querido blog:
eu jurava que fizera uma postagem sobre o artigo "Um passo atrás; o emprego cresceu menos que o PIB", de Waldir Quadros, nas p.66-69 Carta Capital de 13/jan/2010. fiz o que pude para rastrear, mas o que rastreei mesmo foi esta imagem acima, do Google Images, sob o título de "egoísmo". como eu procurara "virtude" e "produtividade", foi o que demais estético apareceu na primeira peneirada. fiquei com ela. é bonita. e inspirou-me a expandir o título com o tema "amigos do proletariado". se bem lembro, Marx a usou lá num dos opúsculos sobre salário, preço, capital. ou é o um ou é o dois, caso me não falhe a memória. a guria encoberta pela ave lembra-me a Avalovara, e pode estar manifestando egoísmo, mas eu não notei, embora possa ver alguns pecados capitais: ira, soberba, sei lá, que não sou bom nisto de ver pecados no rosto da turma...
este artigo é o terceiro a que me propus endereçar comentários (Delfim Neto e Luiz Belluzzo foram os demais) e que vieram da Carta Capital que me chegou do Brasil ainda em janeiro. eu é que andei atarefado com o lazer... se adivinhei certo, o autor não é economista de formação e, como tal, diz coisas muito interessantes... mas há um terrível mal-entendido sobre quais são realmente os verdadeiros problemas quando se analisa o trabalho assalariado e o capital, quando se analisam os salários, os preços e os lucros.
e nem falo da tecnicalidade que, em alguns dos momentos em que escreveu sobre o assunto, o próprio Marx ainda não diferenciava "trabalho" de "força de trabalho". no livro de contabilidade social que um dia sairá do prelo, nas partes que me competem, busquei salientar as questões conceituais falando em "produtores, fatores e instituições", como toda matriz de contabilidade social de respeito deve fazer. mas lá eu e os amigos dizíamos que nada há de errado de chamarmos os produtores de produtores (por contraste, exemplificadamente, de capitalistas ou o que seja). nem as instituições de instituições (ainda assim, o mais bonitinho é dizermos que há três e apenas três tipos de "organizações" econômicas: produtores, fatores e instituições. e, claro, retificar "fatores" para "locatários dos fatores de produção". por que locatários? porque seus proprietários são as instituições.
elas rastreiam entre seus integrantes os que detêm maiores chance de ganhar sucesso no mercado de trabalho e para lá se dirigem (a turbulenta esfera do mercado, o de trabalho) para alugarem os serviços dos fatores pertinentes (consultas médicas, pizzaiolagem, mecânica de automóveis, varreção de ruas romanas, cuidados com a casinha alugada, cuidados com as açõezinhas aplicadas na City, sabe-se lá).
obviamente, esta estilização não explica toda a distribuição funcional da renda, pois o afamado -para os que me lêem regularmente- bloco B33 da mesma MaCS trata de transferências interinstitucionais (assemelhadas às do bloco B11 que notabilizaram Wassili Leontief). um dia, vou pegar uma pilha de matrizes e fazere a Curva de Stone, ou seja, ver se o volume total de transferências interinstitucionais cresce mais do que as interindustriais, é uma função da renda per capita. obviamente, esta coisa de "curva de Stone" é um plágo da "curva de Kusnetz", mas deixará muito neguinho de boca aberta, como já deixou minha sentença apoteótica de que poupança não é renda (se supusermos que os fatores não poupam, isto é, se eles transferem integralmente o produto que ganham às instituições). aliás, nem produto nem despesa, não é, meu?
pois bem, então passemos a olhar com mais detalhe algumas sentenças de Waldir Quadros. acho possível que não tenha sido ele que fez o título do artigo, pois a Carta Capital -que deveria ser minha revista de esquerda- embarafusta por caminhos nacionalistas que me fazem corar (de vermelho, lógico, com ódio e solidariedade à cor da massa do sangue do povo). ou seja, saberão lá os economistas que quando dividimos o pib pelo emprego chegamos à produtividade do trabalho. e ver esta fração aumentar significa aumento da produtividade e também deve significar para as mentes menos irrequietas com trivialidades motivo de alegria e satisfação. mantida constante a distribuição funcional (absoluta), isto significaria, por exemplo, mas transferências (via salários ou o que seja) às famílias paupérrimas, com programas do corte da Bolsa Família do Presidente Lula ou da renda básica universal, do Senador Eduardo Suplicy (tou mais com o último, como sabemos, mas não na parte da namoradinha que entregou a Martinha para a Veja na eleição de Serrinha).
pois bem, não era? vou citar uma frase-parágrafo e sua nota de rodapé, que falam mais do que tudo o que eu já disse sobre o tema desde que fui aprovado no vestibular de economia (apesar da fraude na prova de geografia...). lá vai:
Enquanto o PIB cresceu 25,9% no quinquênio 2004-2008, a expansão das oportunidades individuais para se obter uma ocupação foi de apenas 13,5%.^1
^1 No período 1998-2003, para uma expansão do PIB de 10,8%, a ocupação cresceu 14,5%, refletindo os estímulos da maxidesvalorização cambial de 1999. No período 1993-1997, com a vigência da âncora cambial do Plano Real, a ocupação cresceu míseros 7,4% ante os 21,6% do PIB.
falou. com entonação daquela personagem da TV que era, sabidamente, deficiente cognitiva. confundir eficiência produtiva com eficiência distributiva é um dos maiores demonstrativos de prejuízo que os "amigos do proletariado" podem carrear ao balanço geral societário, não é isto?
DdAB
p.s.: para rimar com "the most dead" do outro dia, só mesmo pensando que um cara que foi tão mal lido só pode mesmo é estar revirando na tumba de Highgate pensando no que fez de errado para ser tão mal interpretado.
28 fevereiro, 2010
24 fevereiro, 2010
Marx: the most dead
querido blog:
procurei no Google Images o seguinte: "Marx" e "the most dead". Marx, em sua tradicional foto da lupa e dedo-na-casaca, barbudão, desgrenhado, está na p.53 da Carta Capital de 13/jan/2010, de que retirei algumas frases de Delfim Neto e enderecei comentários. hoje, sigo com o texto de Luiz Gonzaga Belluzzo. tenho mais afinidades com ele do que com Delfim, claro. mas também tenho lá minhas severas divergências. sou internacionalista.
explico a busca no Google e o que localizei instead:
.a. Marx: se não achei Marx não será que ele é mesmo "the most dead"
.b. se procurei "the most dead" será que não estava citando a porta de banheiro da Biblioteca da Universidade de Sussex que li em, digamos 10 de fevereiro de 1978? lá havia um diálogo que, creio, era retórico e com letra do segundo participante falsificada (com tradução minha):
-Por que Marx tem o maior túmulo no Cemitério de Highgate?
-Porque ele é o mais morto!
claro que isto já é exageiro, Marx está muito longe da morte, se é que Highgate é apenas uma metáfora para a herança intelectual de quem quer que seja.
ok, Belluzzo faz alguns movimentos iniciais e diz algo que reproduzo ipsis litteris:
O processo de urbanização brasileiro juntou crescimento rápido, especulação imobiliária, aumento da desigualdade e marginalização crescente dos contingentes 'expulsos' de seus pagos. Não é difícil entender que as criaturas da urbanização patológica tivessem projetado seus espectros no cotidiano vivido pelos brasileiros nos dias de hoje. A desregrada ocupação do solo, a favelização, a desconstituição familiar e a precariedade do sistema educacional estão na raiz da violência urbana -organizada e desorganizada - das já não inesperadas tragédias de verão, dos fracassos brasileiros nas olimpíadas de matemática e das interpretações de textos. A persistência dessas mazelas não desenha o futuro que muitos antecipam ao projetar um desempenho brilhante da economia. Esse futuro é, sim, possível, mas a experiência histórica comprova que o sucesso econômico está longe de assgurar o progresso social.
ele fez uma síntese poderosíssima de tudo! em resumiria como sendo a gênese da sociedade desigual, ou melhor, o aprofundamento acelerado da brecha desigualitária. em breve, estudarei, com SM, coisas da urbanização dos anos 1940. é evidente que a desigualdade já existia antes disso, mas tentarei medir (com muita dificuldade, nem precisava dizer) com os índices tradicionais (Gini, Theil-T, Theil-L e Atkinson).
claro que agora, que sabemos que a renda básica está para o século XXI assim como o fim da escravatura esteve para o século XIX e o voto feminino para o século XX, podemos falar nela como sendo o erro daquele tempo em que nem o voto masculino era realmente importante. o Brasil era tão atrasado que a instituição do trabalho escravo que hoje vemos denunciada volta e meia pelo Ministério do Trabalho já era personagem dos livros dos romancistas nordestinos.
esta expulsão do homem do campo dos últimos 70 anos foi uma tragédia irreversível. é impossível pensarmos que os tetranetos de gente de grotões, ambientados em rodas produtivas (automóveis) ou destrutivas (cocaína) em São Paulo, aceitarão um incentivo como a renda básica para voltar ao Crato ou a Três Passos. tem gente que, como disseram da onça socada por Jeca Tatu: "até hoje está correndo". foge-se do campo com a onça ao Biotônico Fontoura...
claro que "desigualdade" vai muito além de "desigualdade na distribuição da renda". claro que educação, como comidinhas na escola, uniformezinhos dados pela diretora, esportezinhos conduzidos por um professor, artezinha ordenada por uma professora, tabuadinhas acenadas por jovens esbeltos/as, são redistributivos, permitem que o neto de Jeca Tatu descubra seus objetivos na vida e ganhe ganas de lutar por eles.
o mesmo vale para a saúde da avó do Jeca Tatu, que vivia enfurnada em cantos ermos, turvos e sombrios, que a levaram a ter mais 250 filhos, todos tatuzinhos, e tenha recebido o encargo de criá-los, pois seu daddy tomou tatuzinho, o formicida dos anos 1950. claro que dos 250 filhos apenas uns 25 prosperaram, mas isto gerou a crise: foram mais uns 23 evadidos do campo. todos poderiam ter ficado, estudando inovações agrárias, a fim de não sermos obrigados a ouvir por tanto tempo a churumela industrializante.
para mim, não tem dúvida de quem deveria ter feito tudo isto: o governo dos homens. até que possamos substituí-lo pela administração das coisas. agora vejamos Belluzzo, falando de três dificuldades já constatadas em meados da década de 1970:
.a. criação de instrumentos e instituições de mobilização da poupança doméstica, particularmente para suportar o financiamento de longo prazo (e eu diria, enorme capacidade de destruir os que foram criados, como o Banco Nacional da Habitação e os, digamos, 3% ou 4% da renda nacional, na forma de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço; precisaríamos de apenas mais 18% para termos taxas de crescimento garantida de uns 6% ou 7%, não é isto?)
