12 maio, 2016

Treino em Dois Toques: cair e levantar


Querido diário:

Treino em dois toques: o primeiro é "normativo", lamentando a deposição de Dilma Rousseff como primeira presidenta do Brasil e o segundo é "positivo", prevendo que a turma que "sangrou o governo" será substituída por outra turma desejosa de "sangrar o governo".

Parece-me que a naiveté da turma que andou sangrando o governo desde a posse do presidente Lula não se deu conta de que o caminho das sangrias é de duas vias. Incapazes de prever o futuro, o que podemos fazer é olhar e calcular se não teria sido mais barato deixar Dilma no poder, fazer o acordo possível aqui ou acolá e esperar pelas eleições de 2018. Temo que estejamos numa sequência de "lancetadas" num Tit-for-tat e que não terá a mudança esperada tão cedo.

Exemplo de protagonista que talvez nem seja ingênuo, mas que parece, lá isto parece é o juiz Sérgio Moro. Olha o que ele diz (aqui, tão escalafobético que até acho que pode ser invenção do site):

12 DE MAIO DE 2016 ÀS 15:03

247 – Horas antes de o Senado ter admitido o processo de impeachment e afastado a presidente Dilma Rousseff por 180 dias, o juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato em primeira instância, pediu tolerância aos brasileiros e falou em "apaziguar o país".

As declarações foram feitas durante palestra a estudantes e professores do Paraná, na Universidade de Maringá. "É importante, num momento político talvez conturbado, que nós pensemos essas questões apartidariamente e com espírito de tolerância. Nós temos que tratar essas questões com racionalidade e sem rancor ou ódio no coração", recomendou".

"Devemos continuar sendo intolerantes em relação a esses esquemas de corrupção sistêmica", defendeu ainda o magistrado, que falou também em "ânimos acirrados" no país a uma plateia de cerca de mil pessoas.

"Esse quadro de corrupção sistêmica, o vilão não é unicamente o poder público. A corrupção envolve quem paga e quem recebe. Ambos são culpados e ambos, se provada a sua responsabilidade na forma do devido processo penal, têm que ser punidos na forma da lei", prosseguiu Moro.


DdAB
E publiquei isto em meu mural do Facebook:
Em 1964, eu estudava no Colégio Júlio de Castilhos e digamos que lá pelo dia 6 (segunda-feira, acabo de olhar no relógio do computador) tive uma aula de física (mecânica e talvez algo mais) com um dos grandes professores que tive ao longo da vida. Ele, Hélio Riograndense, viu a desolação de boa parte da turma com o golpe que ocorrera por aqueles dias. E nos confortou dando a primeira lição (já ouvira falar no assunto, claro, mas não teria domínio para fazer os paralelismos construídos facilmente pelo querido mestre) de dialética. Disse algo que vale agora 100%:
.a. estávamos nós construindo nosso mundo possível
.b. mas havia outro mundo possível concebido por nossos adversários, que alçaram-se ao poder
.c. vamos novamente contrapor-nos ao mundo possível que não é desejável por nós
.d. a vida é uma eterna mutação: teses permitem o surgimento de antíteses que geram sínteses que se transformam em teses que geram antíteses, num devir constante.
((a imagem é uma homenagem aos afanosos delegados de polícia que confundiram Hegel com Hagel e Hagel com Bagel e que pleiteiam autonomia administrativa, funcional e financeira))

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