Querido diário:
No outro dia, envolvi-me em um desses seminários de bar em que se discutia se trabalhar enobrece o homem. E se devemos cultivar o trabalho da mesma forma que devemos, digamos, promover a cultura física (que também faz suar e dá stress). Um dos participantes do seminário avisou: "Tenho um primo que procura o Trabalho e já anunciou que, se o encontrar, tentará matá-lo." Outro argumentou que, se trabalho fosse bom, a escravatura (que se mantém nas fazendas dos políticos) nunca teria surgido. Eu, baseado nos aprendizados como aluno de microeconomia, dezenas de livros e váriosanos como professor, apenas indaguei: "Tu gosta mais de trabaiá mais na segunda-feira ou na sexta-feira?" Uma guria anunciou gostar mais de trabalhar na sexta-feira por ser -argumentou- louca. Um bêbado da mesa ao lado anunciou que nem segunda-feira nem sexta-feira. O garçom, trazendo as fritas, disse que sexta, sábado e domingo é a mesma coisas, pois estuda economia de empresas durante a semana, mas lamenta que o movimento nos domingos é menor. Ele ainda aduziu que acha o conceito de custo marginal genial, exemplificando com a forma com que o bar poderia fechar, tarde da noite, sem a saideira.
Joan Robinson (era ela?) teria dito: "é melhor ser explorado do que não ser explorado". Claro que ela falava de uma sociedade capitalista em que parte substantiva da distribuição do valor adicionado se dá por meio do mercado de trabalho. (Hoje sabemos que as transferências, em alguns países, já estão chegando à magnitude do valor adicionado e eu sei que elas vão passá-lo, in due time). E o general Osório não disse: "é fácil comandar homens livres: basta apontar-lhes o caminho do desemprego".
Claro que, na sociedade que vai emergir das manifestações de 2013, teremos a renda básica universal. Começaremos com R$ 500 por pessoa em idade economicamente ativa. Isto representará menos de 20% do PIB.
DdAB
A imagem é daqui e leva-nos a indagar: quanto computador ocioso, quanto prédio ocioso. E preciso dar-lhe mais vagar ao olhar, pois tem uma rádio que parece espetacular sobre a música popular brasileira.
2 comentários:
Engraçado, hoje ouvi o colega defendendo que ninguém gosta de trabalhar, ninguém gosta mas precisa.
Eu só sei dizer que meu sonho é trabalhar em algo que não seja trabalhoso, se é que me entende. (risos).
Abs
É, Daniel: eu também. Mas acho que isto é o que chamaríamos de lazer. E, na contrafacção, tem gente que diz que o verdadeiro lazer é aquele que poderia gerar-te tanto dinheiro que poderias abandonar o "verdadeiro trabalho".
Abçs
DdAB
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