Querido diário:
O filme argentino "O Segredo de seus Olhos", além de ganhar o Oscar de melhor filme estrangeiro, tem a presença do mais requisitado ator, Ricardo Darín e a diáfana presença de Soledad Villamil. E tem um segredo bárbaro, desvendado exemplarmente pelo espectador atento.
Sem nenhuma contradição com o que quer que seja, temos um parágrafo na primeira página do Segundo Caderno do matutino Zero Hora:
A Riviera não é aqui atingiu em cheio o imaginário dos franceses por tratar de forma escrachada a rivalidade entre habitantes do norte e do sul do país. Mas, aos olhos estrangeiros, grande parte de suas piadas passavam batidas.
Fiquei pensando em português, argentinos e, agora, franceses. Os do norte e os do sul. E, claro, em Marcelo Perrone, autor da reportagem de capa do SC/ZH. Gostei do "país" em minúsculas, o que teria de fazer-se acompanhar de "estado da Bahia" (ou Baía, né?), "rua Visconde de Sabugosa", "quarto do casal', e por aí vai. Este negócio de escrever "município" com o M maiúsculo em sinal de respeito às fontes arrecadadoras e pagadoras da aldeia é casca grossa que mereceria uma passeata em protesto contra o prefeito e os linguístas da academia Brasileira de letras. É?
E aí tem aquela concordância "grande parte das piadas passavem". Tinha aquilo de "concordar com o mais próximo". E eu tenho divergências homéricas, virgílicas, galináceas, com essa turma, ainda que me declare bastante despreparado para garantir que seja o que for o seja.
Ainda assim, fiquei pensando na imagem distraída ou brincalhona de Perrone: piadas passam batidas aos olhos. Eu diria que se trata da audição de piadas em um filme. Talvez desenhos pudessem perceber-se pela visão. Mas piada oral não é vista. Morcego, por exemplo, só ri de piada oral, pois nunca leu "Mad" e outras loucuragens.
DdAB
31 agosto, 2012
30 agosto, 2012
Ioannes Paulus: papa x pizza
Querido diário:
A notícia de hoje do julgamento do mensalão é que o ministro que vai se aposentar em breve já andou votando, de despedida. E condenou uma turma à cadeia. Em particular, o papa João Paulo I, que foi o primeiro papa a adotar dois nomes, em homenagem a dois outros papas, durou -no cargo- apenas um mês e meio, se tanto. Lembro bem. Preparava-me, em Reading (pron. 'réding'), para seguir a Brighton a fazer o mestrado na Sussex University), durante sua ascenção e morte.
Pois bem, João Paulo Cunha, ex-candidato a presidente da república e tudo o mais e agora candidato a prefeito de Osasco, sei lá, foi condenado pela maioria do judiciário. Dado o caráter de programa de auditório que estes julgamentos estão apresentando e as vitórias por escores apertados à la CBF, nunca se sabe. Digamos que, sim, tenha havido crime. Então a punição é o maior aliado da honestidade, num jogo dinâmico. Condena hoje, reduz o crime amanhã, é batata.
DdAB
Imagem: não deu pizza, serão papas a la juancajina oslt? Vieram daqui.
A notícia de hoje do julgamento do mensalão é que o ministro que vai se aposentar em breve já andou votando, de despedida. E condenou uma turma à cadeia. Em particular, o papa João Paulo I, que foi o primeiro papa a adotar dois nomes, em homenagem a dois outros papas, durou -no cargo- apenas um mês e meio, se tanto. Lembro bem. Preparava-me, em Reading (pron. 'réding'), para seguir a Brighton a fazer o mestrado na Sussex University), durante sua ascenção e morte.
Pois bem, João Paulo Cunha, ex-candidato a presidente da república e tudo o mais e agora candidato a prefeito de Osasco, sei lá, foi condenado pela maioria do judiciário. Dado o caráter de programa de auditório que estes julgamentos estão apresentando e as vitórias por escores apertados à la CBF, nunca se sabe. Digamos que, sim, tenha havido crime. Então a punição é o maior aliado da honestidade, num jogo dinâmico. Condena hoje, reduz o crime amanhã, é batata.
DdAB
Imagem: não deu pizza, serão papas a la juancajina oslt? Vieram daqui.
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29 agosto, 2012
A Sociedade Igualitária e seus Inimigos
Querido diário:
Quem lê um jornal pauta uma série de preocupações de sua vida por meio do que ele apresenta como sua agenda. Ele, jornal, por seu turno, seleciona do mundo uma reduzidíssima fração para divulgar. Sempre que acho que algum comentário merece um "e daí?", lembro do título da peça "Morre um gato na China". E daí, sô, morrendo tanta gente, inclusive uns 8 mil convidados a retirar-se pelo governo? Segue-se logicamente que leio uma fração do universo selecionada arbitrariamente pelo jornal. E ainda assim, não a leio toda, leio uma fração do que o jornal publica.
No jornal de hoje, tem duas matérias interessantes falando na assimetria entre o Brasil ser declarado -baseado no tamanho do PIB- a sexta economia do mundo. Na primeira, é o cronista Iotti, que compara este sexto lugar com o 88o. na educação. É a p.19. Na 18, tem o consultor associado do Instituto de Estudos Empresariais, senhor Fábio Ostermann, deixando claro que esta sexta economia é apenas a 75a. em matéria de PIB per capita. Bom ponto. Se levarmos isto em conta, até que nem estamos tão mal em matéria de educação, ligeiramente abaixo do que o preditor renda per capita levaria a crermos.
Dito isto, aí começam minhas discordâncias com este último. Fábio Ostermann é um inimigo da sociedade igualitária, usando argumentos que vou comentar em seguida. Por que é inimigo? Porque escreve:
Impera [no Brasil] uma espécie de fetiche quanto a uma utopia de 'igualdade social' que só poderia ser alcançada por meio de políticas de 'redistribuição de renda' que, como o próprio nome diz, serviriam para corrigir uma distribuição ocorrida previamente - no caso, aquela resultante das trocas voluntárias no mercado.
Nem precisaria dizer que ele chega no parágrafo final do artigo de, no máximo 2400 caracteres com a seguinte afirmação:
O essencial, portanto, é que haja um ambiente de liberdade para investir, empreender e comerciar para que mais e mais riquezas sejam geradas e distribuídas no mercado conforme a preferência dos consumidores.
Deste 'portanto' lá dele, marca-me o ouvido o fetiche que ele guarda pelo "mercado". Desconhece por não ter-se tornado leitor do livro Mesoeconomia! Lá o aluno aprende que a vida societária expressa-se por meio de três instâncias: comunidade, estado e mercado. Cada um tem suas virtudes e suas falhas. Olha só, o estado tem a falha que lá às tantas ele aponta: o rent-seeking. E a comunidade? Tem lá seus lichamentos, desagradáveis quando pegam a gente... E o mercado, é ele infalível? Antes de se falar em falhas de estado e de comunidade, explodiu a constatação da existência de falhas de mercado. Mas o tropeço no economês não reside apenas na conclusão.
Lá naquela cita que fiz acima (os '...' estão lá no papel do jornal), tem cada uma. Aquele negócio de que "redistribuições de renda" só ocorrem onde houve "distribuições" é fantasmagórico. Claro que esta sentença, em português e lógica, é sensata. Mas pouco ou nada tem a ver com a questão central:
.a. dos méritos ou deméritos da sociedade igualitária
.b. a completa ignorância da existência e importância das transferências interinstitucionais na formação da receita (disse eu: "receita", receita, meu!) das famílias. No caso, incluo, por exemplo, as pensões que o INSS paga aos demenciados, às vítimas de acidentes do trabalho, aos desempregados, aos aposentados. Isto é pouco? É montes! E está crescendo.
E também tem nestas transferências interinstitucionais o pagamento do imposto de renda que, obviamente, não incide sobre a renda, mas sobre a receita, pois -tremo em dizê-lo- aposentado também paga importo de renda!
Dois pontos mais:
.a. aquele negócio de "trocas voluntárias do mercado" evoca, obviamente as trocas involuntárias do mercado, como as que têm lugar no mercado de escravos.
.b. há evidência apontando para a correlação estreita entre desigualdades no consumo per capita e instabilidade social.
Então, que fica da moral da história do artigo de Fábio Ostermann? Acho que fica que ele precisa estudar mais ainda. Por exemplo, falta-lhe dominar mais estes conceitos de mercado, estado e comunidade. E, no caso do rent-seeking, ter bem presente que o empreendedorismo pode ser produtivo, redistributivo (da receita e não apenas da renda) e destrutivo. E "produtivo" não é adstrito à turbulenta esfera do mercado: há inovações institucionais ocorridas no governo (estado) e na comunidade que pouco ou nada têm de originárias no mercado e que muito podem fazer para tornar esta instituição ainda mais eficiente na alocação dos recursos e reduzir-lhe as porosidades.
Conclusão: precisamos falar sobre Fábio. E sobre as porosidades do mercado!
DdAB
Tu sabe o que é wagamama? Restaurante japonês que conheci em Londres (onde às vezes gasto minha receita, já que aposentado não ganha renda). E como é que um prato de comida pode obnubilar a face do falante? Talvez o menino do desenho não estivesse falando. Boas maneiras, não falar enquanto mastiga, é algo cuja provisão não se origina no mercado. E, como sabemos, nem sempre o mercado as valoriza. Provo-o: é falta de educação roubar as merendas dos escolares.
Quem lê um jornal pauta uma série de preocupações de sua vida por meio do que ele apresenta como sua agenda. Ele, jornal, por seu turno, seleciona do mundo uma reduzidíssima fração para divulgar. Sempre que acho que algum comentário merece um "e daí?", lembro do título da peça "Morre um gato na China". E daí, sô, morrendo tanta gente, inclusive uns 8 mil convidados a retirar-se pelo governo? Segue-se logicamente que leio uma fração do universo selecionada arbitrariamente pelo jornal. E ainda assim, não a leio toda, leio uma fração do que o jornal publica.
No jornal de hoje, tem duas matérias interessantes falando na assimetria entre o Brasil ser declarado -baseado no tamanho do PIB- a sexta economia do mundo. Na primeira, é o cronista Iotti, que compara este sexto lugar com o 88o. na educação. É a p.19. Na 18, tem o consultor associado do Instituto de Estudos Empresariais, senhor Fábio Ostermann, deixando claro que esta sexta economia é apenas a 75a. em matéria de PIB per capita. Bom ponto. Se levarmos isto em conta, até que nem estamos tão mal em matéria de educação, ligeiramente abaixo do que o preditor renda per capita levaria a crermos.