.b. reestruturação e modernização da grande empresa de capital nacional e de suas relações como o Estado (maiúsculas lá dele) e com os mercados globais
.c. constrituição do que Fernando Fajnzylber chamava de 'núcleo endógeno de inovação tecnológica'.
não posso contestar estes três pontos. mas fico a indagar-me o que isto significa, trocando em miúdos. é a mesma coisa que criar oportunidades educacionais-empresariais e de saúde para os, digamos 120 milhões de pés-de-chinelo? moradia decente? transporte decente? nem falo em emprego decente, pois é evidente que não haverá empregos para todos na Petrobrás ou na Embraer, que pagam os salários mais apetitosos. é que, se meu filho tem direito de um dentista em sua escola, o dentista tem direito a um emprego precisamente na mesma escola. isto é sociedade igualitária.
quem vai criar a engenharia financeira para gerar poupança? quem vai reestruturar a grande empresa nacional? quem vai gastar em inovação tecnológica? por que não jogar o governo a fazer o que os deuses ou o próprio governo teriam que fazer de qualquer jeito? a saber, a Brigada Ambiental Mundial. afinal, não estamos no limiar do final do estado nacional?
aí ele fala no "vício do câmbio valorizado". eu sempre me pergunto: como sabe? e, se sabe, e daí? quem deveria corrigir os desvios deste viciado? é evidente que, algum dia, o capital especulativo (dos leais escudeiros brasileiros e traiçoeiros estrangeiros) vai querer sair fora. e é evidente que os agentes que quiserem envolver-se na especulação é que devem ser penalizados.
para terminar com concordância, lá vai:
Diante da admiração internacional e do sucesso doméstico alcançados pelo presidente (Lula) corre-se o risco de sufocar com aplausos o espírito crítico. As políticas públicas e sociais dos últimos 14 anos foram, sim, impulsionadas por um ambiente democrático, malgrado o nariz torcido de muitos praticantes da utopia. Isto ocorreu na contramão do ethos neoliberal, imperante no mundo nos últimos anos, que tratou de promover a ética intolerante dos vencedores, aquela que não deixa ao desamparado, ao inferiorizado, senão a alternativa de massacrar a própria autoestima. A 'individualização' do fracasso, inscrita nos pórticos da concorrência desaçaimada, não permite ao derrotado compartilhar com os outros um destino comum provocado pela desordem do sistema social. O reconhecimento social é uma preciosa forma de remuneração não monetária. E essa retribuição tornas-se cada vez mais escassa quando o desemprgo e a desigualdade prosperam em meio a uma eufórica comemoração do sucesso do indivíduo.
parece que ele também andou lendo o Wilkinson sobre a desigualdade.
DdAB
procurei no Google Images o seguinte: "Marx" e "the most dead". Marx, em sua tradicional foto da lupa e dedo-na-casaca, barbudão, desgrenhado, está na p.53 da Carta Capital de 13/jan/2010, de que retirei algumas frases de Delfim Neto e enderecei comentários. hoje, sigo com o texto de Luiz Gonzaga Belluzzo. tenho mais afinidades com ele do que com Delfim, claro. mas também tenho lá minhas severas divergências. sou internacionalista.
explico a busca no Google e o que localizei instead:
.a. Marx: se não achei Marx não será que ele é mesmo "the most dead"
.b. se procurei "the most dead" será que não estava citando a porta de banheiro da Biblioteca da Universidade de Sussex que li em, digamos 10 de fevereiro de 1978? lá havia um diálogo que, creio, era retórico e com letra do segundo participante falsificada (com tradução minha):
-Por que Marx tem o maior túmulo no Cemitério de Highgate?
-Porque ele é o mais morto!
claro que isto já é exageiro, Marx está muito longe da morte, se é que Highgate é apenas uma metáfora para a herança intelectual de quem quer que seja.
ok, Belluzzo faz alguns movimentos iniciais e diz algo que reproduzo ipsis litteris:
O processo de urbanização brasileiro juntou crescimento rápido, especulação imobiliária, aumento da desigualdade e marginalização crescente dos contingentes 'expulsos' de seus pagos. Não é difícil entender que as criaturas da urbanização patológica tivessem projetado seus espectros no cotidiano vivido pelos brasileiros nos dias de hoje. A desregrada ocupação do solo, a favelização, a desconstituição familiar e a precariedade do sistema educacional estão na raiz da violência urbana -organizada e desorganizada - das já não inesperadas tragédias de verão, dos fracassos brasileiros nas olimpíadas de matemática e das interpretações de textos. A persistência dessas mazelas não desenha o futuro que muitos antecipam ao projetar um desempenho brilhante da economia. Esse futuro é, sim, possível, mas a experiência histórica comprova que o sucesso econômico está longe de assgurar o progresso social.
ele fez uma síntese poderosíssima de tudo! em resumiria como sendo a gênese da sociedade desigual, ou melhor, o aprofundamento acelerado da brecha desigualitária. em breve, estudarei, com SM, coisas da urbanização dos anos 1940. é evidente que a desigualdade já existia antes disso, mas tentarei medir (com muita dificuldade, nem precisava dizer) com os índices tradicionais (Gini, Theil-T, Theil-L e Atkinson).
claro que agora, que sabemos que a renda básica está para o século XXI assim como o fim da escravatura esteve para o século XIX e o voto feminino para o século XX, podemos falar nela como sendo o erro daquele tempo em que nem o voto masculino era realmente importante. o Brasil era tão atrasado que a instituição do trabalho escravo que hoje vemos denunciada volta e meia pelo Ministério do Trabalho já era personagem dos livros dos romancistas nordestinos.
esta expulsão do homem do campo dos últimos 70 anos foi uma tragédia irreversível. é impossível pensarmos que os tetranetos de gente de grotões, ambientados em rodas produtivas (automóveis) ou destrutivas (cocaína) em São Paulo, aceitarão um incentivo como a renda básica para voltar ao Crato ou a Três Passos. tem gente que, como disseram da onça socada por Jeca Tatu: "até hoje está correndo". foge-se do campo com a onça ao Biotônico Fontoura...
claro que "desigualdade" vai muito além de "desigualdade na distribuição da renda". claro que educação, como comidinhas na escola, uniformezinhos dados pela diretora, esportezinhos conduzidos por um professor, artezinha ordenada por uma professora, tabuadinhas acenadas por jovens esbeltos/as, são redistributivos, permitem que o neto de Jeca Tatu descubra seus objetivos na vida e ganhe ganas de lutar por eles.
o mesmo vale para a saúde da avó do Jeca Tatu, que vivia enfurnada em cantos ermos, turvos e sombrios, que a levaram a ter mais 250 filhos, todos tatuzinhos, e tenha recebido o encargo de criá-los, pois seu daddy tomou tatuzinho, o formicida dos anos 1950. claro que dos 250 filhos apenas uns 25 prosperaram, mas isto gerou a crise: foram mais uns 23 evadidos do campo. todos poderiam ter ficado, estudando inovações agrárias, a fim de não sermos obrigados a ouvir por tanto tempo a churumela industrializante.
para mim, não tem dúvida de quem deveria ter feito tudo isto: o governo dos homens. até que possamos substituí-lo pela administração das coisas. agora vejamos Belluzzo, falando de três dificuldades já constatadas em meados da década de 1970:
.a. criação de instrumentos e instituições de mobilização da poupança doméstica, particularmente para suportar o financiamento de longo prazo (e eu diria, enorme capacidade de destruir os que foram criados, como o Banco Nacional da Habitação e os, digamos, 3% ou 4% da renda nacional, na forma de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço; precisaríamos de apenas mais 18% para termos taxas de crescimento garantida de uns 6% ou 7%, não é isto?)
.b. reestruturação e modernização da grande empresa de capital nacional e de suas relações como o Estado (maiúsculas lá dele) e com os mercados globais
.c. constrituição do que Fernando Fajnzylber chamava de 'núcleo endógeno de inovação tecnológica'.
não posso contestar estes três pontos. mas fico a indagar-me o que isto significa, trocando em miúdos. é a mesma coisa que criar oportunidades educacionais-empresariais e de saúde para os, digamos 120 milhões de pés-de-chinelo? moradia decente? transporte decente? nem falo em emprego decente, pois é evidente que não haverá empregos para todos na Petrobrás ou na Embraer, que pagam os salários mais apetitosos. é que, se meu filho tem direito de um dentista em sua escola, o dentista tem direito a um emprego precisamente na mesma escola. isto é sociedade igualitária.
quem vai criar a engenharia financeira para gerar poupança? quem vai reestruturar a grande empresa nacional? quem vai gastar em inovação tecnológica? por que não jogar o governo a fazer o que os deuses ou o próprio governo teriam que fazer de qualquer jeito? a saber, a Brigada Ambiental Mundial. afinal, não estamos no limiar do final do estado nacional?
aí ele fala no "vício do câmbio valorizado". eu sempre me pergunto: como sabe? e, se sabe, e daí? quem deveria corrigir os desvios deste viciado? é evidente que, algum dia, o capital especulativo (dos leais escudeiros brasileiros e traiçoeiros estrangeiros) vai querer sair fora. e é evidente que os agentes que quiserem envolver-se na especulação é que devem ser penalizados.
para terminar com concordância, lá vai:
Diante da admiração internacional e do sucesso doméstico alcançados pelo presidente (Lula) corre-se o risco de sufocar com aplausos o espírito crítico. As políticas públicas e sociais dos últimos 14 anos foram, sim, impulsionadas por um ambiente democrático, malgrado o nariz torcido de muitos praticantes da utopia. Isto ocorreu na contramão do ethos neoliberal, imperante no mundo nos últimos anos, que tratou de promover a ética intolerante dos vencedores, aquela que não deixa ao desamparado, ao inferiorizado, senão a alternativa de massacrar a própria autoestima. A 'individualização' do fracasso, inscrita nos pórticos da concorrência desaçaimada, não permite ao derrotado compartilhar com os outros um destino comum provocado pela desordem do sistema social. O reconhecimento social é uma preciosa forma de remuneração não monetária. E essa retribuição tornas-se cada vez mais escassa quando o desemprgo e a desigualdade prosperam em meio a uma eufórica comemoração do sucesso do indivíduo.
parece que ele também andou lendo o Wilkinson sobre a desigualdade.
DdAB
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Economia Política
23 fevereiro, 2010
Lições para 2010 e mais...
querido blog:
bonitinha esta montagem sobre a "idade da pedra", não é? ou era "dormir como uma pedra", que teria saído arrevezado lá nos arquivos do Google Images? o fato é que quero falar sobre o futuro do Brasil, as eleições, essas coisas. o tema é evocado (selecionei há dias para postar) por uma entrevista que Antonio Delfim Netto deu para a Carta Capital, nas p.32-36 de 13/jan/2010. o ambiente ainda rescendia ao novo ano e ele disse uma piadinha espetacular sobre a Idade da Pedra.
falava que, muito antes que acabe o petróleo, ele será substituído como principal fonte de geração de energia no planeta que ora habitamos. e aí veio: a Idade da Pedra não acabou por falta de pedra. claro que segue-se que ela acabou porque foram criadas tecnologias mais refinadas para lidar com aquela, por assim dizer, macacada.
há dezenas de boas tiradas. outra: quando entra dinheiro, entra vento, mas quando sai, saem bens, serviços e empregos. claro que a idéia é retoricamente charmosa, mas formalmente equivocada. nem vou discutir. pois há outras proposições mais facilmente enquadráveis nas regras da discussão baseada na ciência econômica.
primeiro: "a excessiva valorização do real está destruindo as cadeias produtivas". pois esta é uma questão interessante. quais cadeias produtivas? a do automóvel? a do boi morto? acho que os bois mortos estão mais vivos, se me não expresso mal, do que nunca. o rebanho é enorme, as exportações são enormes e a geração de emprego e renda são enormes. emprego? eu disse emprego? que interessa o emprego, a quem interessa? acho que apenas bocós é que consideram que o ideal humano é ter um emprego.
mas há uma previsão: no ano que vem, o país vai ter uma surpresa enorme: um buraco nas contas correntes. esta eu quero ver. claro que haverá pilhas de coisas que ele mantém constantes para fazer a previsão e que variarão. será difícil, no caso de vermos o buraco, sabermos se ele foi mesmo provocado pelo câmbio supervalorizado. aliás, como é mesmo que sabemos que o câmbio está supervalorizado? diria ele que a taxa de juros interna deveria ser igual à externa. isto é um erro de teoria: devia, ceteris paribus, mas como algumas condições divergem, a taxa de juros faz muito bem em diferir substantivamente da externa, pelo menos para corrigir o risco de aplicar abaixo da linha do equador, essas coisas.
