05 julho, 2012

A Fase de Cortar Direitos aos Trabalhadores

Querido Blog:
Claro que sabemos que evidentemente as obviedades de que o capitalismo vive por fases são ululantes. Altos e baixos, ao longo de uma trajetória ascendente. Ciclo econômico, cabendo -se quisermos- ao governo o papel de alisar as oscilações do PIB e, principalmente, do consumo per capita. Parece evidente obviedade que o consumo per capita vem aumentando ao longo destes últimos 200 anos, se tão pouco. E parece evidente que, volta e meia, ele experimenta um revés e dá uma fraquejada. No Brasil de hoje, quero dizer 2012, ainda não terminou a rifa sobre qual será o valor do PIB. Hoje, propriamente ontem, já ouvi os primeiros arautos de uma elevação de menos de 2%, quando já se chegou a falar em elevação de 3,5%. 3,5%, com exagero é um terço do crescimento chinês.

Ocorre que, em todo o mundo ocidental, por barbeiragens vintenárias na condução da política monetária, a economia entrou num ciclo descendente com clara causação emergindo dos intermediários financeiros. Estas desregulamentações que causaram o caos americano de 2007 e 2008 e levaram a sonolência também à economia europeia um par de anos depois, parece óbvio, devem-se ao que se costuma chamar de neoliberalismo. Este, a meu ver, tem como característica principal mesmo é o corte de direitos trabalhistas. A enorme instabilidade no emprego (lá deles) causou tão forte ameaça ao sindicalismo que o poder de barganha da classe trabalhadora foi para níveis inimagináveis há 30 anos.

Os ecos no Brasil são permanentes. Fizeram-se tantas reformas no sistema da previdência social que nem sabemos mais quem tem direito ao quê. Claro que há direitos esdrúxulos, como as aposentadorias dos cônjuges de juízes, ganhando seus tradicionais R$ 33 mil. E também a aposentada esposa do sr. condutor de ônibus, que ganhará lá seus R$ 700 vírgula zero zero. Estes dois lados, o apoio a aposentadorias escandalosas e o pau nos direitos da verdadeira classe trabalhadora, são comuns aos governos brasileiros também há 20 ou 25 anos.

O que nunca é levado em conta, nunca vi estudo brasileiro, é qual o impacto sobre a produtividade do sistema de manterem-se empregos para pessoas com 67 anos de idade, deixando no desemprego os jovens de, digamos, 25. Claro que, na fase de cortar direitos, esta é uma questão irrelevante.

DdAB
P.S. Imagem daqui. Quem é mesmo o carinha das mãos de tesoura acima? FHC, Lula, Dilma? "Corta, Dilma"?

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