Dito isto, aí começam minhas discordâncias com este último. Fábio Ostermann é um inimigo da sociedade igualitária, usando argumentos que vou comentar em seguida. Por que é inimigo? Porque escreve:
Impera [no Brasil] uma espécie de fetiche quanto a uma utopia de 'igualdade social' que só poderia ser alcançada por meio de políticas de 'redistribuição de renda' que, como o próprio nome diz, serviriam para corrigir uma distribuição ocorrida previamente - no caso, aquela resultante das trocas voluntárias no mercado.
Nem precisaria dizer que ele chega no parágrafo final do artigo de, no máximo 2400 caracteres com a seguinte afirmação:
O essencial, portanto, é que haja um ambiente de liberdade para investir, empreender e comerciar para que mais e mais riquezas sejam geradas e distribuídas no mercado conforme a preferência dos consumidores.
Deste 'portanto' lá dele, marca-me o ouvido o fetiche que ele guarda pelo "mercado". Desconhece por não ter-se tornado leitor do livro Mesoeconomia! Lá o aluno aprende que a vida societária expressa-se por meio de três instâncias: comunidade, estado e mercado. Cada um tem suas virtudes e suas falhas. Olha só, o estado tem a falha que lá às tantas ele aponta: o rent-seeking. E a comunidade? Tem lá seus lichamentos, desagradáveis quando pegam a gente... E o mercado, é ele infalível? Antes de se falar em falhas de estado e de comunidade, explodiu a constatação da existência de falhas de mercado. Mas o tropeço no economês não reside apenas na conclusão.
Lá naquela cita que fiz acima (os '...' estão lá no papel do jornal), tem cada uma. Aquele negócio de que "redistribuições de renda" só ocorrem onde houve "distribuições" é fantasmagórico. Claro que esta sentença, em português e lógica, é sensata. Mas pouco ou nada tem a ver com a questão central:
.a. dos méritos ou deméritos da sociedade igualitária
.b. a completa ignorância da existência e importância das transferências interinstitucionais na formação da receita (disse eu: "receita", receita, meu!) das famílias. No caso, incluo, por exemplo, as pensões que o INSS paga aos demenciados, às vítimas de acidentes do trabalho, aos desempregados, aos aposentados. Isto é pouco? É montes! E está crescendo.
E também tem nestas transferências interinstitucionais o pagamento do imposto de renda que, obviamente, não incide sobre a renda, mas sobre a receita, pois -tremo em dizê-lo- aposentado também paga importo de renda!
Dois pontos mais:
.a. aquele negócio de "trocas voluntárias do mercado" evoca, obviamente as trocas involuntárias do mercado, como as que têm lugar no mercado de escravos.
.b. há evidência apontando para a correlação estreita entre desigualdades no consumo per capita e instabilidade social.
Então, que fica da moral da história do artigo de Fábio Ostermann? Acho que fica que ele precisa estudar mais ainda. Por exemplo, falta-lhe dominar mais estes conceitos de mercado, estado e comunidade. E, no caso do rent-seeking, ter bem presente que o empreendedorismo pode ser produtivo, redistributivo (da receita e não apenas da renda) e destrutivo. E "produtivo" não é adstrito à turbulenta esfera do mercado: há inovações institucionais ocorridas no governo (estado) e na comunidade que pouco ou nada têm de originárias no mercado e que muito podem fazer para tornar esta instituição ainda mais eficiente na alocação dos recursos e reduzir-lhe as porosidades.
Conclusão: precisamos falar sobre Fábio. E sobre as porosidades do mercado!
DdAB
Tu sabe o que é wagamama? Restaurante japonês que conheci em Londres (onde às vezes gasto minha receita, já que aposentado não ganha renda). E como é que um prato de comida pode obnubilar a face do falante? Talvez o menino do desenho não estivesse falando. Boas maneiras, não falar enquanto mastiga, é algo cuja provisão não se origina no mercado. E, como sabemos, nem sempre o mercado as valoriza. Provo-o: é falta de educação roubar as merendas dos escolares.
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28 agosto, 2012
Iluminuras da Bibi
Querido diário:
Há duas Bibis em minha vida, a Beatriz (quatro anos) e a Bianca (três anos). A segunda, com sotaque arrevezado, diz "náoo", quando não quer algo. A Beatriz, ao ver um "bolachão" de Jonny Cash sendo colocado no toca-disco, disse:
Eram 21h20min de 21/ago/2012. Eu pensei nos discos de 78 rpm. E nestes -minha geração- de 33rpm. E nos CDs, cuja primeira conquista minha foi o Gaúcho da Fronteira, adquirido em Campinas, num tempo que seria depois exportado para Oxford, onde eu ainda não tinha o CD-player, pois fora lá para estudar e não para ficar ouvindo os cantos da gauchada.
DdAB
Imagem daqui.
Há duas Bibis em minha vida, a Beatriz (quatro anos) e a Bianca (três anos). A segunda, com sotaque arrevezado, diz "náoo", quando não quer algo. A Beatriz, ao ver um "bolachão" de Jonny Cash sendo colocado no toca-disco, disse:
Olha só o tamanho desse CD, mamãe!
Eram 21h20min de 21/ago/2012. Eu pensei nos discos de 78 rpm. E nestes -minha geração- de 33rpm. E nos CDs, cuja primeira conquista minha foi o Gaúcho da Fronteira, adquirido em Campinas, num tempo que seria depois exportado para Oxford, onde eu ainda não tinha o CD-player, pois fora lá para estudar e não para ficar ouvindo os cantos da gauchada.
DdAB
Imagem daqui.
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27 agosto, 2012
Ela Têm Erro!
Querido diário:
Há muito tempo, meu editor de textos tinha o desagradável hábito de trocar o "tem" de frases como "ela tem erro" por um "têm": ela têm erro! Há algum tempo, venho notando que o jornal que leio com exação -Zero Herra, como sabemos- anda mudando este "tem" para "têm". Vão aqui dois exemplos, se é que a abordagem ""têm"" fundamento.
Isto porque, depois de ter botado em dia a leitura da Carta Capital (ver postagem de ontem), hoje cedinho fi-lo com o jornal. Fi-lo, meu?, fi-lo? Pois bem. Minha amada cronista social/filósofa da moda, a jornalista Célia Ribeiro -juro que não escreveria ela lá isto- "têm" na primeira frase a seguinte frase:
Gelei, especialmente, porque vira outro:
Há pouquíssimo tempo, cometi um erro, de lê-la? Fi-lo? Onde estamos? Era na entrevista da cantora Mirianês Zabot, que me evocou Marinês Zandavalli, claro, e Wilson Babot, é lógico. O disco Mosaico Foto-Prosaico me pareceu 10, ou dez, não é?
DdAB
Imagem no link daqui. Clica nele e ouve ela.
Há muito tempo, meu editor de textos tinha o desagradável hábito de trocar o "tem" de frases como "ela tem erro" por um "têm": ela têm erro! Há algum tempo, venho notando que o jornal que leio com exação -Zero Herra, como sabemos- anda mudando este "tem" para "têm". Vão aqui dois exemplos, se é que a abordagem ""têm"" fundamento.
Isto porque, depois de ter botado em dia a leitura da Carta Capital (ver postagem de ontem), hoje cedinho fi-lo com o jornal. Fi-lo, meu?, fi-lo? Pois bem. Minha amada cronista social/filósofa da moda, a jornalista Célia Ribeiro -juro que não escreveria ela lá isto- "têm" na primeira frase a seguinte frase:
O comportamento com deficientes físicos têm sua etiqueta.
Gelei, especialmente, porque vira outro:
Tive a honra de gravar vários compositores gaúchos que têm trabalhos belíssimos.
Há pouquíssimo tempo, cometi um erro, de lê-la? Fi-lo? Onde estamos? Era na entrevista da cantora Mirianês Zabot, que me evocou Marinês Zandavalli, claro, e Wilson Babot, é lógico. O disco Mosaico Foto-Prosaico me pareceu 10, ou dez, não é?
DdAB
Imagem no link daqui. Clica nele e ouve ela.
26 agosto, 2012
O Paquiderme
Querido diário:
Tenho em mãos os exemplares da revista 'Carta Capital' de 22 e 29 de agosto. Falo da reportagem de capa da do dia 22. Serei breve.
Resumo: as já dezenas de iniciativas propostas pelo governo central têm dado apreensões como as causadas por um daqueles trens fantasmas. Diz-se que este é o paquiderme, uma administração pública arrastada, como as velhas marias-fumaça - em que tanto andei e me queixei mas - que hoje me parecem infinitamente melhores do que nada.
Nunca terá ocorrido aos governantes nem à imprensa que este problema de paquiderme foi causado pela destruição da administração pública, que veio sendo substituída por cargos em comissão, ou seja, cargos investidos de militantes políticos e não de administradores profissionais? Obviamente, milhares de detentores de C.Cs. nos dias que correm poderiam ter sido aprovados em concursos públicos. E o que mudaria? Que eles seriam funcionários independentes do partido de ocasião. E haveria políticas públicas mais coerentes com um projeto nacional. Haveria?
DdAB
P.S.: parece que não é bem um paquiderme que está prestes a colhê-la pelas costas. Aqui.
Tenho em mãos os exemplares da revista 'Carta Capital' de 22 e 29 de agosto. Falo da reportagem de capa da do dia 22. Serei breve.
Resumo: as já dezenas de iniciativas propostas pelo governo central têm dado apreensões como as causadas por um daqueles trens fantasmas. Diz-se que este é o paquiderme, uma administração pública arrastada, como as velhas marias-fumaça - em que tanto andei e me queixei mas - que hoje me parecem infinitamente melhores do que nada.
Nunca terá ocorrido aos governantes nem à imprensa que este problema de paquiderme foi causado pela destruição da administração pública, que veio sendo substituída por cargos em comissão, ou seja, cargos investidos de militantes políticos e não de administradores profissionais? Obviamente, milhares de detentores de C.Cs. nos dias que correm poderiam ter sido aprovados em concursos públicos. E o que mudaria? Que eles seriam funcionários independentes do partido de ocasião. E haveria políticas públicas mais coerentes com um projeto nacional. Haveria?
DdAB
P.S.: parece que não é bem um paquiderme que está prestes a colhê-la pelas costas. Aqui.
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Economia Política
25 agosto, 2012
Julgando o Judiciário
A liberdade de ir e vir é um direito de todos. O caso dos pedágios é o seguinte. O juiz Vancarlo André Anacleto requereu uma liminar a outro juiz, pois não lhe/s agradava o pagamento de pedágio para cruzar a estrada Gramado/onde-mora//Ivoti-onde-trabalha. O juiz concedeu a liminar ao juiz, ou seja, auto-concessão corporativa, não é isto? Juiz defendendo juiz só vira em posição mais ridícula àquele par carioca. O primeiro requereu que o porteiro de seu edifício parasse de chamá-lo de 'seu' Fulano, designando-o por 'dotô' Fulano. O colega do primeiro intimou o porteiro a conduzir-se com compostura. Até hoje indago-me se o porteiro atendeu aos reclames legais.
