27 abril, 2009

Ladrões Compulsórios: voto voluntário^-1

Querido Blog:Recebi este e-mail de quem de direito:
26/4/2009
Saiu na Folha de hoje.
Acho que o "x" da questão é esse mesmo: transformaram um direito num dever.
O indivíduo de soberano, passa a vassalo.
Um abraço,
Editoriais

editoriais@uol.com.br

Voto facultativo

Distância entre sociedade e seus representantes cresce a cada escândalo, favorecida pelo arcaísmo do sistema eleitoral
SERIA IMPRÓPRIO classificar de simplesmente "moralistas" as violentas reações da opinião pública diante dos abusos cometidos no Congresso Nacional, em particular na célebre farra das passagens aéreas gratuitas. Tem-se, na verdade, um movimento generalizado e veemente de indignação diante de revelações que só na aparência se reduzem ao anedótico, ao secundário, ao venial. No caso das passagens aéreas, atingiu especial visibilidade -e, talvez, seu ponto de máxima saturação- um fenômeno que se tornou crônico no sistema político brasileiro. Os assim chamados "representantes da população" parecem representar, antes de tudo, a si mesmos -e a uma rede de contatos no mundo privado e doméstico que se mantêm, na maior parte do tempo, invisíveis e fora do controle dos cidadãos. Regras cada vez mais rígidas de transparência constituem sem dúvida a arma mais eficiente para combater essa situação. Mesmo assim, e apesar das recorrentes vagas de repúdio que cada novo escândalo suscita, um problema básico permanece. Representantes e representados parecem habitar mundos à parte, com escassos pontos de comunicação. A certeza da impunidade, tão disseminada entre governantes e parlamentares brasileiros, não se restringe apenas ao âmbito do Código Penal. Vigora também uma confiança na impunidade política, que se confirma toda vez que figuras cercadas das mais fortes evidências de corrupção terminam vitoriosas em novas eleições. Isso ocorre sem que, por outro lado, a população abandone sua permanente repugnância pelos políticos que, entretanto, consente em reeleger. A superação desse estado de coisas depende, como é óbvio, de um longo processo de desenvolvimento da maturação política e do mais amplo acesso à informação. Mesmo assim, haveria no mínimo uma mudança fundamental e simples, no campo em geral bastante técnico e polêmico das reformas institucionais, cuja oportunidade se manifesta com clareza, em meio a um descrédito da atividade política a todos os títulos nocivo para a democracia. O Brasil é um dos raros países do mundo onde vigora o sistema do voto compulsório. Não há sentido em encarar um direito dos cidadãos -o de participar livremente das eleições de seus representantes- como um dever imposto pelo Estado. O indivíduo que vota apenas por obrigação não se coloca no papel de soberano, e sim de subordinado no processo político.
Cronifica-se, com isso, a tendência histórica de encarar os governantes e os parlamentares não como homens públicos a serviço da população, mas como detentores de um poder de mando e de uma série de privilégios pessoais, aos quais o cidadão se curva numa espécie de corveia eleitoral. Oferece-lhes, contrafeito, um mandato que será exercido na impunidade e na arrogância, e haverá de encará-los, forçosamente, com ressentimento e com desprezo.
Minha gente!
Repito ad nauseam: "O indivíduo que vota apenas por obrigação não se coloca no papel de soberano, e sim de subordinado no processo político. O indivíduo que vota apenas por obrigação não se coloca no papel de soberano, e sim de subordinado no processo político. O indivíduo que vota apenas por obrigação não se coloca no papel de soberano, e sim de subordinado no processo político."
E ainda tem outras manifestações de autoritarismo, como é o caso do serviço militar obrigatório e d'A Voz do Brasil. Há gente que ouve. E há gente que odeia! Fazê-los voluntários é a estratégia dominante.
DdAB

