Ainda estou estupefato. No mural de Volnei Picolotto do Facebook, vemos que há uma referência a meu nome no site Intercept (aqui), conforme transcreverei abaixo em fonte graúda. O texto encontra-se logo após minha assinatura na presente postagem, meu nome está lá pelo 13o. parágrafo (PT é 13, né?). Volnei escreveu:
Duilio, acho que lançaram o seu nome como candidato do Lula. Confere?
Estamos com você e Lula.
#LulaLivre
#LulaPresidente
Eu comentei:
Obrigado pela ligação (hehehe), Volnei. Tenho defendido que Lula já deveria ter indicado seu vice e colocado mais à vista seu programa. Certamente esta indicação irá para meu currículo. Já falei no blog no Imperador Duilio (que não existiu) e no São Duilio (que parece ter sido cassado por um daqueles papas mais ranzinzas). Eu não aceitaria concorrer no lugar do Lula, mas ser seu vice já é outro negócio. Sobre o candidato ao meu lugar, o prrefeito e ministro Fernando Haddad, acho que ele ainda não está maduro para o cargo. 😁😁😁😁
O tema é palpitante. Não li com suficiente atenção para formar uma opinião sobre a validade estatística deste tipo de pesquisa. Ainda assim, não tenho nada contra o uso do método de obtenção de informação por telefone. No livro que organizei com Brena Fernandez para a Editora Saraiva, temos um capítulo muito maneiro sobre amostras e o cálculo de suas entranhas.
BÊRNI, Duilio de Avila e FERNANDEZ, Brena Paula Magno (2014) Teoria dos jogos; crenças, desejos, escolhas. São Paulo: Saraiva.
Em minha terra -Rio de Janeiro- ou minha terra2 -Jaguary- não lembro de haver rua em meu nome. Mas em Sum Paulo, há, como o demonstra a foto:
Texto citado por Volnei Picolotto que refere meu nome:
BATE-BOCA ENTRE
DIRETORES EXPÕE ENTRANHAS DE PESQUISAS ELEITORAIS NO BRASIL
Rafael Moro Martins
29 de Junho de 2018,
17h48
UM DEBATE ENTRE
figuras-chave de três dos principais institutos do Brasil expôs
algumas das entranhas do universo das pesquisas eleitorais. Mauro
Paulino, desde o final dos anos 1990 diretor do Datafolha, Márcia
Cavallari, do Ibope, e Fernando Rodrigues, do Data Poder360, trocaram
farpas – embaladas em generosas doses de ironia – para defender
os próprios métodos de trabalho. Na plateia, jornalistas que foram
a São Paulo participar do 13º Congresso Internacional de Jornalismo
Investigativo da Abraji. Inclusive do Intercept Brasil.
Cavallari e Paulino
uniram forças para bombardear o sistema de trabalho do Data
Poder360, o instituto fundado há pouco mais de um ano por Rodrigues
para realizar pesquisas para o portal que ele comanda em Brasília. O
Data Poder360 faz pesquisas apenas por telefone, usando um sistema
automatizado – algo inédito no país. Rodrigues defende que a dele
é “a que menos errou em 2016 na eleição de Donald Trump”.
Nas sondagens do
Data Poder360, o militar de extrema-direita Jair Bolsonaro tem,
sistematicamente, registrado índices de intenção de voto maiores
do que em outras sondagens. Segundo Rodrigues, seu instituto tem uma
base de dados com 200 milhões de números de telefone, fixos e
celulares, para a qual são disparadas ligações aleatórias pelo
sistema automatizado de pesquisa.
“O que o Data
Poder360 faz é enquete, não pesquisa”, disparou Cavallari. Para
quem não é do ramo, as pesquisas eleitorais costumam utilizar uma
amostra da população selecionada a partir de critérios (renda,
região do país, entre tantos outros) que refletem um corte fiel do
eleitorado – pelo menos em teoria. Na enquete, ao contrário, a
participação é aleatória e definida por quem escolhe responder,
não pelo pesquisador.
“Eu acho, com todo
o respeito a vocês dois: século 21, gente. O que a gente faz se
chama pesquisa, nos EUA só se faz esse tipo de pesquisa. Lá se
chama pesquisa, e aqui é assim também”, replicou Rodrigues. Pouco
antes, ele – que durante anos foi o principal repórter da Folha de
S. Paulo em Brasília – fizera troça do Datafolha, que se orgulha
de realizar apenas pesquisas presenciais, ou seja, realizadas
pessoalmente por um entrevistador.
“O Datafolha faz
pesquisas no Largo do Batata”, zombou o jornalista, fazendo
referência a um tradicional ponto de partida da manifestações
políticas em São Paulo – boa parte das marchas de junho de 2013,
na cidade, partiu dali. Paulino reagiu irritado: “Não é verdade.
Você escreveu sobre nossas pesquisas durante 20 anos e sabe disso.”