No caso do juiz Vancarlo, a liminar lhe foi conferida. Não fui apenas eu que fiquei estupefado. Parece que outros milhares de hombres y perros também ficaram. Em particular, do primeiro time, o advogado e professor de direito da PUCRS, doutor Sérgio Borja, "entende que a concessão do benefício seria aceitável se o juiz morasse em um dos municípios da [c]omarca." [p.39]
Aí vem a exceção. O jornal que leio desabridamente também informa que a assessoria de imprensa do tribunal de justiça do estado:
.a. confirmou que Igrejinha e Gramado não pertencem à mesma comarca
.b. mas que o juiz Vamberto or whatever está autorizado a quebrar a regra de moradia na comarca em que dá expediente
Mas o mesmíssimo tribunal dá o golpe de condenação na opinião pública: "[...] o juiz arca com os gastos decorrentes da viagem." Gelei.
Era isto: os pedágios não podem ser considerados gastos decorrentes da viagem, como tampouco o seriam os gastos com babá (que o juiz não pode levar os filhos ao serviço), com mensalidade da academia, e tantos outros que trazem proveito pessoal ao gastante. Se os pedágios fossem gastos decorrentes da viagem, o juiz deveria pagá-los. Como não o são, o juiz é isento. É a liberdade de ir e vir do juiz chancelada pelo outro juiz.
O judiciário está sendo julgado no Brasil. E parece que a condenação é tão pesada que gente de meu porte deseja seu fechamento e sua incorporação pelo ministério da justiça ou sei lá do quê. Teríamos muito a ganhar. E quem julgaria o poder executivo? Claro: o poder legislativo, não seria isto?
DdAB
Imagem tolhendo a liberdade individual: aqui.
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24 agosto, 2012
Supremo Tribunal: o que é pior do que estar mal?
Querido diário:
O Supremo Tribunal Federal tem 11 juízes que ganham R$ 33 mil cada. 33 mil? Chuto por baixo! Aparentemente, cada juiz tem 11 métodos de julgamento. Ou 33 mil? Ontem novamente ficou claro que o que rege mesmo a justiça é o termo "reger", um tempo de monarquia absoluta. Cada um é o monarca de suas interpretações da lei. E estes juízes não são julgados por outra corte mais, digamos, coesa, menos sujeita a paixões pessoais.
Até que ponto -julgando João Paulo Cunha- por exemplo, podem duas pessoas sensatas chegar a conclusões opostas? Se um bando de economistas diz que "aumentar o salário mínimo eleva o emprego" e outros dizem que "reduzir o salário mínimo eleva o emprego", dirão que são loucos. A salvação do direito, sou levado a pensar, encontra-se -em boa medida- na evolução da teoria dos jogos e no desenvolvimento do aparato das ciências sociais experimentais.
DdAB
Peguei esta foto do Google Images. São 11 jogadores, número que inspirou a composição do tribunal? Claro que a fonte que usei não lhe detém a autoria. É uma das fotos mais celebradas daquele final dos anos 1950s. Buscando exercitar a memória, tentei associar nomes a efígies (corrigido conforme o comentário):
Gilmar; De Sordi, Bellini, Orlando e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Pelé e Zagalo
Zagalo, como devemos lembrar, foi o rapaz que, anos depois, pedia ao povo brasileiro para engoli-lo. Eu não o fiz, embora não possa ser chamado de "todo o povo". Como não poderia deixar de ser, o país do futebol tem os ministros do supremo que merece. Quem não merece ficar pensando sobre este clube de tristezas sou eu myself.
O Supremo Tribunal Federal tem 11 juízes que ganham R$ 33 mil cada. 33 mil? Chuto por baixo! Aparentemente, cada juiz tem 11 métodos de julgamento. Ou 33 mil? Ontem novamente ficou claro que o que rege mesmo a justiça é o termo "reger", um tempo de monarquia absoluta. Cada um é o monarca de suas interpretações da lei. E estes juízes não são julgados por outra corte mais, digamos, coesa, menos sujeita a paixões pessoais.
Até que ponto -julgando João Paulo Cunha- por exemplo, podem duas pessoas sensatas chegar a conclusões opostas? Se um bando de economistas diz que "aumentar o salário mínimo eleva o emprego" e outros dizem que "reduzir o salário mínimo eleva o emprego", dirão que são loucos. A salvação do direito, sou levado a pensar, encontra-se -em boa medida- na evolução da teoria dos jogos e no desenvolvimento do aparato das ciências sociais experimentais.
DdAB
Peguei esta foto do Google Images. São 11 jogadores, número que inspirou a composição do tribunal? Claro que a fonte que usei não lhe detém a autoria. É uma das fotos mais celebradas daquele final dos anos 1950s. Buscando exercitar a memória, tentei associar nomes a efígies (corrigido conforme o comentário):
Gilmar; De Sordi, Bellini, Orlando e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Pelé e Zagalo
Zagalo, como devemos lembrar, foi o rapaz que, anos depois, pedia ao povo brasileiro para engoli-lo. Eu não o fiz, embora não possa ser chamado de "todo o povo". Como não poderia deixar de ser, o país do futebol tem os ministros do supremo que merece. Quem não merece ficar pensando sobre este clube de tristezas sou eu myself.
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23 agosto, 2012
A Mirra da Missa
Querido diário:
Parece mentira que também ouvi o seguinte, que parecer-se-ia com um poema sem mesóclise:
DdAB
E a imagem é do maravilhoso site aqui sito. Claro que a proporção entre mirra e missa é muito importante para os estudiosos das funções de produção de proporções fixas. Se o volume de mirra está subindo desproporcionalmente ao montante de missa, é porque está havendo alguma coisa errada, algum fator que passou a fugir dos rendimentos constantes, um inconstante.
Parece mentira que também ouvi o seguinte, que parecer-se-ia com um poema sem mesóclise:
é muita mirra para pouca missa
é muita mirra para muita missa
é pouca mirra para muita missa
é pouca mirra para pouca missa
é muita missa para pouca mirra
é pouca missa para muita mirra
etc.
E a imagem é do maravilhoso site aqui sito. Claro que a proporção entre mirra e missa é muito importante para os estudiosos das funções de produção de proporções fixas. Se o volume de mirra está subindo desproporcionalmente ao montante de missa, é porque está havendo alguma coisa errada, algum fator que passou a fugir dos rendimentos constantes, um inconstante.
22 agosto, 2012
Detran: no mínimo, uma vergonha
Querido diário:
Todos sabemos que o Rio Grande do Sul orgulha-se da qualidade de seus ladrões, tanto é que centenas deles foram e serão reeleitos para os cargos públicos. E a incompetência governamental favorece o aparecimento dos caroneiros ilegais. Depois da enorme fortuna transferida a políticos de todos o escóis, nada aconteceu, apenas a reeleição de alguns deles ("o sr. será reeleito, deputado"). O que se poderia esperar do governo que sucedeu aquele em que os escândalos foram denunciados era desvelo ao tratar com o órgão/Detran que se mostrou no epicentro da devastação.
Claro que pouco ou nada foi feito e o quarto poder (a imprensa) já denunciou o roubo descarado de peças e componentes dos veículos automotores apreendidos por causa de razões várias. Segue-se necessariamente que o eng. Benjamim Saraiva Torres enviou uma carta publicada à p.2 de Zero Hora de hoje:
Eu, que sempre me faço contrafeito com esta construção "no mínimo" evasiva, pela primeira vez tive minha resposta politicamente adequada. A sentença esclarecedora: talvez sejam omissos, talvez sejam cúmplices. No mínimo, incompetentes, no mínimo outra vergonha estadual. Diz o hino, que ficou famoso desde o escândalo dos selos (de correio) da Assembleia Legislativa: sirvam nossas façanhas de modelo a todo o planeta de 24 horas em que vive a maioria dos terráqueos.
DdAB
Imagem reeditada daqui.
Todos sabemos que o Rio Grande do Sul orgulha-se da qualidade de seus ladrões, tanto é que centenas deles foram e serão reeleitos para os cargos públicos. E a incompetência governamental favorece o aparecimento dos caroneiros ilegais. Depois da enorme fortuna transferida a políticos de todos o escóis, nada aconteceu, apenas a reeleição de alguns deles ("o sr. será reeleito, deputado"). O que se poderia esperar do governo que sucedeu aquele em que os escândalos foram denunciados era desvelo ao tratar com o órgão/Detran que se mostrou no epicentro da devastação.
Claro que pouco ou nada foi feito e o quarto poder (a imprensa) já denunciou o roubo descarado de peças e componentes dos veículos automotores apreendidos por causa de razões várias. Segue-se necessariamente que o eng. Benjamim Saraiva Torres enviou uma carta publicada à p.2 de Zero Hora de hoje:
Excelente a reportagem de ZH sobre furtos em veículos nos depósitos do Detran. [...] Não é um caso pontual, as autoridades do Detran são, no mínimo, omissas. [...]
Eu, que sempre me faço contrafeito com esta construção "no mínimo" evasiva, pela primeira vez tive minha resposta politicamente adequada. A sentença esclarecedora: talvez sejam omissos, talvez sejam cúmplices. No mínimo, incompetentes, no mínimo outra vergonha estadual. Diz o hino, que ficou famoso desde o escândalo dos selos (de correio) da Assembleia Legislativa: sirvam nossas façanhas de modelo a todo o planeta de 24 horas em que vive a maioria dos terráqueos.
DdAB
Imagem reeditada daqui.
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21 agosto, 2012
Guerra Suave (caso de ônibus)
Querido diário:
Ouvi, no ônibus, um candidato a vereador com uma proposta interessante.
Todos os generais serão instruídos para armarem seus soldados apenas com folhas de papel A4, o que poderá ter a técnica de cortar o dedo da gente com floreios da folha branca, evocando a paz.
Nâo acreditei no que ouvi.
DdAB
Imagem: aqui.
Ouvi, no ônibus, um candidato a vereador com uma proposta interessante.
Todos os generais serão instruídos para armarem seus soldados apenas com folhas de papel A4, o que poderá ter a técnica de cortar o dedo da gente com floreios da folha branca, evocando a paz.
Nâo acreditei no que ouvi.
DdAB
Imagem: aqui.