26 abril, 2009

Exportação de gaúchos

Querido Diário:Nesta foto do Sr. Google-Images, vemos, aparentemente, quatro gaúchos de Bagé, cidade citada por Jorge Luis Borges em um de seus escritos. Como sabemos, bagé e pajé, rio guahyba e rio guaíba é tudo a mesma: estupidez do Brazil central forçando os gaúchos a escreverem como o centro do império quer. Que dizer da importação de forâneos, além da escrita feita nos gabinetes empolados do rio de janeiro, uma baía, claro? Não apenas myself fui importado, mas todos os próceres, todos, inclusive os guaranis e caigangues, não é, pois - como sabemos - o Planeta Terra nasceu sem vida e esta chegou apenas há uns dois bilhões de anos. Logo, digamos, há 45 bilhões de anos não havia Terra nem o Museu Júlio de Caudilhos, nem caudilhos, nem Jorge Luis, nem nada, nadicas de nada.

Mas tem neguinho (más notícias no front, com o anúncio de câncer da Econ. Dilma Rousseff) que acha que o protecionismo é bom: exportemo tudo, não imortemo nada, mas na parte dos talento, o negócio se inverte: importemo tudo, o Dr. Duílio, a Dra. Dilma, a Dra. Yeda, o Dr. Crusius (de antepassados europeus recentes, isto é, menos de 250 milhões de anos). Mas não exportemo nada!

Quem me levou (trouxe?) a estas edificantes reflexões foi o Sr. Alfredo Fedrizzi, no artigo assinado da página dos editoriais de Zero Hora, que acha que devemos criar incentivos fiscais para reter os talentos por aqui. Pensei logo no Reitor da Ulbra, no Dr. Eliseu Padilha, no Melara, no Seco, nos meninos de rua que me assaltaram em Montevidéu (gaúchos?).

E que segredos estarão revelando os dois chapéus encabeçados na cabeça dos dois gaúchos da esquerda, o manuseado pelo terceiro de lá para cá? E que pensará a cabeça do outro, ou melhor, será que seu chapéu, se é que ele o tem e encabeça ou manuseia, pensa em algo? Disse-me a Sra. Avó do Badanha que os da direita não pensam.
DdAB

24 abril, 2009

México e Érico: já era tempo

Querido Diário:
Desde que terminei de ler o livro "México", de Érico Veríssimo, um volume comprado de segundamão aos 5/jan/2009, da Editora Globo (não confundir com a manifestação de poder de monopólio da Rede Globo), publicado em Porto Alegre, em setembro de 1985, redigido com a ortografia de 1973, contrariando o original, que -presumo- deixou-se lançar em 1957, pensei em fazer uma grande postagem a respeito. Vejamos, que não o farei hoje, quando o farei. Seja como for, ainda como arabescos iniciais, devo dizer que registrei -in due place- a pergunta: "quem fez as ilustrações" da edição que tenho em mãos? Estavam no original? Neste 1985, não há créditos a ninguém, registrando-se na portada tratar-se da nona edição. Tampouco há créditos para o desenhista da portada, presumidamente diversa da edição original.

Terei pensado, antes de terminar de ler "México", na verdade, em fazer esta espécie de book review esfigmonanométrica. Esta fotografia um tanto esmaecida, presumo, esteja mostrando o casal Diego-Frida, que a retirei da Internet/Images/Google. Ambos são mexicanos, pelo que entendo, depreendo. Frida não foi mencionada em "México", de Veríssimo. Diego foi, algumas vezes, menos do que Siqueiros, com quem Érico chegou a ter um ou outro contato pessoal durante a visita.

Nem todas as reflexões que fiz durante a leitura estarão aptas a serem recuperadas. Ou, por outra, não mais estarei apto a recuperar todas as reflexões que fiz. [Comecei há pouco tempo a tentar retomar uma campanha contra os antropocentrismos e etnocentrismos que comecei há tempos].

Além da capa de papel coberto com plástico, portando duas orelhas, o primeiro traço mais característico, que pararei de citar os traços gráficos em detalhe, reservando-me o direito de mencioná-los sem detalhe, ou melhor, apenas em detalhes selecionados, vejo o preço que paguei: R$ 6,00. Não pestanejei, pois naquele verão um picolé custava R$ 2,00, o.s.l.t.. Seguiu-se um conjunto de cálculos, dos quais destaco 0,2 x R 3.200 = 640 (a unidade de medida foi omitida por razões que agora não lembro; talvez por simples olvido).