qual é mesmo o problema se os juros são altos? naquela linha da eficiência marginal do capital, o que me parece óbvio é que os projetos de rentabilidade ridícula é que são filtrados por essa taxa de juros alta. ou queremos mais lojinhas de fim-de-linha de bonde elétrico? ou queremos mais oficininhas mecânicas geridas por trabalhadores precarizados pela ignorância e doença física e mental? ou queremos que os donos de botecos que vendem cachaça a quem ganha menos de R$ 1.000 por mês ampliem suas maviosas instalações?
queremos capitalismo? eu, já disse, quero capitalismo com reformas democráticas que conduzam ao socialismo. quero que os "amigos do proletariado" que lhe desejam reservar os mercados domésticos, os empregos etc., seja mdesmascarados: quem gosta de trabalhador é quem inventou a renda básica. com renda básica decente (mais de R$ 1.000 por mês), quero é ver o que vai acontecer com os salários de equilíbrio do mercado e, como tal, com as empresas incompetentes, como essa do vendedor de cachaça.
ele, Delfim, volta a atacar a questão das metas de inflação, dizendo que é certo que o Brasil pode crescer a 5%a.a. independentemente da razão incremental produto/capital. esta é bonita, claro que não pode, sô. parece evidente que há relações importantes entre formação de capital e crescimento dos períodos futuros. parece evidente que o estoque de capital deve crescer mais aceleradamente, para permitir a substituição ado trabalho vivo por trabalho morto, isto é, o capital itself. condutor de trem? para que, se no Brasil nem há trens e se os houver eles virão com tecnologia que prescinde 100% do emprego desse tipo de mão-de-obra. aquele negócio de tecnologia intermediária, apropriada, é uma balela de quem não tem coragem de olhar para o teorema fundamental da renda (a renda é 100% da renda) e, como tal, discutir os problemas distribuitivos do sistema.
ao mesmo tempo, devemos lembrar que, nas duas décadas perdidas, os Estados Unidos cresceram mais do que o Brasil (é mais ou menos isto...). e agora, que louvamos o etanol, Delfim nos alerta que, no ano de 2020, os Estados Unidos estarão inundando o mundo com etanol eficientíssimo energeticamente falando. (daí o fim da pedra não ser necessário para o fim da Idade da Pedra...). diz ele, muito ajuizadamente: os Estados Unmidos voltarão a crescer por serem o único país onde há inovação e crédito. e também concorda comigo [:)] com o fato de que a riqueza chinesa poderá trazer um enorme abalo à estabilidade política e, como tal, à própria estabilidade econômica, difícil de manter-se num fio de navalha de 10%a.a..
por fim, sua última frase é: "O Congresso precisa assumir seu papel, que é o de produzir o Orçamento, fiscalizar a sua execução." e a minha: claro! no dia em que isto ocorrer, os ladrões abandonarão a política.
DdAB
bonitinha esta montagem sobre a "idade da pedra", não é? ou era "dormir como uma pedra", que teria saído arrevezado lá nos arquivos do Google Images? o fato é que quero falar sobre o futuro do Brasil, as eleições, essas coisas. o tema é evocado (selecionei há dias para postar) por uma entrevista que Antonio Delfim Netto deu para a Carta Capital, nas p.32-36 de 13/jan/2010. o ambiente ainda rescendia ao novo ano e ele disse uma piadinha espetacular sobre a Idade da Pedra.
falava que, muito antes que acabe o petróleo, ele será substituído como principal fonte de geração de energia no planeta que ora habitamos. e aí veio: a Idade da Pedra não acabou por falta de pedra. claro que segue-se que ela acabou porque foram criadas tecnologias mais refinadas para lidar com aquela, por assim dizer, macacada.
há dezenas de boas tiradas. outra: quando entra dinheiro, entra vento, mas quando sai, saem bens, serviços e empregos. claro que a idéia é retoricamente charmosa, mas formalmente equivocada. nem vou discutir. pois há outras proposições mais facilmente enquadráveis nas regras da discussão baseada na ciência econômica.
primeiro: "a excessiva valorização do real está destruindo as cadeias produtivas". pois esta é uma questão interessante. quais cadeias produtivas? a do automóvel? a do boi morto? acho que os bois mortos estão mais vivos, se me não expresso mal, do que nunca. o rebanho é enorme, as exportações são enormes e a geração de emprego e renda são enormes. emprego? eu disse emprego? que interessa o emprego, a quem interessa? acho que apenas bocós é que consideram que o ideal humano é ter um emprego.
mas há uma previsão: no ano que vem, o país vai ter uma surpresa enorme: um buraco nas contas correntes. esta eu quero ver. claro que haverá pilhas de coisas que ele mantém constantes para fazer a previsão e que variarão. será difícil, no caso de vermos o buraco, sabermos se ele foi mesmo provocado pelo câmbio supervalorizado. aliás, como é mesmo que sabemos que o câmbio está supervalorizado? diria ele que a taxa de juros interna deveria ser igual à externa. isto é um erro de teoria: devia, ceteris paribus, mas como algumas condições divergem, a taxa de juros faz muito bem em diferir substantivamente da externa, pelo menos para corrigir o risco de aplicar abaixo da linha do equador, essas coisas.
qual é mesmo o problema se os juros são altos? naquela linha da eficiência marginal do capital, o que me parece óbvio é que os projetos de rentabilidade ridícula é que são filtrados por essa taxa de juros alta. ou queremos mais lojinhas de fim-de-linha de bonde elétrico? ou queremos mais oficininhas mecânicas geridas por trabalhadores precarizados pela ignorância e doença física e mental? ou queremos que os donos de botecos que vendem cachaça a quem ganha menos de R$ 1.000 por mês ampliem suas maviosas instalações?
queremos capitalismo? eu, já disse, quero capitalismo com reformas democráticas que conduzam ao socialismo. quero que os "amigos do proletariado" que lhe desejam reservar os mercados domésticos, os empregos etc., seja mdesmascarados: quem gosta de trabalhador é quem inventou a renda básica. com renda básica decente (mais de R$ 1.000 por mês), quero é ver o que vai acontecer com os salários de equilíbrio do mercado e, como tal, com as empresas incompetentes, como essa do vendedor de cachaça.
ele, Delfim, volta a atacar a questão das metas de inflação, dizendo que é certo que o Brasil pode crescer a 5%a.a. independentemente da razão incremental produto/capital. esta é bonita, claro que não pode, sô. parece evidente que há relações importantes entre formação de capital e crescimento dos períodos futuros. parece evidente que o estoque de capital deve crescer mais aceleradamente, para permitir a substituição ado trabalho vivo por trabalho morto, isto é, o capital itself. condutor de trem? para que, se no Brasil nem há trens e se os houver eles virão com tecnologia que prescinde 100% do emprego desse tipo de mão-de-obra. aquele negócio de tecnologia intermediária, apropriada, é uma balela de quem não tem coragem de olhar para o teorema fundamental da renda (a renda é 100% da renda) e, como tal, discutir os problemas distribuitivos do sistema.
ao mesmo tempo, devemos lembrar que, nas duas décadas perdidas, os Estados Unidos cresceram mais do que o Brasil (é mais ou menos isto...). e agora, que louvamos o etanol, Delfim nos alerta que, no ano de 2020, os Estados Unidos estarão inundando o mundo com etanol eficientíssimo energeticamente falando. (daí o fim da pedra não ser necessário para o fim da Idade da Pedra...). diz ele, muito ajuizadamente: os Estados Unmidos voltarão a crescer por serem o único país onde há inovação e crédito. e também concorda comigo [:)] com o fato de que a riqueza chinesa poderá trazer um enorme abalo à estabilidade política e, como tal, à própria estabilidade econômica, difícil de manter-se num fio de navalha de 10%a.a..
por fim, sua última frase é: "O Congresso precisa assumir seu papel, que é o de produzir o Orçamento, fiscalizar a sua execução." e a minha: claro! no dia em que isto ocorrer, os ladrões abandonarão a política.
DdAB
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21 fevereiro, 2010
Dualismo no Mercado de Trabalho do séc.XXI
querido blog:
depois de horas de luta, conseguimos:
.a. ir de Florença a Perúgia, quando queríamos ir a Ancona, mas vimos pilhas da Toscana
.b. vir de Perúgia a Pescara, quando queríamos apenas vir de Perúgia a Pescara, mas andamos mais montes de estradas vicinais (algumas contra a vontade), mas aparentemente chegamos.
ainda no clima da última postagem e do que vi em Florença, falarei sobreo dualismo no mercado de trabalho do futuro. terei lido o que segue num papelzinho encontrado entre duas latas de lixo, num nicho, numa rua escura entre uma rua completamente banhada por luz branca e outra por chuva, ambas perto do Palácio Picci, ou não era isto...
seja como for o que segue deixa-se ler como dois pontos. aquela encrenca da teoria do valor trabalho serviu para argumentarmos a favor da melhoria das condições de trabalho da classe trabalhadora. também teria servido, segundo o próprio Marx, para vermos o segredo do fetichismo das mercadorias revelado ao observador atento. pois bem, com o dinheiro fiduciário aparentemente tornou-se ainda mais claro que existe um solvente universal que permite a troca de mercadorias (com mais ou menos estabilidade no nível geral de preços) que nos distancia ainda mais dos momentos iniciais das trocas, quando víamos perfeitamente que uma hora de trabalho de um ferreiro trocava-se precisamente por uma hora de trabalho de um pedreiro, de um médico, e por aí vai (corrigidos para o custo de treinamento nessas profissões).
hoje em dia, de acordo com as funções de produção possíveis, o trabalho ainda é um elemento fundamental para a produção de mercadorias. mas a relação entre a hora de trabalho do ferreiro, a do aviador e a do publicitário torna-se cada vez mais difusa, mais obnubilada por milhares de intermediações: o que vemos é mesmo relação de compra e venda.
vejo um enorme descompasso entre os requerimentos do mercado de trabalho contemporâneo em uma de suas manifestações dualísticas
não acho que demore o dia em que todo o trabalho precário venha a ser substituído por trabalho decente. e boa parte do trabalho decente seja ainda mais substituída por "trabalho" de máquinas. o que me parece vigorar hoje é que o mercado de trabalho tornou-se um elemento de entrave do desenvolvimento das forças produtivas. em geral ele tem sido incapaz de disseminar a relação de emprego. os excedentes mundiais de mão-de-obra são tão escandalosos que torna-se ainda mais escandalosa a acusação de que as fábricas chinesas são cheias de trabalhadores com menos de 10 anos de idade (eu disse "idade" e não "escolarização"). ou seja, o de que se necessita no mundo -de plano- é a criação de critérios de racionamento dos postos de trabalho. a redução da jornada de trabalho, a concessão de três dias de repouso remunerado semanal, a ampliação do número de dias de férias por ano, a entrada retardada no mercado de trabalho e a aposentadoria precoce. (e, claro, imposto de renda de 150% para quem detiver segundo emprego).
neste mundo onírico quem deve distribuir o excedente social será mesmo a renda básica. ou seja, todo mundo ganha renda básica. no Brasil, caso cada brasileiro em idade ativa ganhe R$ 1.000 por mês, gastam-se apenas 40% da renda, ficando os demais 60% para os demais destinos da renda: remuneração dos capitalistas e receita do governo em impostos indiretos líquidos de subsídios. e aí veremos a segunda manifestação, a mais característica do século XXI, do dualismo deste peculiar mercado.
nesse mundo em que não será preciso trabalhar para viver (quem quiser ganhar apenas R$ 1.000), é claro que as empresas terão que caprichar em ofertas de trabalho para pagarem R$ 1 anuais, ou R$ 10 ou sei-lá-quanto. Eu, por exemplo, dados meus proventos da aposentadoria, apenas aceitaria abrir mão de meu lazer por mais de R. 3.141,6 mensais, uma atitude irracional, segundo alguns.
segue-se logicamente que a relação de trabalho seria mudada de tal forma que haveria dois tipos de trabalho. digamos que um deles seja programar computadores e o outro seja restaurar obras de arte do Galeria dos Ofícios (Firenze, não é isto?). neste caso, sigo pensando em meu caso -e por isto uso o marcador "Vida Pessoal"- de aposentado, mas mudado para um jovem detentor de renda básica bem atraente (mais de R$ 1.000, por suposto). então restar-me-ia ir aos leilões de oportunidades de emprego. se eu quisesse aumentar meus ativos, venderia habilidades computacionais pelos citados pi x 1.000, ao passo que se meu desejo fosse restaurar desenhos de Leonardo, então eu iria a leilões comprar por, digamos R$ 50.000 o direito de fazê-lo, digamos, por dois anos. como ficou moda dizer: "é a economia, bobão".