20 agosto, 2012
O Ônibus da Ficção Científica
Querido diário:
Terei ouvido de leitores que estarei mentindo para ti, amado diário. A verdade verídica é que tudo tem acontecido precisamente como aqui ando narrando. Por exemplo, ontem, depois da meia-noite, ouvi o seguinte comentário, a propósito das eleições municipais no Brasil neste ano bissexto:
Senti um amargo sabor de derrota na boca: ladrões (políticos) querendo aumentar a eficiência na operação de seu negócio. E que será de nós outros, minhas digníssimas senhoras e meus respeitáveis senhores?
DdAB
Neste site aqui, você encontra a fonte desta foto, cujo título é "Beijo Bandido", algo interessante para um pernil de cordeiro. Também é bandido por conter mais de mil calorias por metro quadrado.
Terei ouvido de leitores que estarei mentindo para ti, amado diário. A verdade verídica é que tudo tem acontecido precisamente como aqui ando narrando. Por exemplo, ontem, depois da meia-noite, ouvi o seguinte comentário, a propósito das eleições municipais no Brasil neste ano bissexto:
Quando os bandidos (as cobras e leões) começarem a usar óculos de
raio X, o índice de cãncer vai aumentar, mas eles elevarão o grau de
eficiência de suas operações (botes e saltos).
Senti um amargo sabor de derrota na boca: ladrões (políticos) querendo aumentar a eficiência na operação de seu negócio. E que será de nós outros, minhas digníssimas senhoras e meus respeitáveis senhores?
DdAB
Neste site aqui, você encontra a fonte desta foto, cujo título é "Beijo Bandido", algo interessante para um pernil de cordeiro. Também é bandido por conter mais de mil calorias por metro quadrado.
19 agosto, 2012
Ônibus Crítico à Política
Querido diário:
Mal pude conter-me: ouvi coisas de corar frades de pedra no ônibus. Falava-se de política:
Pareceu-me que assim uma senhora dirigiu-se a sua progenitora, evocando as últimas campanhas eleitorais na TV e o que sucederá a partir de amanhã por todo o Brasil.
DdAB
Mas eu deixo claro: claro que é melhor que as eleições sejam particionadas. Quanto mais eleição, melhor, pois o total recall deveria ser uma realidade brasileira.
Imagem daqui, recortadinha por mim.
Mal pude conter-me: ouvi coisas de corar frades de pedra no ônibus. Falava-se de política:
muita memória para pouco pensamento
Pareceu-me que assim uma senhora dirigiu-se a sua progenitora, evocando as últimas campanhas eleitorais na TV e o que sucederá a partir de amanhã por todo o Brasil.
DdAB
Mas eu deixo claro: claro que é melhor que as eleições sejam particionadas. Quanto mais eleição, melhor, pois o total recall deveria ser uma realidade brasileira.
Imagem daqui, recortadinha por mim.
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Economia Política
18 agosto, 2012
O Ônibus da Ficção
Querido diário:
Ainda mais ouvi no ônibus. Desta vez, aparentemente, eram os homenzinhos de verde:
Ao ouvir este verdadeiro haikai, dei mais um gole (escondido) em minha garrafinha de cachaça e tratei de saltar na primeira parada.
DdAB
P.S. 1 Pedi: "sabiá intergalático" ao Google Images. Entre as primeiras imagens, encontrava-se esta. Espero não estar na situação de "ouvir cantar o galo, sem saber aonde", publicando coisa inconveniente, originária daqui.
P.S. 2 Eu aprendera que
.a. o conto é com gente de personagem
.b. a fábula é com bicho
.c. o apólogo é com coisas.
Portanto o haikai que entreouvi só pode ser um novo gênero literário (ou coisa assim).
Ainda mais ouvi no ônibus. Desta vez, aparentemente, eram os homenzinhos de verde:
Cortado por uma faca afiada,
o pobre mamão pensa estar sendo predado
por um sabiá metálico e intercalático
Ao ouvir este verdadeiro haikai, dei mais um gole (escondido) em minha garrafinha de cachaça e tratei de saltar na primeira parada.
DdAB
P.S. 1 Pedi: "sabiá intergalático" ao Google Images. Entre as primeiras imagens, encontrava-se esta. Espero não estar na situação de "ouvir cantar o galo, sem saber aonde", publicando coisa inconveniente, originária daqui.
P.S. 2 Eu aprendera que
.a. o conto é com gente de personagem
.b. a fábula é com bicho
.c. o apólogo é com coisas.
Portanto o haikai que entreouvi só pode ser um novo gênero literário (ou coisa assim).
17 agosto, 2012
O Mensalão no Ônibus
Querido diário:
Fiquei extasiado ao ouvir, no ônibus, uma versão refinada de um provérbio muito comum:
Simples. Mas há casos em que a verredura implica a limpeza. Ainda tem os casos dos loucos varridos, lavados, escovados e secados.
DdAB
Imagem: tirei daqui. Não sei se é foto original deles. Em época de julgamento de um dos grandes casos de corrupção brasileira, bem que vale a pena pensar nas metáforas da vassoura, a limpeza e as técnicas de manutenção de ambientes limpos. A rigor, pode-se limpar ou não sujar. Se a lei da entropia funciona, a segunda tática (ou seja, seguir roubando) é eterna. Ergo, deve-se seguir varrendo sistematicamente. Como sabemos, ônibus é a apropriação linguística da expressão latina omnibus, para todos. Como sabemos e Stanislaw Ponte Preta, as preferências individuais podem bem ser: ou todos nos locupletamos ou restaure-se a moralidade.
Fiquei extasiado ao ouvir, no ônibus, uma versão refinada de um provérbio muito comum:
quanto mais varre mais suja
Simples. Mas há casos em que a verredura implica a limpeza. Ainda tem os casos dos loucos varridos, lavados, escovados e secados.
DdAB
Imagem: tirei daqui. Não sei se é foto original deles. Em época de julgamento de um dos grandes casos de corrupção brasileira, bem que vale a pena pensar nas metáforas da vassoura, a limpeza e as técnicas de manutenção de ambientes limpos. A rigor, pode-se limpar ou não sujar. Se a lei da entropia funciona, a segunda tática (ou seja, seguir roubando) é eterna. Ergo, deve-se seguir varrendo sistematicamente. Como sabemos, ônibus é a apropriação linguística da expressão latina omnibus, para todos. Como sabemos e Stanislaw Ponte Preta, as preferências individuais podem bem ser: ou todos nos locupletamos ou restaure-se a moralidade.
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16 agosto, 2012
O Governo e o Planeta 23
Querido diário:
disponível a pedido, que:
.a. a expansão da demanda final
.b. o setor serviços
podem salvar a relativa estagnação em que se encontra a economia brasileira há 30 anos.
O debate de palavras "privatização" x "concessão" esconde as verdadeiras dimensões da questão aqui apontadas: o bom mesmo é que o governo faça a provisão e não a produção de bens públicos e bens de mérito.
E tem mais: uma vez que 50% do investimento chinês provém da construção, que tal imitá-los? Fazer mais portos, ferrovias e rodovias! Temos que ter cuidado! Vambora.
DdAB
Imagem daqui.
Ao acenar com investimentos em portos, ferrovias e rodovias, o governo federal parece incorporar-se à campanha feita por este blog. Temos sugerido, com base no estudo:
Evolução da Economia Brasileira entre 2000 e 2008:
reprimarização versus crescimento do Complexo Primário-Contemporâneo
disponível a pedido, que:
.a. a expansão da demanda final
.b. o setor serviços
podem salvar a relativa estagnação em que se encontra a economia brasileira há 30 anos.
O debate de palavras "privatização" x "concessão" esconde as verdadeiras dimensões da questão aqui apontadas: o bom mesmo é que o governo faça a provisão e não a produção de bens públicos e bens de mérito.
E tem mais: uma vez que 50% do investimento chinês provém da construção, que tal imitá-los? Fazer mais portos, ferrovias e rodovias! Temos que ter cuidado! Vambora.
DdAB
Imagem daqui.
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Economia Política
15 agosto, 2012
Filosofia Pedestre (mas viajando de ônibus)
Querido diário:
Segue a série de frases interessantes entreouvidas no ônibus. Esta é da viagem de volta que fiz ontem.
E fiquei pensando no que teria levado o motorista fazer esta observação ontológica ao cobrador.
DdAB
P.S.: foto de alto custo. E não é para implicar que exista um centro no universo, diferentemente do umbigo humano.
Segue a série de frases interessantes entreouvidas no ônibus. Esta é da viagem de volta que fiz ontem.
Cabeça, tronco e membros: as três partes do corpo humano seriam inexistentes sem o universo. Em compensação, sem elas, o universo não faria o menor sentido.
E fiquei pensando no que teria levado o motorista fazer esta observação ontológica ao cobrador.
DdAB
P.S.: foto de alto custo. E não é para implicar que exista um centro no universo, diferentemente do umbigo humano.
14 agosto, 2012
Sistema econômico e ciência econômica
Querido diário:
Esta postagem baseia-se em uma folha (com um queimadinho de brasa de cigarro no canto inferior esquerdo) que tem -bem vividos- 25 ou 30 anos. Tenho a impressão que 100 milhões de brasileiros não viveram tanto. A folha não tem título mas provavelmente reflete aulas que ministrei numa disciplina efemeramente criada (mas parece fênix) sobre metodologia econômica. Claro que foi atrevimento meu ministrá-la, mas maior ainda foi dos alunos em receber as aulas com galhardia e até divertimento. Então digamos que se tratava de uma aula com o título de "A dualidade básica do termo 'economia': sistema e ciência". Claro que este título é de hoje e não de antanho. E foi a profa. Joice Zagna Valent que ajudou-me a preparar esta postagem, decifrando certos fragmentos do alfabeto que me falharam aos olhos. E o que farei é colocar três partes do arquivo escaneado e traduzi-las do melhor jeito que posso.
Por alguma intrigante razão, lá em cima diz: Do not scrap this sheet of paper (Ela possui no canto inferior esquerdo um queimadinho). Depois, há uma elipse oblonga interceptando um retângulo alargado. Na elipse, lê-se 'paradigmas' e 'que é' [um paradigma]. No retângulo, vê-se a palavra 'ciência'. Da interseção entre a elipse e o lado menor do retângulo, sai uma seta que leva 'teoria', outra que leva a 'modelo' e uma terceira a 'estrutura'. Na vertical, saímos de 'ciência' e 'paradigmas' e passamos a uma espécie de quadrado com 'doutrina' e outro com 'política'. Da 'teoria', além da seta que remete a 'modelo', há uma inclinada chegando às 'linguagens discursiva, gráfica e matemática', na linha do que andei aprendendo com o livro de matemática de Alpha Chiang.