Seguem-se, como disse, outras obervações irrelevantes para a presente postagem. A elas segue se uma lista de 27 obras de Érico, não sei se podemos declará-la definitiva, pois certamente há o livrinho "O Ataque", da Coleção Catavento da mesma editora, que juro ter lido. Tinha esquilos em Washington, tinha tiros no rincão e tinha Pomona. Se me não falha a memória. Ela falha, a memória.

Assinalei coisas, o que me deu indizível satisfação. Vejamos:
2. Clarissa
3. Caminhos Cruzados
5. Música ao Longe
6. Um Lugar ao Sol
8. Olhai os Lírios do Campo
10. Gato Preto em Campo de Neve
11. O Resto é Silêncio
12. A Volta do Gato Preto
13-19. O Tempo e o Vento (em sete volumes)
20. Pimba! (ou melhor, México)
21. O Senhor Embaixador (não esquecer que poderia ser "O Sr. Embaixador", que a primeira edição de "São Bernardo" deixava-se ler como "S. Bernardo").
23. Israel em Abril
24. Incidente em Antares
26-27. Solo de Clarineta (em dois volumes).

Estes são os livros que li, lerei ou menti ou minto que li, como passarei a mentir que li, a partir de 31/julho/2017, o livro "A Theory of Justice", de John Rawls, pois não o lerei. Ou mentirei que não o li? Se a memória não falha, tudo já li em um ou outro momento de minha carreira literária. Não lembro qual foi o primeiro, talvez "O Ataque" que, como sabemos, não está na lista que não listei toda... Depois, talvez, "O Sr. Embaixador", sabe-se lá. Também li um dos velhinhos, por aqueles tempos. Não lembro qual. Certamente lembro de ter lido os sete de "O Tempo e o Vento", emprestados que me foram pelo colega Aldo Faraco. Era Aldo? Era de Alegrete? Era parente de Sérgio Faraco? Aldo era legal, preparava-se, creio, para o vestibular de direito. Penso ter devolvido todos os sete exemplares. De quem era "O Sr. Embaixador"? Já não lembro, o fato é que -ao lê-lo- pensei em virar diplomata. Pablo Astorga, ou Ortega, sabe-se lá, entusiasmou-me: um intelectual sofisticado que acaba na guerrilha e no poder, sentindo-se mal com este. Outro assunto, para talvez nunca de núncaras. You never know.

Dizia eu: li coisas há tempos. Destaca-se que bem lembro, se lembro, de ter lido "Gato Preto em Campo de Neve". Se é da "Coleção Catavento", então está claro que li chez moi. Se não é, tê-lo-ei lido na Biblioteca do Colégio Estadual Júlio de Caudilhos. Ou elsewhere. Empréstimos de meu amado Walter Browne Maia?

Como cheguei a "México"? Faraco, Sérgio e outros, colocaram-me na trilha de Érico, talvez pelas comemorações do centenário de nascimento. O fato é que, depois de ter visitado os Estados Unidos, no início de 2001, decidi reler, que -como disse- juro que lera o "Gato Preto". Dele eu lembrava que havia uma história com botinas, para o autor proteger-se da neve de Nova Iorque, não a tangenciando, pois andou de limos daqui para lá e, na festa, observava o povo na estica e suas botinas, até que deliberou esquecê-las, "para não estragar a festa". Eu pensei ao contrário: às vezes trajava (calçava?) sapatos de verniz impecáveis e, mesmo assim, procurava estragar a festa... Mas gravei mais coisas do "Gato Preto". Na volta de Nova Iorque, repito, decidi ler "A Volta do Gato Preto". Depois, reli o próprio "Gato Preto". Na linha, achei "O Sr. Embaixador" e o reli pela segunda vez, ou seja, lera-o, relera-o em torno de1975 e voltei a fazê-lo, registrando o final da leitura como "26/abr/2002. 23h50min. Amanhã, vou a Bento (Gonçalves, progressista cidade onde passei anos de minha primeira infância), com a PUCRS". Para alegria do Prof. Adalmir Marquetti, hospedei-me em um quarto compartilhado com o Prof. Balarine, agora deceased. Quer saber as razões? Indague lá a ele, o que está vivo...

