08 agosto, 2016

Voto Inútil...


Querido diário:

Dizem que a temerosa cidade de Porto Alegre, nos confins do mundo contemporâneo, terá oito candidatos a prefeito nas eleições municipais que, com cheiro de comédia, se aproximam. Gelei, degelei, tornei a gelar, pois pensei que o bom mesmo seria que não houvesse nenhum candidato. Ok, ok, o melhor mesmo é haver eleições sistemáticas, pois ainda lembro dos tempos de Célio Marques Fernandes e Guilherme Socias Vilela, prefeitos escalados pelas forças armadas.

Bem, bem, bem, figuras carimbadas que renovaram a política há 50 anos reaparecem com um vigor realmente transilvano: Júlio Flores, Luciana Genro, Nelson Marquesan, Raul Pont e Sebastião Melo. Os outros três, nomeadamente, Fábio Osterman, João Carlos Rodrigues e Maurício Dziedricki, ou também se encontravam ocultos numa sombra antediluviana ou concorrem para incrementar sua promoção pessoal, buscando preparar alguma popularidade que os guinde -in due time- a cargos de mais prestígio e remuneração.

Prefeitura: darei um voto inútil, a ser definido quando o eleitorado flutuante (eu incluído) escolher: votarei no esquerdista (a definir) mais cotado. O voto é inútil, pois, por exemplo, entre Marquesan e Osterman, terei que empinar um litro da velha cachaça de Santo Antonio da Patrulha para dirigir-me à chamada cabine inviolável.

Isto é da parte deles. 'E nóis'? Nós todos eu não sei, mas de mim já posso falar. Ao ver a portentosa lista em meu jornal, pensei direto no filho de César Maia, atual presidente da câmara dos deputados, aquela de Brasília, aquela... O caso da eleição daquele presidente da câmara dos deputados e a ridícula posição dos partidos de esquerda (definindo por enumeração mnemônica, PT, PSOL, PSTU, o partido da Erundina, cujo nome foge-me). Chega-se a elogiar 15 petistas que declaradamente se omitiram do segundo turno da votação.

Omite-se que, caso o filho de César Maia não fosse ungido, teria sido eleito o pastor Rosso, apaniguado de Eduardo Cunha, o homem bomba, com sua possível delação premiada de crimes escalafobéticos. Não tenho dúvida de que, com todo mal que já vimos praticado pelo dep. Rodrigo Maia, nem seria o começo, comparado com o pastor.

Negou-se o conceito de voto útil, que significa sempre escolher o menos pior. Não se dão conta de que a organização da esquerda tem como ambiente não a sessão plenária da câmara dos deputados mas a discussão pela base, antes mesmo das candidaturas a cargos eletivos. Um partido decente, claro, não o que hoje vemos e seus magotes de candidatos a tudo. A criação de partidos e coalizões partidárias deveria começar antes da eleição, nunca depois dela, para evitar os afamados conchavos palacianos. Lembro com saudades de minha alegria quando lia o dístico de propaganda "Discuta Política", ou seja, devemos voltar esta consigna, devemos voltar a pensar em discussões nas fábricas, nas organizações comunitárias, nos escritórios, no meio rural. Devemos pensar em começar tudo novamente.

DdAB
Imagem: aqui.

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