Ontem, o artigo de Zero Hora assinado por Marcos Rolim, além de ser interessante por si só, levou-me a ficar pensando sobre uma frase que atribui a William Faulkner:
O passado nunca está morto. Nem é mesmo passado.
Eu, na primeira reação, achei maravilhoso. Depois comecei a pensar e acho que tem muita coisa para ser dita. A primeira delas é que a consciência humana tem três traços: do presente, do passado e do futuro. No caso do futuro, não temos -lógico- consciência do que acontecerá, mas de que haverá algum futuro. Creio que viverei até, pelo menos, a próxima respirada. Mas nada garanto. E se a próxima respirada não rolar? Segue-se que o terceiro movimento, a visão do futuro, tem seu charme. Mas o segundo movimento, os tempos presentes? Neles, há, claro, espaço para passado e para futuro. E quanto ao passado propriamente?
Por um lado, os americanos falam que bygones are bygones, numa tentativa de "largar o osso", numa tentativa de deixar o passado perder seu curso, finar-se, deletar-se. Há milhares de razões que nos levam a esquecer o passado. Tanto é que também se fala na importante arte de virar a página, deixar para lá, esquecer e até perdoar, tudo farinha do mesmo saco.
E tem outro lado amargo: e coisas que aconteceram e que não são de meu conhecimento? Por exemplo, um jantar elegantíssimo no Ritz, ou sei lá onde? Estarei condenado a nunca ver este presente, o que me impede de também vê-lo no passado? Só mesmo redistribuindo a renda...
DdAB
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