é o mercado, não é isto? e que impede a trajetória virtuosa? acho que, entre outros, é a macacada que pensa que ainda estamos no século XIX e faz uma luta sindical compatível com o século XVIII: políticos e sindicalistas, ou seja, a dualidade expressa nas duas sílabas da palavra la-drão.
DdAB
p.s.: dei-me conta -mais claramente- de duas coisas: acabou o horário de verão no Brasil e todas as minhas postagens aparecem com o horário que o Google entende como sendo meu, pois minha conta é brasileira. por alguma razão cibernética, a postagem de hoje, que fiz às 20h08min do horário dos brasileiros em Pescara (no inverno local), apareceu como das 16h08min. agora a diferença é de apenas duas horas. logo, deveria ter aparecido 20h08min mesmo, ou pelo menos 18h08min, não era isto?
depois de horas de luta, conseguimos:
.a. ir de Florença a Perúgia, quando queríamos ir a Ancona, mas vimos pilhas da Toscana
.b. vir de Perúgia a Pescara, quando queríamos apenas vir de Perúgia a Pescara, mas andamos mais montes de estradas vicinais (algumas contra a vontade), mas aparentemente chegamos.
ainda no clima da última postagem e do que vi em Florença, falarei sobreo dualismo no mercado de trabalho do futuro. terei lido o que segue num papelzinho encontrado entre duas latas de lixo, num nicho, numa rua escura entre uma rua completamente banhada por luz branca e outra por chuva, ambas perto do Palácio Picci, ou não era isto...
seja como for o que segue deixa-se ler como dois pontos. aquela encrenca da teoria do valor trabalho serviu para argumentarmos a favor da melhoria das condições de trabalho da classe trabalhadora. também teria servido, segundo o próprio Marx, para vermos o segredo do fetichismo das mercadorias revelado ao observador atento. pois bem, com o dinheiro fiduciário aparentemente tornou-se ainda mais claro que existe um solvente universal que permite a troca de mercadorias (com mais ou menos estabilidade no nível geral de preços) que nos distancia ainda mais dos momentos iniciais das trocas, quando víamos perfeitamente que uma hora de trabalho de um ferreiro trocava-se precisamente por uma hora de trabalho de um pedreiro, de um médico, e por aí vai (corrigidos para o custo de treinamento nessas profissões).
hoje em dia, de acordo com as funções de produção possíveis, o trabalho ainda é um elemento fundamental para a produção de mercadorias. mas a relação entre a hora de trabalho do ferreiro, a do aviador e a do publicitário torna-se cada vez mais difusa, mais obnubilada por milhares de intermediações: o que vemos é mesmo relação de compra e venda.
vejo um enorme descompasso entre os requerimentos do mercado de trabalho contemporâneo em uma de suas manifestações dualísticas
não acho que demore o dia em que todo o trabalho precário venha a ser substituído por trabalho decente. e boa parte do trabalho decente seja ainda mais substituída por "trabalho" de máquinas. o que me parece vigorar hoje é que o mercado de trabalho tornou-se um elemento de entrave do desenvolvimento das forças produtivas. em geral ele tem sido incapaz de disseminar a relação de emprego. os excedentes mundiais de mão-de-obra são tão escandalosos que torna-se ainda mais escandalosa a acusação de que as fábricas chinesas são cheias de trabalhadores com menos de 10 anos de idade (eu disse "idade" e não "escolarização"). ou seja, o de que se necessita no mundo -de plano- é a criação de critérios de racionamento dos postos de trabalho. a redução da jornada de trabalho, a concessão de três dias de repouso remunerado semanal, a ampliação do número de dias de férias por ano, a entrada retardada no mercado de trabalho e a aposentadoria precoce. (e, claro, imposto de renda de 150% para quem detiver segundo emprego).
neste mundo onírico quem deve distribuir o excedente social será mesmo a renda básica. ou seja, todo mundo ganha renda básica. no Brasil, caso cada brasileiro em idade ativa ganhe R$ 1.000 por mês, gastam-se apenas 40% da renda, ficando os demais 60% para os demais destinos da renda: remuneração dos capitalistas e receita do governo em impostos indiretos líquidos de subsídios. e aí veremos a segunda manifestação, a mais característica do século XXI, do dualismo deste peculiar mercado.
nesse mundo em que não será preciso trabalhar para viver (quem quiser ganhar apenas R$ 1.000), é claro que as empresas terão que caprichar em ofertas de trabalho para pagarem R$ 1 anuais, ou R$ 10 ou sei-lá-quanto. Eu, por exemplo, dados meus proventos da aposentadoria, apenas aceitaria abrir mão de meu lazer por mais de R. 3.141,6 mensais, uma atitude irracional, segundo alguns.
segue-se logicamente que a relação de trabalho seria mudada de tal forma que haveria dois tipos de trabalho. digamos que um deles seja programar computadores e o outro seja restaurar obras de arte do Galeria dos Ofícios (Firenze, não é isto?). neste caso, sigo pensando em meu caso -e por isto uso o marcador "Vida Pessoal"- de aposentado, mas mudado para um jovem detentor de renda básica bem atraente (mais de R$ 1.000, por suposto). então restar-me-ia ir aos leilões de oportunidades de emprego. se eu quisesse aumentar meus ativos, venderia habilidades computacionais pelos citados pi x 1.000, ao passo que se meu desejo fosse restaurar desenhos de Leonardo, então eu iria a leilões comprar por, digamos R$ 50.000 o direito de fazê-lo, digamos, por dois anos. como ficou moda dizer: "é a economia, bobão".
é o mercado, não é isto? e que impede a trajetória virtuosa? acho que, entre outros, é a macacada que pensa que ainda estamos no século XIX e faz uma luta sindical compatível com o século XVIII: políticos e sindicalistas, ou seja, a dualidade expressa nas duas sílabas da palavra la-drão.
DdAB
p.s.: dei-me conta -mais claramente- de duas coisas: acabou o horário de verão no Brasil e todas as minhas postagens aparecem com o horário que o Google entende como sendo meu, pois minha conta é brasileira. por alguma razão cibernética, a postagem de hoje, que fiz às 20h08min do horário dos brasileiros em Pescara (no inverno local), apareceu como das 16h08min. agora a diferença é de apenas duas horas. logo, deveria ter aparecido 20h08min mesmo, ou pelo menos 18h08min, não era isto?
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Economia Política,
Vida Pessoal
19 fevereiro, 2010
Empregos Privilegiados
querido blog:
nunca sepode confiar excessivamente na internet. eu juraria que estas costas são de David, de Michelangelo. eu juraria estar em Florença e juraria ter visto vendedores ambulantes e dezenas de outros trabalhadores informais. e juraria ter pensado, mais uma vez, no problema do emprego e nas condições que fazem o homem ser um não-gato. quando estive aqui pela primeira vez, já pensava que havia algo de errado com não-sei-bem-lá-o-quê, mas na linha do fim do comunismo e dos limites do próprio estado capitalista, que hoje chamamos de nacional-desevolvimentismo.
naquela época, devisei o slogan "informação e fiscalização" como sendo o binômio definitório da ação governamental. então, Bowles não escrevera seu livro de microeconomia, eu não o lera e não modelava com suficiente ardor o papel da comunidade na vida societária. seja como for, se o governo tornasse a informação grátis, da mesma forma que tornou grátis os serviços médicos no Reino Unido e em outras paragens, os médicos ainda desfrutando de um padrão de vida substancialmente diferenciado do restante da população (que eles atendem e com quem, portanto, não podem identificar-se), haveria uma substantiva expansão da fronteira de possibilidades de produção, com visíveis ganhos societários.
com fiscalização haveria menos fraudes de tudo o que é tipo, inclusive esta fraude que são os trabalhadores informais. eles não pagam impostos, eles sujam as ruas, eles não têm compromissos com o que quer que seja, informação, fiscalização, o que seja, eles não têm garantia para seus produtos, eles vivem à sombra de outra indústria ainda mais problemática, a que os abastece, que vive por causa deles.
estes senhores tomaram as ruas de Florença, Paris, Pescara e todas as cidades em que já pisei, piso e pisarei. eles deveriam ser subornados a aceitarem empregos decentes (no jargão da Organização Internacional do Trabalho). eles gostariam apenas de sobreviver, não necessariamente mostrando-se insistentes em ganharem esmolóides, ou seja, arremedos de esmolas.
parece evidente que, com os atuais arranjos societários, não há empregos para todos. o que há -sim- é renda para todos, pois o teorema fundamental da renda diz que a renda corresponde a 100% da renda. ou seja, o problema não é de produzir os 100% mas de criar regras que permitam distribuí-los de uma forma que seja virtuosa sob o ponto de vista social.
claro que, não fossem os incentivos monetários que recebi da PUCRS durante 10 anos, eu não teria sido professor-pesquisador daquela loja universitária. mas, ao mesmo tempo, não é óbvio que fui privilegiado pelo fato de ter podido contar com um emprego de dar inveja a muitos economistas? Bowles discutiu, pela primeira vez de meu conhecimento, um artigo que discutia a razão que impede as empresas de venderem empregos. pois, contemplando aquele derrière de David, eu fiquei pensando quanto alguém estaria disposto a pagar, de sorte a tornar-se o indivíduo credenciado a restaurar alguma parte daquele mármore sito em proximidade ao Rio Arno. ou restaurar a Mona Lisa, lá do Rio Sena. uma grana.
ou seja, já que não podemos dar empregos para todos, que garantamos o ócio remunerado de todos. e os fiscais de camelôs seriam atraídos com rendimentos superiores aos da renda básica universal, ou seja, a renda que os próprios camelôs ganhariam para não fazer nada, inclusive não chatear os turistas nem fraudar o governo, essas coisas.
