01 maio, 2019

Ovo e Galinha: treinamento ou legislação

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A economia brasileira é um desastre. E isto não é de hoje, não é do governo Bolsonaro, que os diabos o traguem, é governo plural, todos os governos, todos os cargos em comissão dos governos recentes. É desde sempre, um país de analfabetos. Vivemos num país de iletrados, num país em que as inovações produtivas e organizacionais voltadas a elevar a produtividade do trabalho, a renda per capita e todo o resto rastejam. Destaco especialmente a sideral escassez na provisão de bens públicos (esgotos [sempre eles, hehehe] e segurança) e bens meritórios (educação, saúde).

E o entendimento de um número expressivo de economistas, turma dividida, é -por pirraça vou citar- a ilusão de que a indústria 4.0 pode anteceder os serviços industriais de utilidade pública (destacando os esgotos)- que a legislação trabalhista é entrave aos ganhos de produtividade. Há anos venho dizendo que, num país de analfabetos, os verdadeiros vilões de um crescimento da renda não mais que rastejante é mesmo a incapacidade de implantação de inovações produtivas, organizacionais e financeiras.

Pois, contrariamente ao que penso, li hoje na Zero Hora a manchete desdobrando o título do editorial:

UM NOVO DIA DO TRABALHO
O grande desafio para as instituições brasileiras é entender e se adaptar a esta nova realidade, em flagrante contraste com um modelo trabalhista erguido no século passado

Claro que parei de ler, ao pensar: que poderia eu aprender com essa macacada? A rigor o que aprendo é mesmo pensar criticamente em tudo o que eles falam, naquele mundo em que dar provas de estar à direita é a ambição fundamental dos jornalistas contratados. E imagino que o editorialista não chegou nem mesmo perto do livro de Acemoglu e Robinson, que citei e comentei no outro dia:

ACEMOGLU, Daron e ROBINSON, James (2012) Por que as nações fracassam; as origens do poder, da prosperidade e da riqueza. Rio de Janeiro: Elsevier Campus.

Como sabemos, esses dois professores falam das instituições inclusivas e das extrativistas e da presença de inovação na economia nacional. Claro que o Brasil é lotado por instituições extrativistas, que comportam um ideário anti-igualitarista e de baixa adesão aos padrões de honestidade e alta impunidade. País que não tem educação (e, antes dela, precisaria ter esgotos...) jamais poderá criticar as instituições existentes e, menos ainda, criar novas, mais afeitas ao progresso e à democracia. Sem estudo não há inovação. E sem inovação não existe progresso perene. O Brasil é uma prova de até onde a sociedade desigual pode levar: 30 ou 40 anos de crescimento rastejante.

DdAB
A imagem lá de cima é minha homenagem neste dia do trabalho aos injustiçados migrantes italianos para os Estados Unidos Ferdinando Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti .
P.S. quando os rapazes do jornal querem mudanças nas leis, eu sigo propugnando pelo treinamento, não é isto?

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