26 junho, 2019

O Dinheiro e o Mundo no B33



Uma pessoa dona de, pelo menos, 95,31% de meus afetos, ofereceu a imagem que nos encima, tratando de "colocar o dinheiro mundial em perspectiva". Eu, logo eu, que considero que:

.a o capitalismo acabou há mais de 15 dias

.b entendo que a atual formação econômica e social, em que convivem Nigéria e Noruega, Paraguay e Portugal, está muito do mal-entaipada, uma vez que esses países e todos os demais ainda veem com desdém a luta pela implantação do governo mundial, que se encarregará de acabar com o tráfico de pessoas, o tráfico de armas, o tráfico de drogas e o tráfico de dinheiro.

Pelo que consigo ler do gráfico pictórico, temos:

Total de dinheiro .......................... 83.6T
Mercados de ativos ..................... 66,8T
Dinheiro físico ............................. 31.0T
Ouro amoedado ........................... 8.2T
Dólares USA em circulação ........ 1.57T
Apple ........................................... 0.73T
Amazon ....................................... 0.40T 
etc.

De sua parte, pelo que leio aqui e ali, o montante do capital das empresas cujas ações são transacionadas na Bolsa de Valores paulista é de US$ 1,4 trilhão, comparando-se com o PIB de US$ 3,2 trilhões. Mais ou menos pelo mesmo tempo, o PIB mundial era de 127 trilhões de dólares (PPP). Espero que essas cifras deem uma boa ideia daquele "total de dinheiro", que -na média mundial- representa dois terços do PIB mundial. Faço dois comentários.

Primeiro comentário: a composição da oferta de moeda pelo mundo
No capítulo 7B no CD do livro de contabilidade social de que falamos aqui, lemos o título "Indicadores monetários e a nova contabilidade social". A certa altura, tipo página 35 do arquivo do próprio CD, temos uma lição (com dados inventados) interessante sobre a monetização das economias monetárias, ou seja, o crescente grau de participação do dinheiro (em suas diferentes formas, como moeda em poder do público, títulos públicos, títulos privados, etc.) na vida societária. Chamando esta regularidade de velocidade de circulação da moeda (isto é, da equação quantitativa M*V = P*Q, "passando M para o outro lado", temos V = P*Q/M, temos alguma correlaçãozinha entre a magnitude da renda interna bruta e a velocidade de circulação: quanto mais rico, mais se corre atrás do dinheiro, ou vice-versa. Quanto mais pobre, a oferta monetária é formada praticamente apenas por moeda manual e depósitos bancários.

Quando falo, portanto, que o segredo reside no setor serviços (lembre-se que Porto Alegre segue produzindo flores, pêssegos e cavalos, mas a participação do PIB agrícola no total é simplesmente 0,00%, pois o total é enorme e, por maior que seja, o PIB agrícola não se compara), penso em serviços médicos (vida eterna, ou algo parecido) e serviços de transportes (lua de mel rodeando os anéis de Saturno...), people say I'm crazy, but I'm not the only one. E eu olho para o futuro e apenas confirmo estas intuições. O cassino financeiro com aquelas transações de 67 trilhões de dólares (PPP) é de dimensões siderais. E, quando os seguros generalizados abarcarem o risco provocado por todas as ações humanas e suas máquinas, esse valor será apenas brincadeira, as relações interinstitucionais também alcançarão valores espantosos.

Segundo comentário: o papel das relações interinstitucionais pelo mundo
Relações interinstitucionais? No capítulo 4A do CD anexo ao livro citado, vemos algumas matrizes de contabilidade social de cinco quadrantes e outras de seis. Em particular, interessa-nos entender o conteúdo do chamado quadrante B33, ou seja, o das relações interinstitucionais, em que, por exemplo, uma família rica (devedora) oferece uma mesada aos pais pobres (credores) e outra família rica é credora de transferências governamentais, na forma de pagamento de pensões a juízes e promotores. Pois essas transferências e recebimentos de seguros generalizados não têm limites discerníveis nesse capitalismo que, tenho afirmado há anos, acabou há mais de 15 dias.

E uma conclusão anti-industrializante
Esta conclusão já era esperada: aquela turma de economistas que têm rala inserção dos desdobres da economia do desenvolvimento e, principalmente, na economia do insumo-produto, turma essa que anseia desabotinadamente pelo desenho de políticas governamentais apoiando a industrialização, essa turma, não se dá conta de que a verdade verídica é que
Yind = f(Yt)
ou seja, a renda total é que explica a renda industrial e não o contrário. Trata-se de uma intuição à la Jane Jacobs de que a cidade é que criou o rural e não o contrário. Em nosso caso, da indústria, quem paga a conta é mesmo a plebe rude.
DdAB

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