DdAB
nunca sepode confiar excessivamente na internet. eu juraria que estas costas são de David, de Michelangelo. eu juraria estar em Florença e juraria ter visto vendedores ambulantes e dezenas de outros trabalhadores informais. e juraria ter pensado, mais uma vez, no problema do emprego e nas condições que fazem o homem ser um não-gato. quando estive aqui pela primeira vez, já pensava que havia algo de errado com não-sei-bem-lá-o-quê, mas na linha do fim do comunismo e dos limites do próprio estado capitalista, que hoje chamamos de nacional-desevolvimentismo.
naquela época, devisei o slogan "informação e fiscalização" como sendo o binômio definitório da ação governamental. então, Bowles não escrevera seu livro de microeconomia, eu não o lera e não modelava com suficiente ardor o papel da comunidade na vida societária. seja como for, se o governo tornasse a informação grátis, da mesma forma que tornou grátis os serviços médicos no Reino Unido e em outras paragens, os médicos ainda desfrutando de um padrão de vida substancialmente diferenciado do restante da população (que eles atendem e com quem, portanto, não podem identificar-se), haveria uma substantiva expansão da fronteira de possibilidades de produção, com visíveis ganhos societários.
com fiscalização haveria menos fraudes de tudo o que é tipo, inclusive esta fraude que são os trabalhadores informais. eles não pagam impostos, eles sujam as ruas, eles não têm compromissos com o que quer que seja, informação, fiscalização, o que seja, eles não têm garantia para seus produtos, eles vivem à sombra de outra indústria ainda mais problemática, a que os abastece, que vive por causa deles.
estes senhores tomaram as ruas de Florença, Paris, Pescara e todas as cidades em que já pisei, piso e pisarei. eles deveriam ser subornados a aceitarem empregos decentes (no jargão da Organização Internacional do Trabalho). eles gostariam apenas de sobreviver, não necessariamente mostrando-se insistentes em ganharem esmolóides, ou seja, arremedos de esmolas.
parece evidente que, com os atuais arranjos societários, não há empregos para todos. o que há -sim- é renda para todos, pois o teorema fundamental da renda diz que a renda corresponde a 100% da renda. ou seja, o problema não é de produzir os 100% mas de criar regras que permitam distribuí-los de uma forma que seja virtuosa sob o ponto de vista social.
claro que, não fossem os incentivos monetários que recebi da PUCRS durante 10 anos, eu não teria sido professor-pesquisador daquela loja universitária. mas, ao mesmo tempo, não é óbvio que fui privilegiado pelo fato de ter podido contar com um emprego de dar inveja a muitos economistas? Bowles discutiu, pela primeira vez de meu conhecimento, um artigo que discutia a razão que impede as empresas de venderem empregos. pois, contemplando aquele derrière de David, eu fiquei pensando quanto alguém estaria disposto a pagar, de sorte a tornar-se o indivíduo credenciado a restaurar alguma parte daquele mármore sito em proximidade ao Rio Arno. ou restaurar a Mona Lisa, lá do Rio Sena. uma grana.
ou seja, já que não podemos dar empregos para todos, que garantamos o ócio remunerado de todos. e os fiscais de camelôs seriam atraídos com rendimentos superiores aos da renda básica universal, ou seja, a renda que os próprios camelôs ganhariam para não fazer nada, inclusive não chatear os turistas nem fraudar o governo, essas coisas.
DdAB
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Economia Política
16 fevereiro, 2010
soclaismo ou barbárie
querido blog:
não tá muito de primeira esta imagem do carinha do filme Paris, Texas, não é isto? mas é ele mesmo! lá, no Texas, devia estar um calor ensurdecedor, por assim dizer. a Paris de la Seine estava frígida. Pescara está mais para Porto Alegre nuns daqueles dias frios sem humidade de, digamos, julho.
faço agora as últimas reflexões desta série dedicada a minha estada em Paris. foram sete ou oito dias de intensa felicidade (índice por mim calculado, baseado em minha renda (1.000), auto-avaliação na escala de Likert (5) e avaliação de terceiros (1 na escala 0-1).
mas não eram estas evocações auto-biográficas que eu queria trazer, ou melhor, não eram apenas elas. a certa altura, chocado com a dualidade presente mesmo em Paris, claro que não tão escrachada como a que vi em Montevidéu. por exemplo, não admito em absoluto a presença de moradores de rua na rua. o lugar de morador de rua é num asilo para moradores de rua, claro. tampouco admito esmoladores -variante do verbo almolar, não é isto?- e, como tal, esmoleres, estes seres arrogantes que acham que compram a paz do mundo atirando dinheirinhos aos atirados.
em minha opinião, o menino de rua, o senhor de rua, a senhora de rua, o velho de rua, a avó de rua, tudo, tudo isto é a mesma patologia dos sistemas sociais de há muitos séculos. em Paris, lia-se às mancheias (mancheias, meu?, que é isto?; o Aurelião diz que é mainça ou maunça): j'ai faim. os ingleses, que não ficam atrás em matéria de associação ao Clube das Baixarias, diziam: can you spare 20p for a cup of tea?. o Prof. MR dizia: "por que não pedes a tua rainha?", ou ainda "cup of tea? no; i give alimonies only noble ends: drinking".
ao mesmo tempo, li um l'Humanité, raquitíssimo jornalzinho de 70 mil exemplares, 20 páginas e 1,30E$ vários elogios ao emprego. quase que o chamei de "finado l'Humanité. mas vejamos a p.4: "Nous voulons soutenir l'emploi des jeunes non pas en faisant baisser le coût du travail [...]". Basta, não precisa ir além dos três pontinhos. é claro que a Sra. Évelyne Ternant, autora da frase só pode ter sido doutrinada por economistas do mais baixo grau de criatividade para a captura das grandes lições do século XX, apregoadas desde -presumo- muito antes do momento em que Keynes denunciou o "desemprego tecnológico".
o que será que esta pobre criatura entende por "custo do trabalho"? em reais? ou cruzados novos? não seria o caso de pensar em quantidade monetária por peça produzida? e, neste caso, é óbvio que teria que baixar, baixar e baixar, tender a zero! ou seja, quero dizer que o trabalhador, tendencialmente, deve ganhar 0,01 cruzados novos por unidade produzida. e, com isto, a renda dele, seria infinitamente superior à renda básica universal, a qual -como sabemos- tiraria da rua os meninos de rua e seus "benfeitores alimonescos".
o mundo que busca as reformas democráticas que conduzam ao socialismo não pode estar pensando em elevar o custo do trabalho por peça. só pode ser louco, fora da realidade a criatura que assim pensa. só pode estar ajudando a contenar ao opróbio os milhões de desvalidos que hoje habitam a França, a Europa e a Bahia propriamente dita. [um dia, li o que parece constituir o original deste verso, lá num daqueles câmara-cascudos daqueles].
segundo lugar: emprego de jovens? ora, onde estamos? na China, que sustenta o emprego -ouvi e não sei se é lama- de jovens de oito anos de idade, revigorando a mais olímpica tradição inglesa, galhardamente copiada pelas demais nações européias? no Serviço Municipal e sua Brigada Ambiental Mundial, não há emprego remunerado para quem não tem menos de 24 anos de idade, que é declarado inadulto e, como tal, trancafiado em escolas, universidades, academias de ginástica, clínicas de embelezamento, essas coisas que os menores de 24 anos filhos de ricos já fazem em seu dia-a-dia.
Cornelius Castoriadis ou Claude Leford? socialismo ou barbárie? não gosto de ser arauto do pessimismo, o fato concreto é que juro que já estamos na barbárie. Jaguari e Pescara têm em comum uma horda de desempregados que não recebem a criativa resposta de permitir-lhes desenvolverem suas potencialidades. nem que seja a de geraram empregos para dentistas, psicólogos, podólogos, professorinhas de inglês, francês e alemão, matemática, física e química, essas coisas que fazem a festa da vida dos filhos dos ricos.
DdAB
não tá muito de primeira esta imagem do carinha do filme Paris, Texas, não é isto? mas é ele mesmo! lá, no Texas, devia estar um calor ensurdecedor, por assim dizer. a Paris de la Seine estava frígida. Pescara está mais para Porto Alegre nuns daqueles dias frios sem humidade de, digamos, julho.
faço agora as últimas reflexões desta série dedicada a minha estada em Paris. foram sete ou oito dias de intensa felicidade (índice por mim calculado, baseado em minha renda (1.000), auto-avaliação na escala de Likert (5) e avaliação de terceiros (1 na escala 0-1).
mas não eram estas evocações auto-biográficas que eu queria trazer, ou melhor, não eram apenas elas. a certa altura, chocado com a dualidade presente mesmo em Paris, claro que não tão escrachada como a que vi em Montevidéu. por exemplo, não admito em absoluto a presença de moradores de rua na rua. o lugar de morador de rua é num asilo para moradores de rua, claro. tampouco admito esmoladores -variante do verbo almolar, não é isto?- e, como tal, esmoleres, estes seres arrogantes que acham que compram a paz do mundo atirando dinheirinhos aos atirados.
em minha opinião, o menino de rua, o senhor de rua, a senhora de rua, o velho de rua, a avó de rua, tudo, tudo isto é a mesma patologia dos sistemas sociais de há muitos séculos. em Paris, lia-se às mancheias (mancheias, meu?, que é isto?; o Aurelião diz que é mainça ou maunça): j'ai faim. os ingleses, que não ficam atrás em matéria de associação ao Clube das Baixarias, diziam: can you spare 20p for a cup of tea?. o Prof. MR dizia: "por que não pedes a tua rainha?", ou ainda "cup of tea? no; i give alimonies only noble ends: drinking".
ao mesmo tempo, li um l'Humanité, raquitíssimo jornalzinho de 70 mil exemplares, 20 páginas e 1,30E$ vários elogios ao emprego. quase que o chamei de "finado l'Humanité. mas vejamos a p.4: "Nous voulons soutenir l'emploi des jeunes non pas en faisant baisser le coût du travail [...]". Basta, não precisa ir além dos três pontinhos. é claro que a Sra. Évelyne Ternant, autora da frase só pode ter sido doutrinada por economistas do mais baixo grau de criatividade para a captura das grandes lições do século XX, apregoadas desde -presumo- muito antes do momento em que Keynes denunciou o "desemprego tecnológico".
o que será que esta pobre criatura entende por "custo do trabalho"? em reais? ou cruzados novos? não seria o caso de pensar em quantidade monetária por peça produzida? e, neste caso, é óbvio que teria que baixar, baixar e baixar, tender a zero! ou seja, quero dizer que o trabalhador, tendencialmente, deve ganhar 0,01 cruzados novos por unidade produzida. e, com isto, a renda dele, seria infinitamente superior à renda básica universal, a qual -como sabemos- tiraria da rua os meninos de rua e seus "benfeitores alimonescos".
o mundo que busca as reformas democráticas que conduzam ao socialismo não pode estar pensando em elevar o custo do trabalho por peça. só pode ser louco, fora da realidade a criatura que assim pensa. só pode estar ajudando a contenar ao opróbio os milhões de desvalidos que hoje habitam a França, a Europa e a Bahia propriamente dita. [um dia, li o que parece constituir o original deste verso, lá num daqueles câmara-cascudos daqueles].
segundo lugar: emprego de jovens? ora, onde estamos? na China, que sustenta o emprego -ouvi e não sei se é lama- de jovens de oito anos de idade, revigorando a mais olímpica tradição inglesa, galhardamente copiada pelas demais nações européias? no Serviço Municipal e sua Brigada Ambiental Mundial, não há emprego remunerado para quem não tem menos de 24 anos de idade, que é declarado inadulto e, como tal, trancafiado em escolas, universidades, academias de ginástica, clínicas de embelezamento, essas coisas que os menores de 24 anos filhos de ricos já fazem em seu dia-a-dia.
Cornelius Castoriadis ou Claude Leford? socialismo ou barbárie? não gosto de ser arauto do pessimismo, o fato concreto é que juro que já estamos na barbárie. Jaguari e Pescara têm em comum uma horda de desempregados que não recebem a criativa resposta de permitir-lhes desenvolverem suas potencialidades. nem que seja a de geraram empregos para dentistas, psicólogos, podólogos, professorinhas de inglês, francês e alemão, matemática, física e química, essas coisas que fazem a festa da vida dos filhos dos ricos.
