Que é que Cristóvão pode relacionar com Machado? Cristóvão Tezza e Machado de Assis. Cândido, o químico de um lado e Quincas Borba, o cão, de outro. Então:
TEZZA, Cristóvão (2020) A tensão superficial do tempo. São Paulo: Todavia.
e
MACHADO DE ASSIS ([1891], 1999). Quincas Borba. Porto Alegre: L&PM.
Já com o "incidente" machadiano que vou narrar na cabeça, comecei (e agora estou quase no fim e pouco falarei, pois ainda estou boquiaberto) a ler o romance de Cristóvão Tezza. Não tardei a encontrar manifestações do português brasileiro, língua que até hoje posso responder "fala, lê, escreve" clicando em "bem, ótimo e médio). Escrevo mediamente, pois a língua já mudou regras ortográficas duas ou três vezes em meu horizonte de vida e as próprias categorias gramaticais e tempos verbais também uma ou duas vezes, se não forem até mais.
Pois uma delas é ele/ela. Explico-me, se bem sei fazê-lo. E por este 'lo' começam meus atrope-los... Cristõvão e Machado, se estivessem me dando a palavra (e este pronome aclítico...), iriam dizer que eu disse: "se bem sei fazer ela, a explicação."
Quer ver? No caso de Machado, tomei as precauções de praxe: conferi o PDF da edição da Biblioteca Nacional com a edição Aguilar e a L&PM. Vou citar o capítulo CLXXXVIII (188, para simplificar a visualização do presidente Bolsonaro, que entendi ter fugido da escola em tenra idade e acusado os comunistas de terem inventado os números romanos). Na edição L&PM, estamos na página 287:
-Procura pelo senhor?
-Parece que procura - respondeu Raimundo tapando o riso com a mão - mas eu tranquei ele no quarto.
Ele? É, o cão Quincas Borba, proeminente personagem do segundo grande romance de Machado de Assis, que tem exatamente este título. Título ambíguo, termo equívoco, contendo mais de um significado: o filósofo e o cachorro.
E o caso de Cristóvão? Tem várias passagens, a maior parte delas associadas a falas de personagens validadas pelo narrador. Vejamos uma, talvez a primeira na página 15:
[...] e Beatriz achou graça, e ele achou ela bonita achando graça [...].
Que quero concluir? Primeiramente, fora Temer. Remember? Em segundo lugar, é proibido fugir da escola. Terceiro acho mais barato para as instituições pátrias aguentar o Bolsonaro que meter-lhe um impeachment nos cornos, como diriam meus amigos de Floripa, aliás, praticamente todo o pessoal de lá.
Moraleja: acabo de enviar uma mensagem no WhatsApp e escrevi: auto-retrato. E fiquei me indagando se os modernos usariam autorretrato. Isto daria um traço moderno à língua brasileira, aproximando-a do alemão, com aquelas palavras enormes que -teria dito Mark Twain- só mesmo para entendê-las se tivermos uma luneta para olhar o começo lá no final da frase.
DdAB
P.S. Enfim o algoritmo do blog fez o que bem entende. Eu luto e sempre que ele diz que haverá mudanças dentro de algumas semanas já vou aceitando. E sofrendo. Pouco tempo atrás, houve uma destas no próprio blog e dias atrás fui agraciado com novas paginações no Facebook.
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