Gangorra de
percentuais
Para Paulino e
Cavallari, a metodologia usada pelo Data Poder360 é responsável
pela alta pontuação que Bolsonaro registra nos levantamentos do
instituto. “[No Brasil] Quem não tem telefone é 9% da população.
Se pegar a pesquisa do Fernando e ponderar com isso, vai baixar de 2
a 3 pontos o Bolsonaro, e aumentar de 2 a 3 pontos candidatos como a
Marina. Essa é a diferença”, sugeriu a diretora do Ibope.
“Sessenta por
cento dos eleitores do Bolsonaro são brancos, têm menos de 34 anos,
moram em grandes cidades e têm acesso costumeiro à internet. Ele
vai estar mais motivado a atender uma ligação automática [como a
do Data Poder360] e responder porque também é o eleitor mais
engajado nesse momento”, acrescentou Paulino.
“Tá faltando a
imprensa pensar um pouco mais, ser mais crítica em relação a
pesquisas.” Mauro Paulino, do Datafolha.
Rodrigues reagiu: “O
Bolsonaro, ao contrário do que o Mauro disse, é o voto mais duro.
As pessoas respondem com vontade. Sobretudo quando não têm que
olhar no olho de alguém. [Senão] Ficam com vergonha. E no telefone,
não”, disse, para protestos dos concorrentes. Ele continuou:
“Então, existe viés de todos os tipos. O que está na cabeça das
pessoas é que no mundo democrático todos podem ser transparentes
como estamos sendo, demonstrando qual a nossa metodologia de
pesquisa”, falou, frisando a palavra pesquisa. “A não ser que
nos EUA só se faça enquete”, completou, sobre boa parte das
pesquisas eleitorais americanas serem feitas por telefone.
“Recebo muitas
ligações de jornalistas [perguntando]: você não acha estranha a
pesquisa do Data Poder360? Eu respondo não sei, pergunta pra ele”,
ironizou Cavallari.
O chefe do Datafolha
foi além: colocou em dúvida levantamentos como os realizados por
uma corretora de investimentos financeiros, a XP. “Pesquisas
influenciam o mercado financeiro. Quando uma empresa de investimentos
faz uma pesquisa colocando o [ex-prefeito de São Paulo] Fernando
Haddad como candidato do Lula, é completamente errado, a não ser
que dissesse que o Alckmin é o candidato do Fernando Henrique
Cardoso”, criticou, antes de disparar: “Tá faltando a imprensa
pensar um pouco mais, ser mais crítica em relação a pesquisas, e
dar a devida divulgação a algumas coisas muito estranhas que estão
acontecendo”.
“Eu gostaria de
ter tantas certezas quanto o Mauro quando ele fala que alguma coisa
está errada”, ironizou Rodrigues. “Quem aqui nesta sala gostaria
de saber como reagiriam os eleitores no dia da eleição se votassem
no Duílio e ele fosse apontado como candidato do Lula? Alguém não
teria curiosidade de saber? É uma pesquisa. Qual o problema de fazer
essa pergunta? Nenhum.”
Perto do fim do
debate, Paulino voltou a provocar Rodrigues, desta vez pelo acesso do
jornalista à elite do Judiciário. “Quero fazer um pedido ao
Fernando: marque uma audiência do presidente da Abep [entidade que
reúne os principais institutos de pesquisas do país] e dos
diretores do Datafolha e do Ibope – e você mesmo, se quiser
participar – com os 11 ministros do Supremo. Nem precisa ser os 11;
só o Fux [também presidente do Tribunal Superior Eleitoral]. A
gente está tentando isso desde o ano passado…” A provocação
foi uma resposta à afirmação de Rodrigues de que a metodologia do
Data Poder360 foi aprovada por todos os integrantes da corte suprema,
em audiências presenciais dos ministros com pessoas do site.
“Isso aqui tá
pior que debate de candidato. Vocês criticam os candidatos, mas
estão piores do que eles”, ironizou, já perto do final do
encontro, o mediador José Roberto de Toledo, editor do site da
revista piauí. “Acho que é uma riqueza que a gente possa ter essa
discussão. Acho que todos fazem um trabalho excepcional, e nós
fazemos um trabalho absolutamente correto, transparente ao extremo”,
contemporizou Rodrigues.
No meio da troca de
farpas, sobressaiu-se uma concordância: os diretores de Ibope e
Datafolha disseram que uma pesquisa de intenção de votos nacional,
com 2 mil entrevistas, custa pelo menos R$ 270 mil. Os preços
praticados pelo Poder360 são bem inferiores a isso.
Ao final, quando
todos já estavam em pé para ir embora, Rodrigues protagonizou um
gran finale: subiu numa cadeira para chamar a atenção. “Uma
última informação”, gritou. “Eu gostaria de falar de sintaxe.
Eu não sou um instituto de pesquisa. Sou uma empresa que faz
pesquisa”, disse. Mas era tarde: o barulho das cadeiras e das
conversas da plateia e abafou o esclarecimento.
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