Este conjunto de blocos (que bem dariam uma espinha de peixe) agrupa-se por meio de uma chave que leva ao retângulo 'economia', ou seja, a dualidade que poderia ter dado título à aula. Segue-se a uma seta uma elipse com 'definição de economia', cultivando um pouco mais a confusão, pois falarei em segundos, num retângulo de lados hachurados em 'duas escolas', ou 'paradigmas', tornando-se cristalino que estamos falando da ciência econômica, ou até de duas ciências econômicas. Na primeira, lê-se 'funcionar o capitalismo', que remete ao 'paradigma alocativo' e 'ciência econômica'. No outro, escrevi três palavras, descontente que ia ficando com a primeira e mesmo com a segunda, e que não consigo decifrar. A terceira é 'superar o capitalismo' e leva a 'paradigma conflitivo' e 'economia política'. Claro que as influências são de Oskar Lange (publicados neste blog nos dias 20, 21, 22, 23, 27, 28 e 29) e Stephen T. Worland (aqui).
De natureza praticamente independente, segue-se outro bloco na mesma folha.
O centro de gravidade desta figura é a elipse com 'Sistema econômico & Modo de produção'. Duas elipses que se interceptam encontram-se disjuntas deste centro gravitacional. Na primeira, lê-se 'necessidades humanas', ao passo que na segunda, temos 'escassez' e uma notinha muito pessoal que poderá merecer outra/s postagem/ns: 'maximalistas, tempo, imortalidade'. Ligando estas duas elipses interrelacionadas com a do tal centro de gravidade, há outra também hachurada em que lemos: 'questões fundamentais da economia'. E, a seguir, uma elipse com uma reflexão, meio apagadinha, que será vista mais plenamente adiante. Na figura acima, ainda vemos um círculo em que estão escritos: 'questões que os filósofos econômicos queriam responder. Robinson & Eatwell, p.2'. Vejamos:
Texto à esquerda: por que funciona e prospera o capitalismo? pois ele usa como elemento endógeno de seu funcionamento (concorrência) a exigência de substituição de trabalho vivo por trabalho morto, o que fecha com o hedonismo'. E as questões de R&W:
.a. de onde vem a riqueza?
.b. existe algum princípio de valor subjacente aos preços que lhes explicam as variações erráticas?
.c. qual o papel do dinheiro numa economia?
.d. quais os contornos da justiça social?
.e. haverá sempre demanda efetiva para menter todos os recursose empregados?
Claro que muita água passou por debaixo da ponte desde então. Inclusive a internet, que viabilizou esta postagem.
DdAB
P. S.: A imagem bem lá de cima veio do Google Images e parece-me ser de 'fé pública'. Mas entra aqui como trocadilho da empresa (sistema econômico) e da teoria do valor (ciência econômica).
P. S. S.: Não podemos deixar de ler a postagem do Bípede Pensante sobre o extraordinariamente estonteante livro a que se chega clicando aqui.
Esta postagem baseia-se em uma folha (com um queimadinho de brasa de cigarro no canto inferior esquerdo) que tem -bem vividos- 25 ou 30 anos. Tenho a impressão que 100 milhões de brasileiros não viveram tanto. A folha não tem título mas provavelmente reflete aulas que ministrei numa disciplina efemeramente criada (mas parece fênix) sobre metodologia econômica. Claro que foi atrevimento meu ministrá-la, mas maior ainda foi dos alunos em receber as aulas com galhardia e até divertimento. Então digamos que se tratava de uma aula com o título de "A dualidade básica do termo 'economia': sistema e ciência". Claro que este título é de hoje e não de antanho. E foi a profa. Joice Zagna Valent que ajudou-me a preparar esta postagem, decifrando certos fragmentos do alfabeto que me falharam aos olhos. E o que farei é colocar três partes do arquivo escaneado e traduzi-las do melhor jeito que posso.
Por alguma intrigante razão, lá em cima diz: Do not scrap this sheet of paper (Ela possui no canto inferior esquerdo um queimadinho). Depois, há uma elipse oblonga interceptando um retângulo alargado. Na elipse, lê-se 'paradigmas' e 'que é' [um paradigma]. No retângulo, vê-se a palavra 'ciência'. Da interseção entre a elipse e o lado menor do retângulo, sai uma seta que leva 'teoria', outra que leva a 'modelo' e uma terceira a 'estrutura'. Na vertical, saímos de 'ciência' e 'paradigmas' e passamos a uma espécie de quadrado com 'doutrina' e outro com 'política'. Da 'teoria', além da seta que remete a 'modelo', há uma inclinada chegando às 'linguagens discursiva, gráfica e matemática', na linha do que andei aprendendo com o livro de matemática de Alpha Chiang.
Este conjunto de blocos (que bem dariam uma espinha de peixe) agrupa-se por meio de uma chave que leva ao retângulo 'economia', ou seja, a dualidade que poderia ter dado título à aula. Segue-se a uma seta uma elipse com 'definição de economia', cultivando um pouco mais a confusão, pois falarei em segundos, num retângulo de lados hachurados em 'duas escolas', ou 'paradigmas', tornando-se cristalino que estamos falando da ciência econômica, ou até de duas ciências econômicas. Na primeira, lê-se 'funcionar o capitalismo', que remete ao 'paradigma alocativo' e 'ciência econômica'. No outro, escrevi três palavras, descontente que ia ficando com a primeira e mesmo com a segunda, e que não consigo decifrar. A terceira é 'superar o capitalismo' e leva a 'paradigma conflitivo' e 'economia política'. Claro que as influências são de Oskar Lange (publicados neste blog nos dias 20, 21, 22, 23, 27, 28 e 29) e Stephen T. Worland (aqui).
De natureza praticamente independente, segue-se outro bloco na mesma folha.
O centro de gravidade desta figura é a elipse com 'Sistema econômico & Modo de produção'. Duas elipses que se interceptam encontram-se disjuntas deste centro gravitacional. Na primeira, lê-se 'necessidades humanas', ao passo que na segunda, temos 'escassez' e uma notinha muito pessoal que poderá merecer outra/s postagem/ns: 'maximalistas, tempo, imortalidade'. Ligando estas duas elipses interrelacionadas com a do tal centro de gravidade, há outra também hachurada em que lemos: 'questões fundamentais da economia'. E, a seguir, uma elipse com uma reflexão, meio apagadinha, que será vista mais plenamente adiante. Na figura acima, ainda vemos um círculo em que estão escritos: 'questões que os filósofos econômicos queriam responder. Robinson & Eatwell, p.2'. Vejamos:
Texto à esquerda: por que funciona e prospera o capitalismo? pois ele usa como elemento endógeno de seu funcionamento (concorrência) a exigência de substituição de trabalho vivo por trabalho morto, o que fecha com o hedonismo'. E as questões de R&W:
.a. de onde vem a riqueza?
.b. existe algum princípio de valor subjacente aos preços que lhes explicam as variações erráticas?
.c. qual o papel do dinheiro numa economia?
.d. quais os contornos da justiça social?
.e. haverá sempre demanda efetiva para menter todos os recursose empregados?
Claro que muita água passou por debaixo da ponte desde então. Inclusive a internet, que viabilizou esta postagem.
DdAB
P. S.: A imagem bem lá de cima veio do Google Images e parece-me ser de 'fé pública'. Mas entra aqui como trocadilho da empresa (sistema econômico) e da teoria do valor (ciência econômica).
P. S. S.: Não podemos deixar de ler a postagem do Bípede Pensante sobre o extraordinariamente estonteante livro a que se chega clicando aqui.
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Economia Política
13 agosto, 2012
Métodos e Técnicas, tchan, tchan, tchan!
Querido diário:
No sábado, anunciei aqui que o livro
existe materialmente, podendo ser cheirado e até lido! Diz-se no site:
Os autores dos diferentes capítulos somos:
Desejo boa leitura a todas/os!!!
DdAB
P.S.: de acordo com a antepenúltima página de Zero Hora de hoje (Almanaque Gaúcho), há três comemorações importantes: Dia do Economista, Dia Mundial dos Canhotos e Dia dos Encarcerados. Vi de relance e me identifiquei 100% com os santos do dia: sou economista, sou canhoto e vivo encarcerado, dados os desmandos na política de governo que privilegia o sistema judiciário nacional. Pobre John Rawls, ao sustentar que -na sociedade justa- todos gozarão da maior liberdade compatível com a dos demais.
No sábado, anunciei aqui que o livro
BÊRNI, D.
d. A. & FERNANDEZ, B. P. M. orgs. (2012) Métodos e técnicas de pesquisa;
modelando as ciências empresariais. São Paulo: Saraiva.
existe materialmente, podendo ser cheirado e até lido! Diz-se no site:
Este livro apresenta um panorama de como se faz pesquisa (técnicas e
estudo) e como transformá-la em ensaio, monografia ou trabalho de
conclusão de
curso. O ponto central do texto é associar o aprendizado com tópicos
críticos transformando a curiosidade em conhecimento. Destinado a
estudantes e
profissionais de áreas como economia, administração, contabilidade,
ciências sociais entre outras.
Os autores dos diferentes capítulos somos:
Antônio Marcelo Fontoura, Brena Paula Magno Fernandez, Carmen
Gelinski, Cecília Schmitt, Claídes Abegg, Duilio de AvilaBêrni, Eduardo Pontual
Ribeiro, Eva Yamila da Silva Catela; Helton Ricardo Ouriques, João Rogério
Sanson, José Antonio Fialho Alonso, Luiz Carlos de Carvalho Jr., Magda Chagas,
Pedro Alberto Barbetta, Roberto Meurer, Soraya
M. Vargas Cortes.
Desejo boa leitura a todas/os!!!
DdAB
P.S.: de acordo com a antepenúltima página de Zero Hora de hoje (Almanaque Gaúcho), há três comemorações importantes: Dia do Economista, Dia Mundial dos Canhotos e Dia dos Encarcerados. Vi de relance e me identifiquei 100% com os santos do dia: sou economista, sou canhoto e vivo encarcerado, dados os desmandos na política de governo que privilegia o sistema judiciário nacional. Pobre John Rawls, ao sustentar que -na sociedade justa- todos gozarão da maior liberdade compatível com a dos demais.
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Economia Política
12 agosto, 2012
Preparar-se para o Pior (o melhor do ônibus)
Querido diário:
Nos ônibus porto-alegrenses aprende-se prá burro. Por exemplo, ontem entreouvi a seguinte drágea de absolua filosofia acadêmica, ou seja, com a fonte sendo citada. A fonte no caso, era a cozinheira Nigella Lawson e seu programa de culinária na TV:
Com isto, torna-se claro que a questão de frequência no ônibus por gênero fica registrada, mas não trabalhada empiricamente. Com isto, quase pulo ao marcador "Besteirol". Filosofando a respeito, entendo que, na realidade da concretude material, meus marcadores são tão poucos e genéricos que nem servem 100% para a pesquisa temática.
