Querido diário:
Ontem, em pleno uso da retórica que me foi dada por anos de leitura de ficção e correlatos, fiz a seguinte frase:
Como bem conhecem os selenitas, a impunidade é que é a maior arma do crime.
Pois não é que, em continuação, lemos no Informe Especial (p.3) de Zero Hora de Tulio Milman, o seguinte drops:
Teses
Mesmo com pleno emprego, os índices de violência continuam assustando os porto-alegrenses. E agora?
Tentando analisar o texto dele, já que -autocitações- no outro dia interpretei o que Sérgio Cabral quis dizer com aquela do cantor que canta, pensei que ele está se referindo à tese que parece óbvia de que muita pobreza gera violência. Para mim, a maior causa do crime não é a desigualdade, mas a impunidade. Mas estas duas variáveis estão associadas: num país desigual, os juízes ganham R$ 30mil por mês (e já vão pedir mais aumento em breve), faltam juízes, faltam policiais (que ganham remunerações nada compatíveis com uma carreira atrativa), faltam assistentes sociais, psicólogos, essa turma toda de atividades voltadas à educação e à saúde pública/s. Em resumo, a desigualdade gera a impunidade!
Como é que se pode negar que o desemprego gera a violência urbana no planeta inteiro? Claro que há uma componente retórica valendo mais do que qualquer argumentação analítica: a mente desocupada é a oficina do diabo.
DdAB
Imagem: aqui.
P.S. E analiticamente temos algo mais ou menos assim:
Vi = f(Dp, Ds, Im)
onde Vi é a violência, Dp é o desemprego, Ds é a desigualdade e Im é a impunidade. As três variáveis explicativas agem em relação direta sobre Vi. E aí pode partir-se para a estimação de partâmetros de funções lineares gerais (ou o que os valha) e veremos se as variações de Vi respondem com o mesmo vigor a variações nas três.
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