querido diário:
como bem sabemos, o corpo humano divide-se em três partes, ao passo que as principais organizações (mecanismos) econômicas dividem-se em comunidade, estado e mercado. e penso que mais ou menos nesta ordem de surgimento. tudo diferente do que vemos hoje, tudo tão essencialmente parecido. o mais perverso deles, o que mais favorece a centralização é o estado, ainda que a comunidade pratique cada falha de arrepiar e o mercado permita o uso da força, o uso do poder econômico descambando para a violência personalizada.
quando o PT assumiu a prefeitura de Porto Alegre, no início de 1989, eu andava por fora. digo, por fora do Brasil, acompanhando apenas à distância os desdobramentos da tentativa de democratização da ação governamental na administração de uma cidade grande brasileira. em resposta aos impactos recíprocos (comunidade na "Administração Popular" e desta na comunidade), demorei, mas enfim entendi, que o grande objetivo de uma coalizão partidária liderada por um partido atento à necessidade de democratização seria delegar aos funcionários públicos municipais a principal tarefa de gerir a execução do orçamento público.
isto quer dizer que não haveria CCs -os "cargos em comissão"- nem haveria nomeações "de cima para baixo", ou seja, todos os cargos de chefia seriam preenchidos por vencedores em eleições abarcando o eleitorado cabível. ainda que pudessem ser inscritas em "listas tríplices" à escolha final do prefeito, a eleição, o princípio do "aqui nós é que manda" seria fundamental, deveria ter sido cultivado desde o início. eu mesmo apenas capturei este axioma anos depois do começo do esclarecimento de que o que estávamos vendo era o aparelhamento da administração municipal. a exemplo de todos os governos anteriores, inclusive os prepostos dos militares. nada mudou, ainda que a "Administração Poplar" tenha feito um bom governo. nada mudou? claro que mudou em algo importante para a vida cotidiana das pessoas citadinas, mas meu balanço -mesmo neste caso- começa com a contagem dos meninos de rua.
moral da história: vejo na p.8 de Zero Hora de hoje que "Aliados de Tarso [nosso novel governador a partir do ano que vem] afirmam que governador tem o direito constitucional de escolher sua equipe." tudo à propos da nomeação que a governadora (cujo direito de nomear sua equipe está sendo checado pelos 'aliados') fez do presidente do Instituto Riograndense do Arros, ou como quer que tenham passado a chamá-lo. fez-se uma lei dizendo que este cargo seria preenchido pelo escolhido pelo/a governador/a a partir de uma lista tríplice gerada pelos associados do próprio Instituto, o Irga.
sabemos que nunca creio 100% no que leio! mas leio cada uma de corar frade de pedra. e li o seguinte:
"O texto desrespeitaria a Constituição Estadual. Ao obrigar o governador a decidir entre três nomes, estaria limitando sua prerrogativa constitucional de escolher a própria equipe."
te segura que vem mais:
"A inconstitucionalidade também estaria presente ao instituir um mandato de dois anos para o presidente do Irga. O governador tem o direito de exonerar ou nomear cargos de confiança quando bem entender."
pois bem, eu pensei: Tarso parecia estar encaminhando-se para fazer um governo de pacificação. mas aparentemente ele não controla seu partido que mantém seus piores genes estalinistas, achando que o estado é hegelianamente a encarnação do espírito supremo. desesperado, ainda consigo balbuciar: pode? e responder caetanescamente: "quem pode pode, quem não pode se sacode". e os meninos de rua que sigam exercendo a condição, como sugeriria Raul Seixas, de palhaços que comem lixo.
DdABpeguei aqui e editei a imagem acima.
2 comentários:
EEEEEEEEEEEI, Duilio! estou dando só uma passadinha pra dizer alô e deixar um sorriso pra você. Adorei a imagem da postagem La vie en rose.
Logo, logo volto as postagens.
Beijão.
MdPB
preciso responder, Da Paz? adorei o sorriso. sei que há novidades residenciais. não há pressa para ir vivendo. nem todos os planetas têm 23 horas, entendo que no planeta da paz, há, na verdade, 30 horas diárias!!!
DdAB
Postar um comentário