DdAB
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11 fevereiro, 2010
Musée du Quai Branly
querido blog:
no outro dia visitei o Musée du Quai Branly.
esta foto (e a que a segue) é do Google Images:
há milhares de outras: clique e viaje! digo que não é minha foto, pois é de verão. ontem, tirei duas ou três on my own, com traços de neve. esta vegetação, vemos no link, torna-se -como dizia Teobaldo Miranda Santos- luxuriante no verão. voltarei, um dia volto, pois já inseri este museu entre meus preferidos de Paris.
acho mesmo que o erro do prefeito de Jaguari foi não ter-se eleito prefeito de Paris... mas, aparentemente, por razões estranhas, tenho -nos últimos 40 anos- visitado mais a Europa e a França do que Jaguari, por onde passo correndo (no ônibus noturno) volta e meia. um dia, vou a Jaguari de carro, mas tenho medo de não mais sair de lá... aqui, a coisa é diferente: gostaria de voltar mil (ou seja, 10^3) vezes, mas é certo que não gostaria de morar for good.
ontem, olhei -não lembro onde foi- alguma coisa sobre Jorge Luis Borges, acentuando-se algumas declarações dele sobre gostar mais do indivíduo do que do estado e culminar dizendo-se anarquista. eu já lera isto num livrinho que tenho na terceira prateleira do armário da frente da porta em Porto Alegre. pois não foi outra coisa que me sacudiu enquanto eu caminhava pelos corredores (inspirados no Museu Guggenheim de Frank Lloyd Wright de Nova Iorque, i presume, como deverão ser todos os museus do mundo, i presume).
o indivíduo, o indivíduo, o indivíduo. vamos substituir o governo dos homens pela administração das coisas. dentro de poucos séculos, de uma só vez, estaremos livres do trabalho desagradável e do estado, este desagradável ninho de ladrões. seja como for, diz o ticket de uns 10 euros do museu: là où dialoguent les cultures. traduzo: "proletários de todos os países, uni-vos."
DdAB
p.s.: surpresa? nada do que é humano me é estranho...
no outro dia visitei o Musée du Quai Branly.
esta foto (e a que a segue) é do Google Images:
há milhares de outras: clique e viaje! digo que não é minha foto, pois é de verão. ontem, tirei duas ou três on my own, com traços de neve. esta vegetação, vemos no link, torna-se -como dizia Teobaldo Miranda Santos- luxuriante no verão. voltarei, um dia volto, pois já inseri este museu entre meus preferidos de Paris.
acho mesmo que o erro do prefeito de Jaguari foi não ter-se eleito prefeito de Paris... mas, aparentemente, por razões estranhas, tenho -nos últimos 40 anos- visitado mais a Europa e a França do que Jaguari, por onde passo correndo (no ônibus noturno) volta e meia. um dia, vou a Jaguari de carro, mas tenho medo de não mais sair de lá... aqui, a coisa é diferente: gostaria de voltar mil (ou seja, 10^3) vezes, mas é certo que não gostaria de morar for good.
ontem, olhei -não lembro onde foi- alguma coisa sobre Jorge Luis Borges, acentuando-se algumas declarações dele sobre gostar mais do indivíduo do que do estado e culminar dizendo-se anarquista. eu já lera isto num livrinho que tenho na terceira prateleira do armário da frente da porta em Porto Alegre. pois não foi outra coisa que me sacudiu enquanto eu caminhava pelos corredores (inspirados no Museu Guggenheim de Frank Lloyd Wright de Nova Iorque, i presume, como deverão ser todos os museus do mundo, i presume).
o indivíduo, o indivíduo, o indivíduo. vamos substituir o governo dos homens pela administração das coisas. dentro de poucos séculos, de uma só vez, estaremos livres do trabalho desagradável e do estado, este desagradável ninho de ladrões. seja como for, diz o ticket de uns 10 euros do museu: là où dialoguent les cultures. traduzo: "proletários de todos os países, uni-vos."
DdAB
p.s.: surpresa? nada do que é humano me é estranho...
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10 fevereiro, 2010
Les Halles e von Neumann
querido blog:
estilo "querido blog" é assim mesmo: relatos personalizadíssimos sobre experiências pessoais. falta de objetividade para julgar situações que não espelham relações contábeis. é o caso, por exemplo, da agora insofismável pronúncia (como nunca terá deixado de ser) do Forum Les Halles (leále). ao fundo dele, forum, vemos a Catedral de São Eustáquio. gótica, linda, fechada para reforma.
a Igreja Católica está mesmo precisando de uma. um menino de rua disse-me que, se os padres fossem casados, as mulheres tomariam conta deles mais eficientemente do que o atual sistema. anuí.
se eu errei ao julgar a Igreja Católica, que também viabilizou a Catedral de Notre Dame de Paris, e -mais sério ainda- errei a pronúncia de Les Halles, que dizer do erro que já apresentei aqui, amado blog, da pronúncia de John von Neumann, que deduzi ser "vonneuman" e era mesmo, provavelmente, "fon nóiman". errare humanum est, vivo dizendo. e traduzindo por "erraram há um ano no leste."
melhor tradução é a de Carlos Drummond de Andrade: libertas quae sera tamem por liberta que serás também. até hoje indago-me quando é que pintará essa libertação. cheguei a pensar que a vitória é libertar dos Estados Unidos e hoje entendo que precisamos é libertar-nos dos políticos, isto é, dos ladrões.
diz um livrinho de turisno em Paris que o povo não gosta dos arcos de Les Halles. uma vez que eu não me atreveria a duvidar do povo de Paris, duvido é da fonte. acho que o inglês que escreveu aquele blim-blim-blim é que estava errado. e por falar em arquitetura, o Musée Quai Bray oslt é algo espantosamente maravilhoso. assim, são pelo menos três momentos importantes em minha vida na cidade em que os comunistas detiveram o poder por uns tempoinhos, fracassando anyway:
.a. o Museu Gerges Pompidou
.b. a Cidade da Ciência
.c. o Musei Cais Bray oslt.
DdAB
DdAB
estilo "querido blog" é assim mesmo: relatos personalizadíssimos sobre experiências pessoais. falta de objetividade para julgar situações que não espelham relações contábeis. é o caso, por exemplo, da agora insofismável pronúncia (como nunca terá deixado de ser) do Forum Les Halles (leále). ao fundo dele, forum, vemos a Catedral de São Eustáquio. gótica, linda, fechada para reforma.
a Igreja Católica está mesmo precisando de uma. um menino de rua disse-me que, se os padres fossem casados, as mulheres tomariam conta deles mais eficientemente do que o atual sistema. anuí.
se eu errei ao julgar a Igreja Católica, que também viabilizou a Catedral de Notre Dame de Paris, e -mais sério ainda- errei a pronúncia de Les Halles, que dizer do erro que já apresentei aqui, amado blog, da pronúncia de John von Neumann, que deduzi ser "vonneuman" e era mesmo, provavelmente, "fon nóiman". errare humanum est, vivo dizendo. e traduzindo por "erraram há um ano no leste."
melhor tradução é a de Carlos Drummond de Andrade: libertas quae sera tamem por liberta que serás também. até hoje indago-me quando é que pintará essa libertação. cheguei a pensar que a vitória é libertar dos Estados Unidos e hoje entendo que precisamos é libertar-nos dos políticos, isto é, dos ladrões.
diz um livrinho de turisno em Paris que o povo não gosta dos arcos de Les Halles. uma vez que eu não me atreveria a duvidar do povo de Paris, duvido é da fonte. acho que o inglês que escreveu aquele blim-blim-blim é que estava errado. e por falar em arquitetura, o Musée Quai Bray oslt é algo espantosamente maravilhoso. assim, são pelo menos três momentos importantes em minha vida na cidade em que os comunistas detiveram o poder por uns tempoinhos, fracassando anyway:
.a. o Museu Gerges Pompidou
.b. a Cidade da Ciência
.c. o Musei Cais Bray oslt.
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09 fevereiro, 2010
Boné do Elefante: Les Halles
querido blog:
um dia, o pai de um menino de rua a quem andei dando aulas de álgebra de matrizes disse numa de suas prédicas que "domingo" era o dia de ficar em casa, no domus. dias depois, ele mesmo achou que algo não batia com a dedução latino-lógica e foi-se ao melhor amigo do homem, nomeadamente, o dicionário, e veio-se com esta: domingo é o dia do senhor, logo devemos ficar contemplativos (em casa), do mesmo jeito...
pois, mutatis mutandis, eu disse que ouvi um guri dizer "lesále" para a estação Les Halles. pois mais vezes ouvi no passado e nesta estada dada a dádiva de rever viva Paris e vivá-la (com vivas à neve): "Chatelê; Leale". ou seja, apenas um guri entre todos os humanos conteporâneos fala "lesále", o resto fala mesmo é "leale", um guri, claro, mais myself.
mais mutatis mutandis ainda, lembrei do irmão do menino de rua que, nas aulas de francês a que comparecia na condição de meu colega, preceptor e aluno, traduziu "le bonheur de l'enfant" por "o boné do elefante", como observamos no título desta postagem. pior que isto, penso, havia apenas registrado o "gato charmoso" (el tipo de interés).
DdAB
um dia, o pai de um menino de rua a quem andei dando aulas de álgebra de matrizes disse numa de suas prédicas que "domingo" era o dia de ficar em casa, no domus. dias depois, ele mesmo achou que algo não batia com a dedução latino-lógica e foi-se ao melhor amigo do homem, nomeadamente, o dicionário, e veio-se com esta: domingo é o dia do senhor, logo devemos ficar contemplativos (em casa), do mesmo jeito...
pois, mutatis mutandis, eu disse que ouvi um guri dizer "lesále" para a estação Les Halles. pois mais vezes ouvi no passado e nesta estada dada a dádiva de rever viva Paris e vivá-la (com vivas à neve): "Chatelê; Leale". ou seja, apenas um guri entre todos os humanos conteporâneos fala "lesále", o resto fala mesmo é "leale", um guri, claro, mais myself.
mais mutatis mutandis ainda, lembrei do irmão do menino de rua que, nas aulas de francês a que comparecia na condição de meu colega, preceptor e aluno, traduziu "le bonheur de l'enfant" por "o boné do elefante", como observamos no título desta postagem. pior que isto, penso, havia apenas registrado o "gato charmoso" (el tipo de interés).
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07 fevereiro, 2010
Meus discos, meus livros. e vem Van Gogh
querido blog:
como sabemos, estou em férias, como sabemos DSC comentou meu texto de ontem, mistura de ficção com rebeldia e alguma ortodoxia. não estou na beira da praia do Gostoso, nem com a agulha frita na boca. cerveja aqui em Paris? apenas nas brasseries. mas é a terra do vinho rosso, como dizem os da direita (quem olha o mapa sob nosso ponto de vista, os de baixo), os de Berlusconi.
como hoje vou ao Museu do Orsay, achei que podia homenagear DSC e van Gogh com o repouso que ele-ambos recomendam com o casalzinho. sou ainda do "Jeu de Paumme", há 30 anos. mas já fui no Orsay umas duas ou três vezes. ontem voltei a Les Halles, adoro aquela arquitetura, do conjunto propriamente e dos edifícios das cercanias. e da igreja de, se ainda lembro, São Eustáquio. e amanhã irei ao novo museu parisiense: Musée du Quai Branly. esses parisienses!
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p.s.: sobre grafias e pronúncias. não sei se escrevi certo o "Jeux de Paumme". mas sei que, um dia, andando de metrô, vi um guri claramente "local people" dizer ao pai: "ça y ça, entón vamos a lezale", ou seja, o s do "les" conectou-se com o "ha" de Halles, ao passo que o "s" final do Halles foi comido, como comem os franceses todos os "s" finais, exceto nas palavras "dolce vitta" e "acapulco", que não têm mesmo.
como sabemos, estou em férias, como sabemos DSC comentou meu texto de ontem, mistura de ficção com rebeldia e alguma ortodoxia. não estou na beira da praia do Gostoso, nem com a agulha frita na boca. cerveja aqui em Paris? apenas nas brasseries. mas é a terra do vinho rosso, como dizem os da direita (quem olha o mapa sob nosso ponto de vista, os de baixo), os de Berlusconi.
como hoje vou ao Museu do Orsay, achei que podia homenagear DSC e van Gogh com o repouso que ele-ambos recomendam com o casalzinho. sou ainda do "Jeu de Paumme", há 30 anos. mas já fui no Orsay umas duas ou três vezes. ontem voltei a Les Halles, adoro aquela arquitetura, do conjunto propriamente e dos edifícios das cercanias. e da igreja de, se ainda lembro, São Eustáquio. e amanhã irei ao novo museu parisiense: Musée du Quai Branly. esses parisienses!
