17 abril, 2023

Ulysses: faltou um editor?

 

Quem sou eu para botar defeito num livro que -dizem- é a maior marca de registro do intelecto humano do século XX? Resposta: sou um cara que adora ler os comentadores do "Ulysses". Encontro-os em prefácios, introduções, pósfacios, adendos, rodapés, etc. das diferentes obras, diferentes traduções que coleciono, como já o fiz com caixinhas de fósforo e flâmulas. E, claro, crescentemente torno-me leitor de revistas especializadas em James Joyce. Refiro-me, em particular às revistas:

Qorpus. Florianópolis. V, 9 n. 3 Dez de 2019 Edição Especial: James Joyce. UFSC/PGET.

e

Qorpus. Florianópolis. V, 12 n. 2 Jun de 2022. PGET/UFSC.


Parece que os traços da loucura provocada pela sífilis que, crescentemente, avassalaram a saúde de Joyce, conforme hipótese levantada por Donaldo Schüller, impediram-no de ter "boa cabeça" para terminar o "Ulysses" e delirar ainda mais no "Finnegans Wake". Nada digo sobre o último, mas o "Ulysses" tem certa evidência da falta de editor, pois o próprio Joyce fez centenas de modificações no original submetido à Shakespeare and Company, editora parisiense que publicou o livro. O título do livro de Schüller (ver P.S.), assim que terminei de lê-lo, levou-me a responder: "Sim, era louco". E depois de assimilar essa percepção, cada vez vi mais indícios daquilo que a crítica especializada considerava inovações formais e genais no romance moderno como sendo nada mais nada menos que delírios doentios de alguém que sofreu as perversas consequências de uma doença que, descoberta em seus primórdios, tem cura.

DdAB
P.S.:  O livro de Schüller:
SCHÜLLER, Donaldo (2017) Joyce era louco? Cotia: Atelier.

Nenhum comentário: