Como todos sabem que vivo alardeando, além do título de Philosophy Doctor, acalento a ambição de ser declarado um especialista em introdução à filosofia. Na tentativa de alcançar essa especialização, o mínimo que posso fazer é tentar ler todos os livros introdutórios sobre o tema.
E tem dois deles que me dizem lições há muito negligenciadas até os dias que correm. O primeiro lê-se em:
ALMEIDA, Aires e MURCHO, Desidério (2014) Janelas para a filosofia. Lisboa: Gradiva. (Coleção Filosofia Aberta, 26).
lá em sua página 247. Estamos na primeira página do capítulo intitulado "Pensamento fundamentado". E a seção é chamada de "Conceitos e definições". Quando o li, gelei, degelei e tornei a gelar, saltando, como o general saltou ante-ontem fora do governo, à leitura, pois sabia que me aguardavam estrondosos aprendizados. Direto no primeiro parágrafo li:
Um conceito não é uma palavra; é o que as palavras exprimem. Há muitos casos em que uma palavra exprime diferentes conceitos: a palavra 'papel', por exemplo, tanto exprime o conceito de pasta fibrosa de origem vegetal com que fazemos livros, jornais, etc., como o conceito de um dos povos da Guiné-Bissau. Quando queremos definir um conceito [DdAB com o negrito], não é porque estamos interessados em palavras, mas antes porque estamos interessados no que as palavras exprimem.
Já ri muito, em pretérito em que eu primava pela arrogância, de um economista que falava em "definição de conceito". E agora rio de mim por ter rido dele. E talvez ele pudesse hoje rir de mim... A verità é que essa passagem ajudou-me a me situar na encrenca. Por um lado, tenho uma lista de termos que pedem definições (bactérias, algas, fungos, líquens, briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas, que não lembro mais o que significam) e, por outro lado, lembro de uma aula do prof. José Fraga Fachel em que ele disse: "termo é a expressão verbal de uma ideia".
Ligo essas intervenções como a análise do termo papel, por exemplo, no sentido que lemos no dicio.com: "[Economia] [sic] Título que representa dinheiro, como ação, letra de câmbio, apólice. [...]" Então a ideia encontra-se em nossa mente como um título que representa dinheiro, como ação, letra de câmbio ou uma apólice de um seguro contra fogo [a República de Curitiba, outro oximoro, by the way, na linha daquele 'Juiz Moro é oximoro', pois a "coisa pública" não pode ser regida como fizeram os rapazes a ela vinculados].
Então o impreciso conceito e a ideia papeleira nela contida de papel tem como definição útil ao estudo mesmo que introdutório ao mercado monetário (do M3 ao M5) aquela que o Dicio nos ofereceu.
Mais um exemplo. Além do
Pois então. O outro livro de introdução à filosofia tem uma chamada sobre a relação entre conceitos e definições, já devidamente incorporada e sendo aplicada. Estamos agora falando em
WARBURTON, Nigel (2018) Grandes livros de filosofia. Lisboa: Edições 70. 2ed. revista e atualizada. Tradução de Paulo Bernardo e associados.
Agora estamos no meio do capítulo "Ayer, linguagem, verdade e lógica". Como sabemos, não sei bem que é Ayer, mas a Wikipedia tá ali mesmo... E aí na página 278, Warburton fala em definição de conceito, ele também:
Para Ayer, a filosofia desempenha uma função muito restrita. Não se trata de uma disciplina empírica, facto que a distingue das ciências [empíricas, DdAB]. Enquanto nestas está implicada a formulação de afirmações acerca da natureza do mundo, contribuindo, desta forma, com o conhecimento factual, o papel da filosofia é clarificar as consequências das definições de conceitos [negrito de DdAB] e, em particular, dos conceitos utilizados pelos cientistas. A filosofia está centrada na questão da linguagem não no mundo por esta descrito. Trata-se essencialmente de um ramo da lógica. [...]
Que dizer? Digo que não sei o que dizer. Nunca se deve dizer o que não dizer, exceto esta frase. Logo a filosofia da linguagem deve ser estudada quando bebemos...
DdAB
A imagem lá de cima colhi-a ao pedir ao Google Images o conceito "blim-blim-blim". Vieram várias fechaduras de porta, portão, etc. e selecionei aquela imagem, pois cria-nos mais problemas do que soluções. Então há três
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