04 maio, 2010
Verde, vermelho e desemprego
querido blog:
em algumas churrascarias, adotou-se o sistema de "quero carne", vira verde e "quero paz", vira vermelho. trata-se de uns cartõezinhos que o carnívoro pode ir trocando, aproximando ou afastando os garçons, seus espetos e o que neles -espetos- vem espetado. no outro dia, envolvendo-me na carnificina em uma churrascaria que não usa este sistema, vim a dar-me conta de que dois simples cartõezinhos em cada mesa (ou até um, impresso em folha de azaléia de um lado e flor de outro) economizam certa quantidade de garçons. mais ainda, um sistema digital teria a comunicação "verde" ou "vermelho" feita diretamente entre a mesa do cliente e a área dos churrasqueiros. ou seja, querendo picanha, peço um -digamos- 5 verde, querendo linguicinha, digito -seja agora- um 7, e assim por diante. não querendo nada, simplesmente nada vou digitar ou -se for o caso- digitarei zero.
claro que estas divagações têm a ver com a recente comemoração do dia do trabalho, quando deixei claro que haverá algum mal-entendido em algum canto, pois ninguém gosta de trabalhar e, portanto, a sociedade gostaria de mais lazer e odiaria gente que cria empregos que sejam redundantes sob o ponto de vista da "best practice". por exemplo, o vereador Wilson Arruda, em 1970 oslt indignou-se quando a prefeitura comprou carros de rodas de borracha para alguns garis, deixando os outros com aqueles carros de aros metálicos. queria aumentos de produtividade, pois está na cara que gari que dirige carrinho de borracha anda mais metros (ou fração) por segundo do que o dirigente de carrinho de aro de ferro. compreendeu?
DdAB
captura da imagem: http://static.andaluciaimagen.com/Folhagem-hibisco-vermelho-e-verde_113110.jpg. e está bem claro que estamos falando de um site andaluz, que encheu a imagem com informação eivada de entropia, ou seja, de contéudo informacional reduzidíssimo. procurei "verde" + "vermelho". trata-se das cores "siga" e "pare".
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2 comentários:
Nessas churrascarias, onde servem vegetarianos, o sistema do cartãozinho verde-vermelho não funcionou porque os clientes ficavam mais tempo no local gastando a mesma coisa. Os donos, para ganhar mais, principalmente no fim de semana, precisam de alta rotatividade. A correria dos garçons, que não deixam a gente terminar um pedaço de carne e já querem servir outro, nos induz a correr também. Se ficássemos, em média, mais tempo na churrascaria, ela teria que ser maior para gerar o mesmo lucro, ou o dono teria que colocar vários garçons na fila do desemprego. Resolver esse quebra-cabeça administrativo não deve ser muito fácil: parece que sempre que arrumamos uma coisa estragamos outra. Acho que isso é da natureza da economia.
(Sílvio)
P.S.: A menção à azaléia não foi por causa da foto, foi? É porque a foto é de um ibisco.
oi, Sílvio:
esta é a postagem mais econômica, no sentido mais elevado do termo que já emergiu deste blog. o problema da ciência econômica é que ela apenas responderá adequadamente a tuas observações em 100 ou 200 anos!
DdAB
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