12 agosto, 2016

Vita Dificile



Querido diário:

Primeiramente, tempos de luto com a declaração de Dilma como ré daquelas acusações que constituem um acinte ao bom senso. Em segundo lugar, fora Temer.

Ouvi falar que o juiz Sérgio Moro tem toda família e 1 (hum) cachorro militando no PSDB, que avalizou a descaracterização como crime de uma fuga de capitais de meio trilhão de reais, que recebeu indicações para ser presidente da república, deter vários ministérios, que foi convidado a dar e receber carinhos em foros privados, que deveria ser primeiro ministro no, assim criado, parlamentarismo, que deveria fazer a reforma do judiciário, ocupando dois ou três cargos de ministro do supremo tribunal, todos simultaneamente e que deveria mudar a legislação penal, de sorte a acabar com a impunidade.

A vida é difícil, pois há propostas atribuídas a ele (e, na verdade, mais velhas que a bisavó da otoridade) que são socialmente relevantes, como:

.a. reforma do judiciário
.b. redução da impunidade
.c. usar provas colhidas de boa fé, mesmo que confrontem os rituais que foram criados precisamente para fomentar a impunidade (minha redação esperançosa)

Exemplo da importância do item .c. foi o caso do Detran de Porto Alegre. Agora vemos que aquele montante era uma ninharia, parece-me que uns R$ 50 milhões de reais. No caso, ainda lembro que o tribunal declarou as provas contra o deputado Otávio Germano ilegais. E o tribuno comemorou num artigo no jornal Zero Hora (tristes tempos em que pagava para lê-lo) sua inocência. Eu filosofei: se houve provas não aceitas por terem sido coletadas ilegalmente, só pode ser que ele não era inocente.

Vita dificile. Como aceitar o bem, mesmo quando vindo de um indivíduo que tem praticado o mal, desde inscrição de um cachorro num partido político (pobre do cachorro, lógico), como ouvir e divulgar ilegalmente gravações em que participa a presidenta da república, conduzir forçadamente o presidente Lula para uma entrevista com um policial em Viracopos.

Nós, cidadãos de boa vontade, não nos deixamos enganar:

.a. desfilia o cachorro
.b. pune pelos desmandos
.c. aceita as propostas que, aliás, nem são dele, de acabar com a impunidade, reformar todo o judiciário, reduzir a margem de manobra de advogados pouco afeitos às regras da moral e da ética e que se especializaram em derrear as provas de crimes de seus clientes.
.d. neste caso, claro, o problema é a legislação feita para a burla e inviabilizar a justiça.

DdAB

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