Querido diário:
Treino em dois toques: o primeiro é "normativo", lamentando a deposição de Dilma Rousseff como primeira presidenta do Brasil e o segundo é "positivo", prevendo que a turma que "sangrou o governo" será substituída por outra turma desejosa de "sangrar o governo".
Parece-me que a naiveté da turma que andou sangrando o governo desde a posse do presidente Lula não se deu conta de que o caminho das sangrias é de duas vias. Incapazes de prever o futuro, o que podemos fazer é olhar e calcular se não teria sido mais barato deixar Dilma no poder, fazer o acordo possível aqui ou acolá e esperar pelas eleições de 2018. Temo que estejamos numa sequência de "lancetadas" num Tit-for-tat e que não terá a mudança esperada tão cedo.
Exemplo de protagonista que talvez nem seja ingênuo, mas que parece, lá isto parece é o juiz Sérgio Moro. Olha o que ele diz (aqui, tão escalafobético que até acho que pode ser invenção do site):
12 DE MAIO DE 2016 ÀS 15:03
247 – Horas antes de o Senado ter admitido o processo de impeachment e afastado a presidente Dilma Rousseff por 180 dias, o juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato em primeira instância, pediu tolerância aos brasileiros e falou em "apaziguar o país".
As declarações foram feitas durante palestra a estudantes e professores do Paraná, na Universidade de Maringá. "É importante, num momento político talvez conturbado, que nós pensemos essas questões apartidariamente e com espírito de tolerância. Nós temos que tratar essas questões com racionalidade e sem rancor ou ódio no coração", recomendou".
"Devemos continuar sendo intolerantes em relação a esses esquemas de corrupção sistêmica", defendeu ainda o magistrado, que falou também em "ânimos acirrados" no país a uma plateia de cerca de mil pessoas.
"Esse quadro de corrupção sistêmica, o vilão não é unicamente o poder público. A corrupção envolve quem paga e quem recebe. Ambos são culpados e ambos, se provada a sua responsabilidade na forma do devido processo penal, têm que ser punidos na forma da lei", prosseguiu Moro.
DdAB
E publiquei isto em meu mural do Facebook:
Em 1964, eu estudava no Colégio Júlio de Castilhos e digamos que lá pelo dia 6 (segunda-feira, acabo de olhar no relógio do computador) tive uma aula de física (mecânica e talvez algo mais) com um dos grandes professores que tive ao longo da vida. Ele, Hélio Riograndense, viu a desolação de boa parte da turma com o golpe que ocorrera por aqueles dias. E nos confortou dando a primeira lição (já ouvira falar no assunto, claro, mas não teria domínio para fazer os paralelismos construídos facilmente pelo querido mestre) de dialética. Disse algo que vale agora 100%:
.a. estávamos nós construindo nosso mundo possível
.b. mas havia outro mundo possível concebido por nossos adversários, que alçaram-se ao poder
.c. vamos novamente contrapor-nos ao mundo possível que não é desejável por nós
.d. a vida é uma eterna mutação: teses permitem o surgimento de antíteses que geram sínteses que se transformam em teses que geram antíteses, num devir constante.
.a. estávamos nós construindo nosso mundo possível
.b. mas havia outro mundo possível concebido por nossos adversários, que alçaram-se ao poder
.c. vamos novamente contrapor-nos ao mundo possível que não é desejável por nós
.d. a vida é uma eterna mutação: teses permitem o surgimento de antíteses que geram sínteses que se transformam em teses que geram antíteses, num devir constante.
((a imagem é uma homenagem aos afanosos delegados de polícia que confundiram Hegel com Hagel e Hagel com Bagel e que pleiteiam autonomia administrativa, funcional e financeira))
Nenhum comentário:
Postar um comentário