DdAB
A imagem saiu daqui. Obviamente não é a fonte original. Ou obviamente é? E obviamente, a Nigella está se preparando para não queimar a boca. E eu que passei a tentar escrever sempre "está se preparando" e não mais "está-se preparando", como acabo de ver milhares de colocações de pronomes de nosso amado Graciliano Ramos. E eu que vou encerrar?
Nos ônibus porto-alegrenses aprende-se prá burro. Por exemplo, ontem entreouvi a seguinte drágea de absolua filosofia acadêmica, ou seja, com a fonte sendo citada. A fonte no caso, era a cozinheira Nigella Lawson e seu programa de culinária na TV:
Se você está preparada para o pior, então há possibilidades de evitá-lo.
Com isto, torna-se claro que a questão de frequência no ônibus por gênero fica registrada, mas não trabalhada empiricamente. Com isto, quase pulo ao marcador "Besteirol". Filosofando a respeito, entendo que, na realidade da concretude material, meus marcadores são tão poucos e genéricos que nem servem 100% para a pesquisa temática.
DdAB
A imagem saiu daqui. Obviamente não é a fonte original. Ou obviamente é? E obviamente, a Nigella está se preparando para não queimar a boca. E eu que passei a tentar escrever sempre "está se preparando" e não mais "está-se preparando", como acabo de ver milhares de colocações de pronomes de nosso amado Graciliano Ramos. E eu que vou encerrar?
11 agosto, 2012
Que restou do socialismo (do ônibus)?
Querido diário:
Esta postagem está marcada como "Escritos" e, claro, poderia inserir-se num marcador "Filosofia política", se é que os sindicatos cabíveis (a serem extintos durante a trajetória) não querem retirar-me o direito de filosofar em nível introdutório. O fato é que parece que Napoleão, ou me engano, que era um cavalo que trabalha e prometia, quando algo dava errado: "Trabalharei mais ainda". Ou Napoleão eram os porquinhos que viraram ferrabrazes? Há que reler, não há que esquecer, não há que cair novamente naquela esparrela soviética nem na local, ou seja, a petista.
Segue-se logicamente que a frase que ontem ouvi no ônibus é:
Esta postagem está marcada como "Escritos" e, claro, poderia inserir-se num marcador "Filosofia política", se é que os sindicatos cabíveis (a serem extintos durante a trajetória) não querem retirar-me o direito de filosofar em nível introdutório. O fato é que parece que Napoleão, ou me engano, que era um cavalo que trabalha e prometia, quando algo dava errado: "Trabalharei mais ainda". Ou Napoleão eram os porquinhos que viraram ferrabrazes? Há que reler, não há que esquecer, não há que cair novamente naquela esparrela soviética nem na local, ou seja, a petista.
Segue-se logicamente que a frase que ontem ouvi no ônibus é:
Quanto
maior a utopia, maior a exigência.
Nâo sei se o autor da frase pensava que a estava citando com originalidade, o fato é que, ainda em meus tempos de PUCRS, li-a -ou algo parecido- num cartaz. Ou terei invertido tudo, e nem era ônibus e nem era autor e nem era eu. Tudo tão estranho. Ao mesmo tempo, tão cristalino: é preciso sonhar e realizar escrupulosamente o que foi sonhado (epa, agora é plágio de Lênin).
DdAB
Imagem pública. Ok, ok, ela não é do filme 1984. De qual seria? Seria distopia? Seriam distopias?
P.S.: por falar em socialismo de ônibus (não seria de metrô em Moscow?), é preciso registar um livro que servirá para esclarecer a humanidade sobre seus objetivos. Ontem, minha co-autora, a profa. Brena Fernandez, e eu -myself- recebemos cópias/papel (em pagamento a nossos direitos autorais) do livro
Ele está disponível aqui.
P.S.: por falar em socialismo de ônibus (não seria de metrô em Moscow?), é preciso registar um livro que servirá para esclarecer a humanidade sobre seus objetivos. Ontem, minha co-autora, a profa. Brena Fernandez, e eu -myself- recebemos cópias/papel (em pagamento a nossos direitos autorais) do livro
BÊRNI, D. d. A. & FERNANDEZ, B. P. M. org. (2012) Métodos e técnicas de pesquisa; modelando as ciências empresariais. São Paulo: Saraiva. Os autores somos: Antônio Marcelo Fontoura, Brena Paula Magno Fernandez, Carmen
Gelinski, Cecília Schmitt, Claídes Abegg, Duilio de AvilaBêrni, Eduardo Pontual
Ribeiro, Eva Yamila da Silva Catela; Helton Ricardo Ouriques, João Rogério
Sanson, José Antonio Fialho Alonso, Luiz Carlos de Carvalho Jr., Magda Chagas,
Pedro Alberto Barbetta, Roberto Meurer, Soraya
M. Vargas Cortes.
Ele está disponível aqui.
10 agosto, 2012
Mais Coisas de Ônibus: sobre prejuízo
Querido diário:
Minhas viagens de ônibus estão rendendo. Hoje entreouvi:
Minhas viagens de ônibus estão rendendo. Hoje entreouvi:
O primeiro prejuízo é sempre o menor.
Nâo é uma forma um tanto tautológica, mas primorosa, de apresentar jogos do tipo dilema do prisioneiro?
DdAB
Imagem: daqui, editada/recortada por mim.
09 agosto, 2012
Nem Tudo Está no Número Pi (do ônibus)
Querido diário:
Não sei bem quem foi o responsável por minha viajação em torno do número pi. Começaram dizendo-me que, em alguma altura, antes que ele acabe, isto é, antes do infinito, inscreve-se meu CPF, inclusive com os dígitos de controle. Se bem lembro, já existe uma tabela calculada com o primeiro trilhão de casas. Talvez até haja mais casas, calculadas durante esta noite.
Talvez pi nos revele de onde viemos e para onde vamos. Mas, se pi pode fazê-lo, por que não o fariam outros famosos números reais, como e, por exemplo? Haveria assim infinitos números narrando passados e prevendo futuros. Haveria assim milhões de deuses. Isto me faz lembrar o que ontem ouvi no ônibus:
Nâo pude deixar de pensar nas limitações do monoteísmo. E, claro, na campanha Ateus, Saiam do Armário. E na Maria da Paz (que não posta desde janeiro)!
DdAB
Imagem: pública.
Não sei bem quem foi o responsável por minha viajação em torno do número pi. Começaram dizendo-me que, em alguma altura, antes que ele acabe, isto é, antes do infinito, inscreve-se meu CPF, inclusive com os dígitos de controle. Se bem lembro, já existe uma tabela calculada com o primeiro trilhão de casas. Talvez até haja mais casas, calculadas durante esta noite.
Talvez pi nos revele de onde viemos e para onde vamos. Mas, se pi pode fazê-lo, por que não o fariam outros famosos números reais, como e, por exemplo? Haveria assim infinitos números narrando passados e prevendo futuros. Haveria assim milhões de deuses. Isto me faz lembrar o que ontem ouvi no ônibus:
É preferível acreditar em 10 deuses do que num único diabo.
Nâo pude deixar de pensar nas limitações do monoteísmo. E, claro, na campanha Ateus, Saiam do Armário. E na Maria da Paz (que não posta desde janeiro)!
DdAB
Imagem: pública.
08 agosto, 2012
Ideias de Interesse (do ônibus)
Querido diário:
O título desta postagem bem poderia ser um marcador. Não o sendo, restrinjo-me a "Escritos". Trata-se de uma frase que entreouvi no ônibus:
Ouvi e gostei, logo eu que ainda hoje vi no jornal falarem das Olimpíadas como um grenal: nós e eles, referindo-se ao Brasil e à Argentina. Por tudo isto, acho que pessoas interessantes têm, talvez, uns 50 ou 100 temas como de maior interesse, dificilmente sendo capazes de citar o primeiro. Se é para lembrar o passado, sempre disse às crianças próximas que deveriam cultivar, além de tudo o mais, três habilidades: língua estrangeira, instrumento musical e esporte. Uma coisa é amar o futebol como forma de humilhação e outra é praticá-lo, ou ao judô, ou à natação, como forma de manter a mente sã no corpo são.
DdAB
Imagem: tão disseminada que não cito a fonte eletrônica. E, por interesse deslocado, não lembro o nome do genial fotógrafo. O genial fotografado é, indubitavelmente, Pelé.
O título desta postagem bem poderia ser um marcador. Não o sendo, restrinjo-me a "Escritos". Trata-se de uma frase que entreouvi no ônibus:
Pessoas interessantes têm no futebol a milésima prioridade de suas vidas.
Ouvi e gostei, logo eu que ainda hoje vi no jornal falarem das Olimpíadas como um grenal: nós e eles, referindo-se ao Brasil e à Argentina. Por tudo isto, acho que pessoas interessantes têm, talvez, uns 50 ou 100 temas como de maior interesse, dificilmente sendo capazes de citar o primeiro. Se é para lembrar o passado, sempre disse às crianças próximas que deveriam cultivar, além de tudo o mais, três habilidades: língua estrangeira, instrumento musical e esporte. Uma coisa é amar o futebol como forma de humilhação e outra é praticá-lo, ou ao judô, ou à natação, como forma de manter a mente sã no corpo são.
DdAB
Imagem: tão disseminada que não cito a fonte eletrônica. E, por interesse deslocado, não lembro o nome do genial fotógrafo. O genial fotografado é, indubitavelmente, Pelé.
07 agosto, 2012
Turistas x Giambiagi
Querido diário:
No jornal Zero Hora de hoje, no caderno "Viagem", p. 2, estampa-se um artigo de uma coluna tradicional ("Histórias de Viagem"). O título da hora é "A Crise Grega". Autores: João e Nícia Bastos. Dizem os articulistas:
Pois aqui postei não diria uma diatribe, ainda que algo antipático à visão de Fábio Giambiagi sobre o problema do déficit previdenciário brasileiro, a maneira desigualitária de acabar com ele e o exemplo grego. Claro que o casal declarou-se não técnico em economia, o que poderia fazer de sua opinião apenas uma anedota, no sentido filosófico (em que eles tampouco enturmam) enviesada pelo encantamento propiciado pelas ilhas da magia. Claro também que o que pode ser equivocado é pensarmos que um povo de consagrado savoir vivre é que ter-se-ia jogado ao estilo de Sodoma e Gomorra e ver-se amaldiçoado pelos deuses, Giambiagi e todo o resto dos economistas políticos e políticos propriamte de corte ortodoxo.