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p.s.: sobre grafias e pronúncias. não sei se escrevi certo o "Jeux de Paumme". mas sei que, um dia, andando de metrô, vi um guri claramente "local people" dizer ao pai: "ça y ça, entón vamos a lezale", ou seja, o s do "les" conectou-se com o "ha" de Halles, ao passo que o "s" final do Halles foi comido, como comem os franceses todos os "s" finais, exceto nas palavras "dolce vitta" e "acapulco", que não têm mesmo.
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06 fevereiro, 2010
Ver para crer: a contabilidade é revolucionária
querido blog:
será que alguém que visse um marcianinho lendo Osho, numa praia de São Miguel do Gostoso, usando protetor solar Sundown e tomando coca-cola diet (decaf) iria crer? e será que alguém creria se lhe disséssemos verdades contábeis e requerêssemos que, a partir dela, o discurso deixasse impressões ideológicas para as eleições?
pois tenho razões para crer que é difícil aceitarmos verdades contábeis que vão contra a doutrinação que recebemos desde sempre e em especial desde que fomos alunos dos alunos (dos alunos) dos economistas estruturalistas.
podemos iniciar concedendo-lhes (Prebish e milhões de seguidores) a percepção de que a indústria é a chave da felicidade. o próximo passo é dizermos que o governo, na condição de emanação encarnada do espírito puro, deve promover a felicidade e -ipso facto- deve promover a industrialização. o problema, claro, reside neste passo que derivou-se de uma premissa completamente normativa, uma premissa que não tem qualquer relação contábil de cunho econômico que a sustente. como é que eu iria lá saber se o governo é mesmo a chave da felicidade? tal chave não seria um terreninho de frente para o mar em São Miguel do Gostoso? uma agulhazinha frita com cerveja nas praias da margem esquerda do Beberibe?
por que devemos insurgir-nos contra a idéia de que o governo deve promover a industrialização? na visão que herdei de uma leitura (apressada) que fiz de Osho, a verdadeira chave da felicidade é a mens sana in corpore sano. ou seja, três horas de ginástica por dia, três horas de aula e, de quebra, três horas de trabalho comunitário. em outras palavras, a chave da felicidade é a educação, a felicidade encontra-se na libertação e, como sabemos, a educação é a chave da educação.
e Keynes? e Prebish? e Anibal Pinto? tenho para mim que Anibal Pinto e Maria da Conceição Tavares são os responsáveis pela quebra que meu pensamento teve com o que disse John Maynard Keynes e dele nutriu-se Raúl Prebish. mas levei talvez 30 anos para entender as transições e os enrustimentos de julgamentos de valor. [nota: obviamente julgamentos de valor não carregam nada de errado; quem pode errar é o cientista social que, ao carregar lá seus julgamentos de valor, perdem a capacidade de julgar-lhes as consequências].
todos sabemos e eu vivo repetindo que o valor adicionado é o blim-blim-blim criado pela sociedade, de sorte a avaliar a "produção líquida", ou seja, descontar os insumos do total produzido. [nota: output quer dizer produção e não produto, e aqui os desgarrados latino-americanos podem ter começado a colocar mel na sopa dos keynesianos de primeira hora, como Richard Stone e James Meade]. sigo repetindo que o valor adicionado tem três óticas de cálculo. e podia ter umas 25, 314, sei lá. o fato é que tem três e apenas três. e acho que o mal-entendido é que pensarmos que as três óticas de cálculo do valor adicionado são:
.a. independentes do próprio valor adicionado e
.b. independentes entre si.
pensar .a. é mostrar desconhecimento do primeiro princípio da filosofia: o ser é idêntico a si mesmo: se a ótica P é uma das formas de avaliar o VA, então segue-se que a ótica P é apenas uma das formas de avaliarmos o VA, não é isto?
no caso de .b., a situação é ainda pior. ou seja, quando queremos industrialização, pensamos que "produção" e "produto" são a mesma coisa. e que "produto" coloca a "renda" e a "despesa" na cadeirinha de praia do marcianinho de São Miguel do Gostoso. no outro dia, pensei que a equação da despesa Y = C+I fosse uma burrada de Keynes. rapidamente refiz-me e dei-me conta de que a burrada era minha mesmo: acho que o bom velhinho (se morreu jovem sempre foi jovem?) pensava algo como segue.
quero (diria lá ele, em português) o investimento, que aumenta a capacidade produtiva. investimento é ótica da despesa, então vou deixá-lo flanando solito (diria ele, se -ao invés de estudar em Cambridge-UK- tivesse estudado em Porto Alegre e Paris). e jogar tudo o mais que faz parte da ótica da despesa na letra C.
nada de errado. mas o que o Prof. Marcondes (nome fictício de um imbecil que ainda não aprendeu essa categorização interpretativa...) não entendeu é que, neste caso, devemos entender C como C+G+(X-M). ou seja, a absorção não-investimento. o próximo passo é pensarmos que a economia precisa investir para ser feliz, logo o governo precisa vender petróleo, sal grosso e o que mais seja, com cargos em comissão para políticos e seus sequazes. mas aí entra a turma chamada depreciativamente de input-outputers que não entendeu patavina. eles pensam que aumentar a produção implica necessariamente aumentar o produto.
quando ocorre o milagre de aumento da produção conduzir a aumento do produto (por exemplo, não houve incêndio nem terremoto), o que aconteceu não foi bem isto. o que foi?
.a. o emprego gerou produção
.b. a produção gerou valor adicionado
.c. o valor adicionado foi medido pela ótica do produto, da renda e da despesa e deu o mesmo valorzinho (não pode o produto dar 1.000, a despesa 999 e a renda 1.001, né, meu?).
uma coisa diferente é eu dizer que posso inventar um blim-blim-blim que diga que
.a. o produto é função dos fatores
.b. a renda é função de atributos humanos, oomo a educação, a inteligência emocional, a nutrição e seja lá que mais, além de baixarias como o gênero e a cor da pele.
.c. a despesa é função dos preços, da renda (mais rigorosamente, da receita, pois -como sabemos- sou aposentado e gasto em viagens internacionais) e de outros blim-blim-blins. por exemplo, de haver expediente no turno, como sei que Paris não me permitirá consumir na segunda-feira-matin, pois o comércio não abre.
não há nada de errado este tipo de modelagem; é o mesmo que dizer que, por exemplo, y é o número de cáries e x é a ingesta de açúcar e dizer que y=f(x). claro que o mundo não funciona assim, mas não podemos negar que é mais-ou-menos assim.
a verdade verídica, já disse várias vezes, é a seguinte: se a demanda final aumenta em $1, então o modelo de Leontief (que sabia contabilidade) te leva a achar um aumento de $1 no produto e outros (outros, no sentido de que ainda eram os mesmos, né?) $ 1 na renda. então por que colocar mais dinheirinho do Tesouro Nacional na produção de gasolina e não de escolas? acho que é porque ser diretor de escola paga menos do que ser gerente de posto de gasolina. e ser político que nomeia para diretor da Petrobrás tem mais poder do que político que nomeia para diretor de escola, compreendeu?
e se a negadinha gastasse em educação? a primeira consequência é que o valor adicionado cresceria da mesma forma que o faria na hipótese de que o gasto viesse a encaminhar-se à gasolina. e os cargos em comissão? estes começariam a tornar-se lugar comum, pois haveria abundância de gente educada, cairia o voto obrigatório, essas coisas. e a matriz de insumo-produto?
claro que gastar mais em, digamos, produção de gravatas tem menores linkages do que, digamos, automóveis. mas isto estaria apenas dizendo que há mais linkages, que se precisa de mais insumos por unidade de produto para gerar um automóvel do que uma gravata. mas segue a lógica do $1=$1=$1: o produto de uma gravata é igual à renda de um automóvel (e à despesa com esmolas) por unidade de produção.
o que eu lamento é que tem neguinho que é contra esmolas e a favor de cargos em comissão na Petrobrás para salvar o Brasil. e que um deles vai empalmar a presidência da república depois de Lula. e que a Petrobrás vai seguir dando cargos em comissão, que o voto seguirá sendo obrigatório, que não teremos orçamento (menos ainda sua universalização), essas coisas.
e que, como tal, o orçamento não vai ajudar a orientação da alocação dos recursos públicos na provisão de bens públicos e meritórios. eu disse "provisão" e não "produção". mas agora disse "produção" e não "produto", "renda" ou "despesa". essas coisas.
fazer um porta-aviões é bom. mas dar dinheiro para uma velhinha de São Miguel do Gostoso que -otherwise- não poderia manter-se equilibrada por 40, 60 ou 80 anos é uma baixaria inominável. e os linkages da velhinha, cedo ou tarde, levam ao porta-aviões. isto ensinaram-nos os pensadores pré-fisiocratas, os fisiocratas e todos os pensadores pós-fisiocratas. todos? não, não foram todos. essas coisas...
DdAB
p.s. podemos ver que não estou falando do Mar Adriático, pois encontro-me a menos de 1km de distância do Arroio Sena, este serpenteante curso dágua que atravessa Paris.
será que alguém que visse um marcianinho lendo Osho, numa praia de São Miguel do Gostoso, usando protetor solar Sundown e tomando coca-cola diet (decaf) iria crer? e será que alguém creria se lhe disséssemos verdades contábeis e requerêssemos que, a partir dela, o discurso deixasse impressões ideológicas para as eleições?
pois tenho razões para crer que é difícil aceitarmos verdades contábeis que vão contra a doutrinação que recebemos desde sempre e em especial desde que fomos alunos dos alunos (dos alunos) dos economistas estruturalistas.
podemos iniciar concedendo-lhes (Prebish e milhões de seguidores) a percepção de que a indústria é a chave da felicidade. o próximo passo é dizermos que o governo, na condição de emanação encarnada do espírito puro, deve promover a felicidade e -ipso facto- deve promover a industrialização. o problema, claro, reside neste passo que derivou-se de uma premissa completamente normativa, uma premissa que não tem qualquer relação contábil de cunho econômico que a sustente. como é que eu iria lá saber se o governo é mesmo a chave da felicidade? tal chave não seria um terreninho de frente para o mar em São Miguel do Gostoso? uma agulhazinha frita com cerveja nas praias da margem esquerda do Beberibe?
por que devemos insurgir-nos contra a idéia de que o governo deve promover a industrialização? na visão que herdei de uma leitura (apressada) que fiz de Osho, a verdadeira chave da felicidade é a mens sana in corpore sano. ou seja, três horas de ginástica por dia, três horas de aula e, de quebra, três horas de trabalho comunitário. em outras palavras, a chave da felicidade é a educação, a felicidade encontra-se na libertação e, como sabemos, a educação é a chave da educação.
e Keynes? e Prebish? e Anibal Pinto? tenho para mim que Anibal Pinto e Maria da Conceição Tavares são os responsáveis pela quebra que meu pensamento teve com o que disse John Maynard Keynes e dele nutriu-se Raúl Prebish. mas levei talvez 30 anos para entender as transições e os enrustimentos de julgamentos de valor. [nota: obviamente julgamentos de valor não carregam nada de errado; quem pode errar é o cientista social que, ao carregar lá seus julgamentos de valor, perdem a capacidade de julgar-lhes as consequências].
todos sabemos e eu vivo repetindo que o valor adicionado é o blim-blim-blim criado pela sociedade, de sorte a avaliar a "produção líquida", ou seja, descontar os insumos do total produzido. [nota: output quer dizer produção e não produto, e aqui os desgarrados latino-americanos podem ter começado a colocar mel na sopa dos keynesianos de primeira hora, como Richard Stone e James Meade]. sigo repetindo que o valor adicionado tem três óticas de cálculo. e podia ter umas 25, 314, sei lá. o fato é que tem três e apenas três. e acho que o mal-entendido é que pensarmos que as três óticas de cálculo do valor adicionado são:
.a. independentes do próprio valor adicionado e
.b. independentes entre si.
