Querido diário:
Quem não sabe que azenha significa moinho de roda tangido pela água de uma sanguinha? E sanguinha, quem não sabe que é um riachinho? E riachinho? E Rua da Azenha, que é uma movimentada avenida que desliza pela cidade de Porto Alegre?
Sobre ela, pudemos ler, ontem, o devastador artigo de Juarez Fonseca, da p.27 de ZH que fala do Binário da Praia de Belas-Borges, permitindo que se questione a qualidade da engenharia de tráfego da cidade. Sua veemência suscita a discussão de outros casos de ação ou omissão. Alguns deles fariam a diferença entre a vida e a morte de homens e cães - no dizer borgeano (o escritor argentino, não o caudilho sul-riograndense). Uma engenharia de tráfego discutível tem a ambição de ajustar o comportamento da população a seus desígnios. Tal é o caso do trecho da Rua da Azenha entre o quaternário também integrado pelo trio Princesa Isabel-Bento-Oscar Pereira e a rua do Estádio Olímpico.
Na Rua da Azenha pintou-se uma faixa amarela com razoável sucesso no que diz respeito a impedir o “jogo do covarde” encetado entre os motoristas que vão e os que vêm em sentidos opostos pela mesma pista: quem aguenta a pressão e não desvia? São raros os acidentes automobilísticos fora da linha, o mesmo não se podendo dizer quanto às dezenas de pedestres que por infelicidade precisam cruzar a rua de poucos semáforos e uma frota de ônibus, caminhões, automóveis, motocicletas, etc.
Diria o Analista de Bagé que, se a EPCT der uma meia dúzia de telefonemas, ela poderá educar toda a população que passará a evitar a travessia perigosa. A cidade estará à beira do nirvana, configurando-se o que se chama de estratégia populacional de lidar com assuntos de políticas públicas. Por contraste, enquanto a educação não for alcançada por um número mesmo que discreto de transeuntes, seria sensato que o poder público adotasse a chamada estratégia de alto risco, alcançável por meio de um simples canteiro, destes que foram construídos às pencas na Praia de Belas-Borges. Com um canteiro central, teremos na Azenha o segundo binário da capital.
DdAB
Imagem daqui. Os personagens não pisam a Rua da Azenha, mas outro canto do universo.
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