Só tem três maneiras de reequilibrar a economia grega, conforme aprendi com o prêmio Nobel Milton Friedman. Ou o produto fica estagnado e dá-se algum arranjo escalafobético que tudo esclarece (ou obnubila, não é mesmo?). A segunda e criativa maneira é fazer o PIB e o desemprego caírem a níveis tão baixos que tudo se harmoniza com a emiseração crescente dos, digamos, 70% mais pobres. A terceira, condenada por aquele tipo de macacada, é apostar no futuro. Já que dinheiro não existe, mas seu estoque ótimo tem relação com o PIB do passado, do presente e do futuro, então por que não apostar precisamente naquilo que resta para ser construído? Por que não fazer um programa de melhorar a adesão da economia grega à do século XXI, limpa, serena, baseada em serviços refinados?
Eu confesso que não sei. Admito que os turistas podem estar errados. Admito que o keynesianismo possa ter sido sepultado. Admito tudo, tudo pode ser. Não admito abrir mão do sonho: um certo constitucionalismo que me leva a crer que instituições sábias geram regras de funcionamento do sistema que também se tornará mais sábio.
A Grécia tem um PIB per capita maior do que o brasileiro: US$ 26 mil contra US$ 13 mil, e um Gini de 0,33 contra 0,52. Quem impede o crescimento econômico brasileiro? Eu tendo a dizer que todas as mazelas porto-alegrenses devem-se ao prefeito. Ergo, no caso do Brasil as a whole, só posso dizer que é a política, uma política de bases institucionais tíbias que impede até que haja lei do orçamento. O problema, por outro lado, com essa diferença de Ginis, é que lá há maior equalização no consumo per capita. Como tal, há mais chance de paz social, descontada precisamente a fúria que se abateu sobre eles, em virtude da política.
E quais são regras que fazem um sistema totalmente aburricado? As que regem, por exemplo, a política brasileira. Aqui não tem terremoto, nem orçamento público, nem educação decente, nem pilhas dessas coisas que, em 30 anos de decência, são conseguidas em qualquer latitude.
DdAB
P.S.: Imaginemos o que ocorrerá na Grécia, na Coréia e na China daqui a 30 anos e como será o Brasil.
P.S.S.: e a imagem do porto do Pireu veio daqui.
No jornal Zero Hora de hoje, no caderno "Viagem", p. 2, estampa-se um artigo de uma coluna tradicional ("Histórias de Viagem"). O título da hora é "A Crise Grega". Autores: João e Nícia Bastos. Dizem os articulistas:
Apesar da crise econômica que a Grécia vem atravessando, resolvemos arriscar e realizar a viagem dos nossos sonhos (mais um), porque talvez fosse uma oportunidade que no futuro não teríamos. Porém, ao chegarmos a Atenas, constatamos que a crise deve ser exclusivamente econômica, já que não se constata no turismo, no comércio, nos bares e restaurantes, passeios, etc.
Vivenciamos - o que normalnente fazemos em nossas viagens - o dia a dia de uma cidade, caminhando peas ruas, ruelas, parques, praças, ônibus e metrô onde normalmente os nativos se encontram, não só turistas, alegres, falantes, receptivos e atenciosos, predicados raros em alguns países da Europa.
Nâo entendemos! Somos turistas e não economistas ou filósofos e como tal agimos. Apesar de não negarmos, talvez a crise esteja no deesenvolvimento, na política, no PIB, nas bolsas, no euro, nos bancos, mas nos aspectos citados, os gregos continuam trabalhando ou em busca de ocupação, se aperfeiçoando, com incentivo do governo. Nâo se veem pedintes, mendigos, pivetes ou mesmo assaltos. [...].Pois aqui postei não diria uma diatribe, ainda que algo antipático à visão de Fábio Giambiagi sobre o problema do déficit previdenciário brasileiro, a maneira desigualitária de acabar com ele e o exemplo grego. Claro que o casal declarou-se não técnico em economia, o que poderia fazer de sua opinião apenas uma anedota, no sentido filosófico (em que eles tampouco enturmam) enviesada pelo encantamento propiciado pelas ilhas da magia. Claro também que o que pode ser equivocado é pensarmos que um povo de consagrado savoir vivre é que ter-se-ia jogado ao estilo de Sodoma e Gomorra e ver-se amaldiçoado pelos deuses, Giambiagi e todo o resto dos economistas políticos e políticos propriamte de corte ortodoxo.
Só tem três maneiras de reequilibrar a economia grega, conforme aprendi com o prêmio Nobel Milton Friedman. Ou o produto fica estagnado e dá-se algum arranjo escalafobético que tudo esclarece (ou obnubila, não é mesmo?). A segunda e criativa maneira é fazer o PIB e o desemprego caírem a níveis tão baixos que tudo se harmoniza com a emiseração crescente dos, digamos, 70% mais pobres. A terceira, condenada por aquele tipo de macacada, é apostar no futuro. Já que dinheiro não existe, mas seu estoque ótimo tem relação com o PIB do passado, do presente e do futuro, então por que não apostar precisamente naquilo que resta para ser construído? Por que não fazer um programa de melhorar a adesão da economia grega à do século XXI, limpa, serena, baseada em serviços refinados?
Eu confesso que não sei. Admito que os turistas podem estar errados. Admito que o keynesianismo possa ter sido sepultado. Admito tudo, tudo pode ser. Não admito abrir mão do sonho: um certo constitucionalismo que me leva a crer que instituições sábias geram regras de funcionamento do sistema que também se tornará mais sábio.
A Grécia tem um PIB per capita maior do que o brasileiro: US$ 26 mil contra US$ 13 mil, e um Gini de 0,33 contra 0,52. Quem impede o crescimento econômico brasileiro? Eu tendo a dizer que todas as mazelas porto-alegrenses devem-se ao prefeito. Ergo, no caso do Brasil as a whole, só posso dizer que é a política, uma política de bases institucionais tíbias que impede até que haja lei do orçamento. O problema, por outro lado, com essa diferença de Ginis, é que lá há maior equalização no consumo per capita. Como tal, há mais chance de paz social, descontada precisamente a fúria que se abateu sobre eles, em virtude da política.
E quais são regras que fazem um sistema totalmente aburricado? As que regem, por exemplo, a política brasileira. Aqui não tem terremoto, nem orçamento público, nem educação decente, nem pilhas dessas coisas que, em 30 anos de decência, são conseguidas em qualquer latitude.
DdAB
P.S.: Imaginemos o que ocorrerá na Grécia, na Coréia e na China daqui a 30 anos e como será o Brasil.
P.S.S.: e a imagem do porto do Pireu veio daqui.
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Economia Política
06 agosto, 2012
Potência olímpica: liderança classe A
Querido diário:
O jornal Zero Hora de hoje tem na capa uma manchete de segundo time:
Depois, na p.12, tem um artigo de Paulo Ayres (professor de educação física). Seu título é:
e, naturalmente, comenta o desempenho um tanto fora da curva do Brasil nas Olímpiadas de Londres/2012.
Claro que este tipo de liderança na gripe A é o outro lado da medalha do mau desempenho nas Olimpíadas. Saúde e educação. Segurança e saneamento. Emprego e transporte. São diversas as simetrias e variegados os paralelismos. Tenho insistido em dois conceitos interrelacionados que pareceriam capazes de dar solução a esta dupla negativa, a doença e a falta de educação (inclusive, claro, a física).
Claro que sobrou para o governo: o papel do governo deve ser fundamental nestas duas atividades. Mas seria razoável promover viagens a londres a centenas de pessoas, se outras dezenas estão morrendo por incúria dos céus ou sabe-se lá de quem?
Entâo: o primeiro mandamento é que o governo deve prover bens públicos e bens de mérito. Que quer dizer bem público? Quer dizer aquele cuja provisão jamais será feita pelo mercado, como a limpeza urbana. E bem de mérito? Aqueles cujo desejo de consumir por parte do indivíduo é menor do que aquele que a sociedade acharia conveniente. Por exemplo, o acesso à educação.
E o segundo é que ele, não apenas para reduzir ou acabar com a corrupção, deve adotar o conceito de orçamento universal. E que quer dizer universalizar os orçamentos (prefeituras, estados enquanto não forem extintos e união)? Quer dizer ir estabelecendo patamares de atendimento para todos. Por exemplo, ninguém teria direito a operações de ponte de safena, remédio para Aids, cirurgias estéticas, enquanto outras necessecidades sanitárias mais básicas, como a eliminação da barriga dágua, do lançamento de dejetos pluviais não tratados em cursos dágua, e por aí vai. Resolvidas estas questões, passar-se-ia a incorporar necessidades menos primárias. E isto não teria limite, claro. Se a produção for privada, não haveria razão para pensar que o estado a empalmaria.
DdAB
p.s.: Mais exemplos de bens de mérito: fazer dieta, fazer exercício físico e estudar. Eu mesmo, para estudar, fui subornado com uma bolsa de estudos para conhecer Oxford. Para fazer ginástica, me amarraram num poste, o que também resolveu o problema do excesso de ingesta de alimentos.
p.s.s. a imagem veio daqui. E me ocorreu aquele refrão: "a gente somos inútil".
O jornal Zero Hora de hoje tem na capa uma manchete de segundo time:
Por que o Brasil é um dos líderes mundiais em mortes por gripe A [e segue]; fatores naturais e falhas como a faslta de estratégias regionais de combate à doença explicam a incômoda posição do país.
Depois, na p.12, tem um artigo de Paulo Ayres (professor de educação física). Seu título é:
Potência ou impotência olímpica?
e, naturalmente, comenta o desempenho um tanto fora da curva do Brasil nas Olímpiadas de Londres/2012.
Claro que este tipo de liderança na gripe A é o outro lado da medalha do mau desempenho nas Olimpíadas. Saúde e educação. Segurança e saneamento. Emprego e transporte. São diversas as simetrias e variegados os paralelismos. Tenho insistido em dois conceitos interrelacionados que pareceriam capazes de dar solução a esta dupla negativa, a doença e a falta de educação (inclusive, claro, a física).
Claro que sobrou para o governo: o papel do governo deve ser fundamental nestas duas atividades. Mas seria razoável promover viagens a londres a centenas de pessoas, se outras dezenas estão morrendo por incúria dos céus ou sabe-se lá de quem?
Entâo: o primeiro mandamento é que o governo deve prover bens públicos e bens de mérito. Que quer dizer bem público? Quer dizer aquele cuja provisão jamais será feita pelo mercado, como a limpeza urbana. E bem de mérito? Aqueles cujo desejo de consumir por parte do indivíduo é menor do que aquele que a sociedade acharia conveniente. Por exemplo, o acesso à educação.
