27 março, 2010
18 ou 81?
querido blog:
quando completei 18 anos (e agora não vejo a hora de inverter e chegar logo aos 81), comuniquei a minha família que iria abandonar os estudos e, por ter-me arrependido de ter aprendido tudo o que então sabia, que iria dedicar-me à bebida, pois sabia que diziam que ela faz a gente esquecer tudo, ainda que às vezes também faça a gente esquecer que esqueceu...
fiz uma lista de 314,16 itens que deveria olvidar, começando com "anacoreta" e "aniz", passando por "bactérias, algas, fungos, líquens, briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas", e culminando com "zeugma". não listei "alfa" e o resto do alfabeto grego e do convencional, pois já os esqueci. encafifado com as 0,16 coisas que deveria esquecer, lembrei de Benoit Mandelbrot e o conceito de superfície fracionária. se bem lembro, para ele, a área da Grã-Bretanha era de dimensão 2,1416, ao contrário da mais convencional dimensão em metros quadrados e seus múltiplos e submúltiplos (eita, conhecimentozinhos bons de esquecer...).
a família considerou que já houvera outras manifestações de inquietação que se desvaneciam após o lauto prândio dominical (epa!). decidiu esperar mais alguns dias, antes de chamar os ome. meses depois, fui aprovado no vestibular da Faculdade de Ciências Econômicas da UFRGS. nos primeiros dias de aula do concorrido ano de 1968, cheguei à legenda: "só bebendo!".
DdAB
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2 comentários:
Para quem bebe, 18 e 81 são a mesma coisa: uma espécie de 1881 ou 8118, sei lá. Eu já bebi para esquecer e acabei esquecendo de ser bêbado. Viver já é um porre.
(Sílvio)
Nem quero meus 18 e muito menos chegar aos 81. Quero viver o suficiente, antes que meu joelho seja assunto de alguma conversa entre amigos.
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