20 setembro, 2020

600 Reais: Lula, Bolsonaro e o Planeta 23

 

Tenho prova documental, ou até mais de uma. Ei-la aqui. É que aqui andei falando em uma renda básica da cidadania prescrita pela lei n. 10835, de 8 de janeiro de 2004, ou seja, o segundo ano do primeiro governo Lula. E que falei? Em 2009, um ano antes do término do segundo mandato, se cada brasileiro em idade ativa recebesse R$ 500 por mês na condição de renda básica, o governo gastaria não mais de 40% do PIB. Convenhamos que se tratava de um argumento retórico, para deixar claro que:

.a com um valor um tanto menor

.b com a implantação gradativa

os verdadeiramente pobres do país poderiam receber, digamos, naqueles tempos, R$ 250, algo assim, num tempo em que o PIB era de cerca de R$ 5 trilhões. Hoje, com um PIB de R$ 7,3 trilhões, mesmo os R$ 600 do auxílio emergencial. Pois não é de rachar a cara de um velhinho de meu porte ler naquela reportagem do Jornal do Brasil o trechinho que segue?

Primeiro: interpreto que o ex-presidente Lula, como o chamam, amorcegou (verbo da primeira conjugação) a eleição de 2018, não tendo aplicado o princípio da indução para trás. Ou seja, vendo-se presidente, precisava antes completar o requisito de ser candidato. Ele e seus associados nunca entenderam que ele não seria candidato. E mesmo que o viesse a ser, teria que ter um vice-presidente na chapa. Ele nunca, em tempo hábil, indicou um. Muito depois de esgotado o tempo regulamentar é que indicou o nome de Fernando Haddad para o cargo de presidente. E já era tarde. Ainda assim, talvez Haddad tivesse vencido as eleições, não fosse aquela mal-ajustada delação premiada de Antônio Palocci liberada pelo, já sabemos, injusto juiz Sérgio Moro, nas antevésperas do primeiro turno da eleição.

Segundo: antes tarde do que nunca. Se pudesse, Lula assinaria novamente a lei da renda básica, pagando aqueles R$ 600 que Bolsonaro pagou e agora está reduzindo para R$ 300 (se colar). E aquela "promessa de guloseimas" de que amanhã o PT vai lançar um "plano de reconstrução nacional",  gastando na indústria (oh, a indústria de novo, talvez mais automóveis ou aviões, quando o país, sabidamente, necessita mesmo é de esgotos...). E, para disfarçar, vai gastar em assistência social. Mas nada se fala nos sistemas deficientes de produção de bens de mérito (e.g., educação e saúde) e públicos (saneamento, justiça).  

E que podemos esperar das eleições municipais? Perdemos a chance de ver as esquerdas se aliarem, numa antecipação da melhor estratégia para as de 2022. A única estratégia vencedora que vislumbro é que Lula, enfim, decida-se a contrariar a opinião de seus puxa-sacos e começar a fazer campanha pela união das esquerdas, deixando claro que não mais será candidato.

DdAB

P.S. Se o link lá de cima não funcionar, o que suspeito poderá ocorrer, ou melhor, não ocorrer, ele tá aqui por extenso: https://19duilio47.blogspot.com/2009/06/carta-mineira-und-zero-herra.html.

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