E o segundo é que ele, não apenas para reduzir ou acabar com a corrupção, deve adotar o conceito de orçamento universal. E que quer dizer universalizar os orçamentos (prefeituras, estados enquanto não forem extintos e união)? Quer dizer ir estabelecendo patamares de atendimento para todos. Por exemplo, ninguém teria direito a operações de ponte de safena, remédio para Aids, cirurgias estéticas, enquanto outras necessecidades sanitárias mais básicas, como a eliminação da barriga dágua, do lançamento de dejetos pluviais não tratados em cursos dágua, e por aí vai. Resolvidas estas questões, passar-se-ia a incorporar necessidades menos primárias. E isto não teria limite, claro. Se a produção for privada, não haveria razão para pensar que o estado a empalmaria.
DdAB
p.s.: Mais exemplos de bens de mérito: fazer dieta, fazer exercício físico e estudar. Eu mesmo, para estudar, fui subornado com uma bolsa de estudos para conhecer Oxford. Para fazer ginástica, me amarraram num poste, o que também resolveu o problema do excesso de ingesta de alimentos.
p.s.s. a imagem veio daqui. E me ocorreu aquele refrão: "a gente somos inútil".
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Economia Política
03 agosto, 2012
O Cabelo como Subproduto da Contabilidade
Querido diário:
Quando eu trabalhava no Banco da Lavoura (era 1968/69, anos que -felizmente- terminaram; sem seu término, o Brasil não teria sido tricampeão em 1970 e, menos ainda, eu teria recebido o diploma de bacharel em economia em 1972), os Beatles cantavam e o cabelo da gente crescia. Barba ou bigode o acompanhavam. Claro que, no banco, o contador, um certo sr. Carmosino, proibiu-me de usá-lo. Talvez a proibição tenha sido estendida a todos, mas o fato é que senti nos beiços o resultado: tive que rapá-lo, pois preferi a escravidão do mercado de trabalho à liberdade que desfruta quem não tem rendimentos.
Anos depois, já trabalhando na Câmara dos Vereadores, parece que barba e bigode passaram a ter mais tolerância por parte da -digamos- classe dominante e tudo deu certo.
Por aqueles tempos, um ano a mais ou outro a menos, li o fascinante livro de W. Somerset Maugham intitulado "As três mulheres de Antibes" (Porto Alegre: Globo, 1960), de que falei algumas semanas atrás. Hoje, falando em bigode, cabelo, crime e tudo o mais, destaco uma passagem da p.38, inserida no conto "Um homem de consciência". Trata-se de um apenado francês nos presídios da Guiana Francesa. Lemos a declaração do comandante:
Eu não sabia muito as razões de, em grandes multidões, cortarem-se os cabelos da turma. Claro que a explicação mais rasa é humilhá-los. Mas a outra - e para esta hipótese temos o testemunho de Toríbio Cambará (em algum lugar verissimoso), que o fazia para participar de suas malfadadas revoluções - é a higiene.
DdAB
Imagem: óbvia e recortada por mim.
Quando eu trabalhava no Banco da Lavoura (era 1968/69, anos que -felizmente- terminaram; sem seu término, o Brasil não teria sido tricampeão em 1970 e, menos ainda, eu teria recebido o diploma de bacharel em economia em 1972), os Beatles cantavam e o cabelo da gente crescia. Barba ou bigode o acompanhavam. Claro que, no banco, o contador, um certo sr. Carmosino, proibiu-me de usá-lo. Talvez a proibição tenha sido estendida a todos, mas o fato é que senti nos beiços o resultado: tive que rapá-lo, pois preferi a escravidão do mercado de trabalho à liberdade que desfruta quem não tem rendimentos.
Anos depois, já trabalhando na Câmara dos Vereadores, parece que barba e bigode passaram a ter mais tolerância por parte da -digamos- classe dominante e tudo deu certo.
Por aqueles tempos, um ano a mais ou outro a menos, li o fascinante livro de W. Somerset Maugham intitulado "As três mulheres de Antibes" (Porto Alegre: Globo, 1960), de que falei algumas semanas atrás. Hoje, falando em bigode, cabelo, crime e tudo o mais, destaco uma passagem da p.38, inserida no conto "Um homem de consciência". Trata-se de um apenado francês nos presídios da Guiana Francesa. Lemos a declaração do comandante:
-É um sujeito muito correto - explicou ele. Trabalha na seção de contabilidade e obteve permissão para deixar crescer o cabelo. Está encantado.
Eu não sabia muito as razões de, em grandes multidões, cortarem-se os cabelos da turma. Claro que a explicação mais rasa é humilhá-los. Mas a outra - e para esta hipótese temos o testemunho de Toríbio Cambará (em algum lugar verissimoso), que o fazia para participar de suas malfadadas revoluções - é a higiene.
DdAB
Imagem: óbvia e recortada por mim.
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Besteirol,
Escritos,
Vida Pessoal
02 agosto, 2012
O Mensalão, o INSS e Fábio Giambiagi
Querido diário:
Parece que a bola da vez é o julgamento de um dos milhares de casos de corrupção da república brasileira que se distingue dos demais apenas pelo nome: 'mensalão'. O que eu acho é que, quem quer que seja que vá para o xilindró, a substância da vida política e sua corrupção permanecerão um tanto impunes. A saída, claro, está na adoção do voto distrital, no voto facultativo, no cumprimento da lei do orçamento, no parlamentarismo, esse pacote manjadíssimo de reformas políticas necessárias precisamente para acabar com a corrupção.
E que fazer com os dinheirinhos sistematicamente roubados do INSS? Jà que foram roubados, desapareceram. Mas que fazer com aqueles que seriam credenciados aos bagarotes? Agora fala-se de uma mudança na lei da previdência social: autorizar a aposentar-se o homem que somar a idade ao tempo de trabalho (com dupla contagem) e alcançar a cifra de 95. Ou seja, se o garoto começa a trabalhar com 20, chega aos 55 e se aposenta. Para a mulher o número cabalístico é 85. Tudo tem a ver com o "fator previdenciário", que tem descontado até 50% do valor previsto para a aposentadoria.
E aí tem o jornal Zero Hora, na p.24 noticiando algo em que não consigo acreditar:
Claro que "o papel não se defende" e cada um diz o que bem entende. Eu, por exemplo, não consigo acreditar que esse carinha tenha dito isto. Parece-me que ele desconhece milhares de fatores relevantes e que podem modoficar este quadro imbecil de manutenção da cláusula ceteris paribus em 20 anos. O PIB crescerá muito mais do que o crescimento da população, ou seja, a renda per capita crescerá de qualquer jeito. Por que os velhos não deveriam tirar lá sua casquinha? Porque Giambiagi tem esta ojeriza ao déficit da previdência? Ou porque ele não gostaria que o imposto de renda aumentasse para cobrir eventual déficit do tesouro nacional?
O pior de tudo é que tenho a impressão de que este senhor Giambiagi não conhece o primeiro teorema do PIB: o PIB representa 100% do PIB. E, se estes 100% daqui a 20 anos representarem uma cifra expressivamente maior do que os 100% contemporâneos, segue-se logicamente que uma nova divisão dele -PIB- em partes poderá beneficiar todo mundo, inclusive os caquéticos aposentados.
DdAB
Imagem: aqui. Procurei no Google Images a palavra 'caquético'. E achei, entre outras irrelevâncias, esta linda foto que estampo com galhardia. Bem que os aposentados poderiam ter poder aquisitivo para manter um estilo de vida destes.
Parece que a bola da vez é o julgamento de um dos milhares de casos de corrupção da república brasileira que se distingue dos demais apenas pelo nome: 'mensalão'. O que eu acho é que, quem quer que seja que vá para o xilindró, a substância da vida política e sua corrupção permanecerão um tanto impunes. A saída, claro, está na adoção do voto distrital, no voto facultativo, no cumprimento da lei do orçamento, no parlamentarismo, esse pacote manjadíssimo de reformas políticas necessárias precisamente para acabar com a corrupção.
E que fazer com os dinheirinhos sistematicamente roubados do INSS? Jà que foram roubados, desapareceram. Mas que fazer com aqueles que seriam credenciados aos bagarotes? Agora fala-se de uma mudança na lei da previdência social: autorizar a aposentar-se o homem que somar a idade ao tempo de trabalho (com dupla contagem) e alcançar a cifra de 95. Ou seja, se o garoto começa a trabalhar com 20, chega aos 55 e se aposenta. Para a mulher o número cabalístico é 85. Tudo tem a ver com o "fator previdenciário", que tem descontado até 50% do valor previsto para a aposentadoria.
E aí tem o jornal Zero Hora, na p.24 noticiando algo em que não consigo acreditar:
Entre os opositores do fator 85/95, o temor é de um desequilíbrio futuro nas contas da previdência, por assegurar benefícios mais altos no momento em que a população brasileira começa a envelhecer. O economista Fabio Giambiagi, especialista em contas públicas e previdência, classifica como 'loucura' a proposta de alteração.
-Nâo consigo acreditar que o Ministério da Fazenda aceite isso. Os efeitos vão começar a ser sentidos daqui a 20 anos. É uma medida grega. A Grécia não chegou a essa situação da noite para o dia. Foram anos de irresponsabilidade - alerta.
Claro que "o papel não se defende" e cada um diz o que bem entende. Eu, por exemplo, não consigo acreditar que esse carinha tenha dito isto. Parece-me que ele desconhece milhares de fatores relevantes e que podem modoficar este quadro imbecil de manutenção da cláusula ceteris paribus em 20 anos. O PIB crescerá muito mais do que o crescimento da população, ou seja, a renda per capita crescerá de qualquer jeito. Por que os velhos não deveriam tirar lá sua casquinha? Porque Giambiagi tem esta ojeriza ao déficit da previdência? Ou porque ele não gostaria que o imposto de renda aumentasse para cobrir eventual déficit do tesouro nacional?
O pior de tudo é que tenho a impressão de que este senhor Giambiagi não conhece o primeiro teorema do PIB: o PIB representa 100% do PIB. E, se estes 100% daqui a 20 anos representarem uma cifra expressivamente maior do que os 100% contemporâneos, segue-se logicamente que uma nova divisão dele -PIB- em partes poderá beneficiar todo mundo, inclusive os caquéticos aposentados.
DdAB
Imagem: aqui. Procurei no Google Images a palavra 'caquético'. E achei, entre outras irrelevâncias, esta linda foto que estampo com galhardia. Bem que os aposentados poderiam ter poder aquisitivo para manter um estilo de vida destes.
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