pensar .a. é mostrar desconhecimento do primeiro princípio da filosofia: o ser é idêntico a si mesmo: se a ótica P é uma das formas de avaliar o VA, então segue-se que a ótica P é apenas uma das formas de avaliarmos o VA, não é isto?
no caso de .b., a situação é ainda pior. ou seja, quando queremos industrialização, pensamos que "produção" e "produto" são a mesma coisa. e que "produto" coloca a "renda" e a "despesa" na cadeirinha de praia do marcianinho de São Miguel do Gostoso. no outro dia, pensei que a equação da despesa Y = C+I fosse uma burrada de Keynes. rapidamente refiz-me e dei-me conta de que a burrada era minha mesmo: acho que o bom velhinho (se morreu jovem sempre foi jovem?) pensava algo como segue.
quero (diria lá ele, em português) o investimento, que aumenta a capacidade produtiva. investimento é ótica da despesa, então vou deixá-lo flanando solito (diria ele, se -ao invés de estudar em Cambridge-UK- tivesse estudado em Porto Alegre e Paris). e jogar tudo o mais que faz parte da ótica da despesa na letra C.
nada de errado. mas o que o Prof. Marcondes (nome fictício de um imbecil que ainda não aprendeu essa categorização interpretativa...) não entendeu é que, neste caso, devemos entender C como C+G+(X-M). ou seja, a absorção não-investimento. o próximo passo é pensarmos que a economia precisa investir para ser feliz, logo o governo precisa vender petróleo, sal grosso e o que mais seja, com cargos em comissão para políticos e seus sequazes. mas aí entra a turma chamada depreciativamente de input-outputers que não entendeu patavina. eles pensam que aumentar a produção implica necessariamente aumentar o produto.
quando ocorre o milagre de aumento da produção conduzir a aumento do produto (por exemplo, não houve incêndio nem terremoto), o que aconteceu não foi bem isto. o que foi?
.a. o emprego gerou produção
.b. a produção gerou valor adicionado
.c. o valor adicionado foi medido pela ótica do produto, da renda e da despesa e deu o mesmo valorzinho (não pode o produto dar 1.000, a despesa 999 e a renda 1.001, né, meu?).
uma coisa diferente é eu dizer que posso inventar um blim-blim-blim que diga que
.a. o produto é função dos fatores
.b. a renda é função de atributos humanos, oomo a educação, a inteligência emocional, a nutrição e seja lá que mais, além de baixarias como o gênero e a cor da pele.
.c. a despesa é função dos preços, da renda (mais rigorosamente, da receita, pois -como sabemos- sou aposentado e gasto em viagens internacionais) e de outros blim-blim-blins. por exemplo, de haver expediente no turno, como sei que Paris não me permitirá consumir na segunda-feira-matin, pois o comércio não abre.
não há nada de errado este tipo de modelagem; é o mesmo que dizer que, por exemplo, y é o número de cáries e x é a ingesta de açúcar e dizer que y=f(x). claro que o mundo não funciona assim, mas não podemos negar que é mais-ou-menos assim.
a verdade verídica, já disse várias vezes, é a seguinte: se a demanda final aumenta em $1, então o modelo de Leontief (que sabia contabilidade) te leva a achar um aumento de $1 no produto e outros (outros, no sentido de que ainda eram os mesmos, né?) $ 1 na renda. então por que colocar mais dinheirinho do Tesouro Nacional na produção de gasolina e não de escolas? acho que é porque ser diretor de escola paga menos do que ser gerente de posto de gasolina. e ser político que nomeia para diretor da Petrobrás tem mais poder do que político que nomeia para diretor de escola, compreendeu?
e se a negadinha gastasse em educação? a primeira consequência é que o valor adicionado cresceria da mesma forma que o faria na hipótese de que o gasto viesse a encaminhar-se à gasolina. e os cargos em comissão? estes começariam a tornar-se lugar comum, pois haveria abundância de gente educada, cairia o voto obrigatório, essas coisas. e a matriz de insumo-produto?
claro que gastar mais em, digamos, produção de gravatas tem menores linkages do que, digamos, automóveis. mas isto estaria apenas dizendo que há mais linkages, que se precisa de mais insumos por unidade de produto para gerar um automóvel do que uma gravata. mas segue a lógica do $1=$1=$1: o produto de uma gravata é igual à renda de um automóvel (e à despesa com esmolas) por unidade de produção.
o que eu lamento é que tem neguinho que é contra esmolas e a favor de cargos em comissão na Petrobrás para salvar o Brasil. e que um deles vai empalmar a presidência da república depois de Lula. e que a Petrobrás vai seguir dando cargos em comissão, que o voto seguirá sendo obrigatório, que não teremos orçamento (menos ainda sua universalização), essas coisas.
e que, como tal, o orçamento não vai ajudar a orientação da alocação dos recursos públicos na provisão de bens públicos e meritórios. eu disse "provisão" e não "produção". mas agora disse "produção" e não "produto", "renda" ou "despesa". essas coisas.
fazer um porta-aviões é bom. mas dar dinheiro para uma velhinha de São Miguel do Gostoso que -otherwise- não poderia manter-se equilibrada por 40, 60 ou 80 anos é uma baixaria inominável. e os linkages da velhinha, cedo ou tarde, levam ao porta-aviões. isto ensinaram-nos os pensadores pré-fisiocratas, os fisiocratas e todos os pensadores pós-fisiocratas. todos? não, não foram todos. essas coisas...
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p.s. podemos ver que não estou falando do Mar Adriático, pois encontro-me a menos de 1km de distância do Arroio Sena, este serpenteante curso dágua que atravessa Paris.
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Economia Política
03 fevereiro, 2010
Multiplicação, evolução, crítica e superação
querido blog:
aparentemente hoje entrarei em férias. se é que já não estava desde que saí do Banco da Lavoura de Minas Gerais, em setembro de 1969. seja como for, fiz muitos "trabalhos" durante todos esses anos. acabei mais um, um que me dá incontáveis alegrias, pois parece que não acaba nunca e volta e meia tenho a sensação de havê-lo liquidado. hoje liquidei novamente.
a simpática imagem de hoje veio em resposta ao pedido ao Mr. Images de "multiplicação". pensei no filme de 1969 ou até antes de título obliterado na bilheteria: "multiplication, that's the name of the game". e falava-se na reprodução animal e vegetal, ou era apenas a animal? eu penso que a entropia é ameaçada pela vida, e vice versa. como tal, penso que não nos devemos amofinar, pois -disse Freud no outro dia- não devemos contestar a ordem unviersal, uma ordem da qual somos caudatários e não podemos pensar (tão cedo) em mudar.
seja como for, pensei que a prima sofisticada da função linear (e suas afins, diria SdS) é a função potência. nesta linha é que o Prof. Cobb deu as dicas ao Mr. Douglas, a fim de que este obtivesse os expoentes que -segundo Cobb- poderiam estar descrevendo a participação na renda americana de seus trabalhadores e capitalistas. e depois pensei que as relações multiplicativas (de expoente 1, portanto, mas não apenas elas) são sabidinhas ao deixarem-se anamorfizar logaritmicamente e, como tal, oferecer taxas de crescimento instantâneas ou elasticidades.
[como sabemos, uma função de produção de Cobb-Douglas diz que q = A x K^a x L^b, onde q é a produção (mas ele pensava na renda nacional), A é um parâmetro de escala, K e L são as quantidades físicas dos fatores capital e trabalho e a e b são os parâmetros que, somados, reproduzem a unidade da renda nacional[
claro que este tipo de visão, de modo análogo à superação da função linear pela logarítmica, teve seus dias contados. o famoso SMAC (Solow, Minhas, Arrow e Chenery) inventou a função CES, que dá um passo adiante na generalização da linha reta e da função potência. de acordoc com minha gramática microeconômica, depois dela, abriram-se as comportas e milhares de outras funções cada vez mais generalistas foram sendo inventadas.. por modéstia, listei apenas 1.000 que eu mesmo inventei, mais a VES ()variable elasticity of substitution) e a transcendental logarítmica, ditto translog.
essas funções vão-se distanciando da simplicidade da reta de x e y, mas têm mais capacidade de capturar leis importantes que regem a entropia e outros blim-blim-blins. tenho sugerido que o conceito central da formalização tentada pelo homem das coisas da natureza é o conceito de média, mas as multiplicativas fogem do conceito de média aritmética (e eu não dissera que o conceito de média requer que ela seja aritmética) e as mais sofisticadas fogem mais ainda.
a questão que não pode ser negligenciada é que, ao usarmos o conceito de média aritmética não-ponderada, temos pelo menos vantagens de que seus estimadores são eficientes, consistentes e não-tendenciosos, o que nos leva, logicamente, a encerrar estes escritos sobre teoria.
DdAB
aparentemente hoje entrarei em férias. se é que já não estava desde que saí do Banco da Lavoura de Minas Gerais, em setembro de 1969. seja como for, fiz muitos "trabalhos" durante todos esses anos. acabei mais um, um que me dá incontáveis alegrias, pois parece que não acaba nunca e volta e meia tenho a sensação de havê-lo liquidado. hoje liquidei novamente.
a simpática imagem de hoje veio em resposta ao pedido ao Mr. Images de "multiplicação". pensei no filme de 1969 ou até antes de título obliterado na bilheteria: "multiplication, that's the name of the game". e falava-se na reprodução animal e vegetal, ou era apenas a animal? eu penso que a entropia é ameaçada pela vida, e vice versa. como tal, penso que não nos devemos amofinar, pois -disse Freud no outro dia- não devemos contestar a ordem unviersal, uma ordem da qual somos caudatários e não podemos pensar (tão cedo) em mudar.
seja como for, pensei que a prima sofisticada da função linear (e suas afins, diria SdS) é a função potência. nesta linha é que o Prof. Cobb deu as dicas ao Mr. Douglas, a fim de que este obtivesse os expoentes que -segundo Cobb- poderiam estar descrevendo a participação na renda americana de seus trabalhadores e capitalistas. e depois pensei que as relações multiplicativas (de expoente 1, portanto, mas não apenas elas) são sabidinhas ao deixarem-se anamorfizar logaritmicamente e, como tal, oferecer taxas de crescimento instantâneas ou elasticidades.
[como sabemos, uma função de produção de Cobb-Douglas diz que q = A x K^a x L^b, onde q é a produção (mas ele pensava na renda nacional), A é um parâmetro de escala, K e L são as quantidades físicas dos fatores capital e trabalho e a e b são os parâmetros que, somados, reproduzem a unidade da renda nacional[
claro que este tipo de visão, de modo análogo à superação da função linear pela logarítmica, teve seus dias contados. o famoso SMAC (Solow, Minhas, Arrow e Chenery) inventou a função CES, que dá um passo adiante na generalização da linha reta e da função potência. de acordoc com minha gramática microeconômica, depois dela, abriram-se as comportas e milhares de outras funções cada vez mais generalistas foram sendo inventadas.. por modéstia, listei apenas 1.000 que eu mesmo inventei, mais a VES ()variable elasticity of substitution) e a transcendental logarítmica, ditto translog.
essas funções vão-se distanciando da simplicidade da reta de x e y, mas têm mais capacidade de capturar leis importantes que regem a entropia e outros blim-blim-blins. tenho sugerido que o conceito central da formalização tentada pelo homem das coisas da natureza é o conceito de média, mas as multiplicativas fogem do conceito de média aritmética (e eu não dissera que o conceito de média requer que ela seja aritmética) e as mais sofisticadas fogem mais ainda.
a questão que não pode ser negligenciada é que, ao usarmos o conceito de média aritmética não-ponderada, temos pelo menos vantagens de que seus estimadores são eficientes, consistentes e não-tendenciosos, o que nos leva, logicamente, a encerrar estes escritos sobre teoria.
DdAB
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