18 abril, 2010

quanto mais rezo, ...

querido blog:
talvez seja apenas retaliação a minhas duas últimas postagens, em que citei nominalmente Zero Hora, o lado luminoso, e a Zero Herra, o umbral escaleno, do jornal que leio diariamente. talvez não seja, mostrando apenas o engajamento (como também já referi por cá da minha inconformidade...) desse diário em pontos de vista que declaro eminentemente conseradores. seja como for, nas pp.30-31 de hoje há uma entrevista com Eduardo Kalina, médico argentino, em que podemos ler, entrecortadamente, o seguinte: "[...] é preciso cuidar [...] para que a droga não chegue até a pessoa." de minha parte, concordo em absoluto! e sempre penso que este cuidado não se associa à recepção de detentores de empregos precários como frequentadores dos pátios das escolas de todas as quase 500 cidades do Brasil (cf. José Eli da Veiga) e outros núcleos urbanos. agora vejamos o que segue:

Em vez de esse tema ser tratado por certos profissionais, sobre ele opina Fernando Henrique Cardoso, que fala de legalizar porque o mercado controlado acabaria com o problema. tenho o maior respeito pelo Fernando Henrique Cardoso, mas ele não tem nenhum preparo para falar sobre droga. Falam também músicos, pintores, políticos, jornalistas, e muito pouco se trabalha com profissionais da saúde. [...]

quanto mais eu rezo, mais assombração me aparece. acho que Zero Herra tem mesmo má fé comigo... primeiro, a questão do maior respeito por FHC, tema sobre o qual devo dizer que meu respeito já foi maior... segundo, se o entrevistado é mesmo adepto da idéia de que o ex-presidente da república não pode falar sobre drogas forço-me a crer que ele, articulista, é um ingênuo. acho mais, que seu corporativismo é visível. ademais, por falar em corporativismo, não seria o caso de ele deixar para os economistas a questão do estudo do mercado de drogas? tem preço? tem! tem quantidade que nivela -equilibradamente- a oferta e a procura? tem. então é caso para economista, não é para profissionais da saúde.

ok, ok, não sou corporativista, mas não acho que bibliotecários ou xerocadores, para não falar em advogados e zoólogos, devam ser proibidos de inserir-se na discussão sobre drogas, sua legalização e as melhores estratégias de reduzir o consumo. fazer precisamente o que diz o entrevistado -que a droga não chegue até a pessoa- é o canal. apontar à "pessoa" o caminho da liberdade, o caminho da auto-superação e o caminho do repúdio à burrice.
DdAB
http://iniciandociclos.blogspot.com/2010/03/quanto-mais-eu-rezo-mais-assombracao-me.html

2 comentários:

Sílvio e Ana disse...

Um bom plano coadjuvante é ensinar xadrez para as crianças. Enquanto suas cabecinhas estiverem ocupadas com o jogo-arte-ciência, nenhuma droga terá espaço.
(Sílvio)

... DdAB - Duilio de Avila Berni, ... disse...

e, o que é principal, mantém-nas fora do xadrez, não é isto?
DdAB