetos" e a abelha. O primeiro traça o plano de sua obra, idealmente, antes de vê-la realizada. A operariazinha não o faz, pois produz suas impecáveis residências reagindo a instinto e nada mais (pelo menos assim pensamos ainda no início do século XXI).
Também sabemos que por um ou outro daqueles textos, Marx fala que logicamente a produção segue-se à distribuição. No modelo do fluxo circular da renda completo, quem circula é o valor adicionado, caracterizando suas três óticas de cálculo. Trata-se do produto, da renda e da despesa, cada um deles associado a três funções basilares do sistema econômico: a geração do VA, sua apropriação e sua absorção. Torna-se claro que, se a encrenca circula mesmo, não há começo, nem na geração, nem na apropriação, nem na absorção do valor adicionado. Logo podemos concluir que Marx estava exagerando? Estava produzindo uma metáfora? Estava seguindo o senso comum dos economistas clássicos?
O que eu quero dizer é que, na linha do arquiteto, a produção que vai se materializar lá adiante, iniciou na cabeça do capitalista (or whatever). Depois dos planos é que ele contratou os fatores de produção e apenas aí é que deu-se a geração, a apropriação e a absorção do valor adicionado. Em outras palavras, o início é a alocação dos fatores de produção. E apenas depois é que vem a produção!
DdAB
A imagem está publicada na p.47 do livro Mesoeconomia, e já falei bastante sobre ele. Destaco, para os presentes propósitos, a postagem localizada ao clicarmos aqui.
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