Textos relacionados ao centenário levaram-me a distinguir um trio literário que me interessou olhar mais de perto
.1. Caminhos Cruzados, de Érico
.2. Contraponto, de Aldous Huxley (que li uma cópia de Walter Browne Maia e estou relendo agora, que não acabo nunca, às vezes acho enfadonho e às vezes sublime; o último "tempo" que lhe estou dando ocorre a pretexto de olhar coisas importantíssimas sobre finanças em meu amado livro de Milgrom & Roberts)
.3. Merry-go-round, de William Somerset Maugham (que ainda não li).

Então comecei o grande projeto que me tomou boa parte do tempo de lazer de 2008. Li Clarissa, Caminhos Cruzados, Música ao Longe, Um Lugar ao Sol, Olhai os Lírios do Campo e O Resto é Silêncio, O Senhor Embaixador e Incidente em Antares, mais ou menos nesta ordem. Pinguei o ponto final em "O Resto é Silêncio" às 9h32min de 13/jul/2008 na progressista cidade de Três Passos, costa do Rio Uruguay. Trata-se de uma cópia caseira maravilhosamente executada you-know-by-whom. Como disse, lerei a.s.a.p. "Israel em Abril". E voltarei a ler, in due time, "O Tempo e o Vento" e "Solo de Clarineta". Quando acabar tudo, recomeçarei tudo. E o que não cito provavelmente jamais venha a ler. Em Maceió, onde li boa parte de "México", quase comprei um "Tempo e o Vento" reproduzido, o que não fiz, pois era em quatro volumes, e eu queria uma cópia da edição em três volumes, que me parece ter sido a forma original. Ou de um lançamento de estirpe. Ou ambas as coisas, ao revés de uma ou de outra o de ambas.

Ok?
DdAB

22 abril, 2009

Para palavras loucas...

Querido Diário:
Você nunca se considerou um diário autêntio, não é mesmo?Mas que dizer então do marcador "VidaPessoal"? Ocorre que revelar preferências musicais pode ser revelar a biografia... Pois em meu caso tenho ouvido, sempre na www.accuradio.com:
.a. jazz-piano
.b. jazz-sax
.c. chamber music
.d. tango, se é que por lá temos tangos, coisa que ainda não investiguei.
O fato insofismável é que teremos ouvido, ainda nos tempos catarinas (ou teria sido quando descíamos de vapor o Rio São Fransico?), uma senhora de, digamos, meia idade e baixo grau de educação formal, ao ser vilipendiada com tentativas de controle de seu curso de ação por um marinheiro (ou caixeirinha de supermercado?) os seguintes dizeres: "Melhor ouvir isto do que ser surdo".
Concluo olimpicamente: melhor ouvir a Accuradio do que ser surdo. Melhor fazer ouvidos moucos a palavras loucas. Melhor ler o jornal todo santo dia e enviar pelo menos um e-mail aos abrilhantadores da Zero Herra.
CQD.
DdAB

20 abril, 2009

Cão dos Ricos

Querido Diário:
Como aqueles que estão ouvindo sabem, ouço agora a
http://player.accuradio.com/player/slipstream/accuclassical/?channel=classical&sub=SubChamber,
não fosse este evento (dois terráqueos ouvirem a mesma rádio em mesma sincronia) impossível, no reino das contingências. Menos provável do que alcançar o número 3,5 com o lançamento de um dado.
O caozinho dos ricos que aqui vemos vem de lá, não do "chamber music", mas dos preparativos para tal. Por que pensei em ricos, em tabuada, em José Fogaça, prefeito de Porto Alegre, em moradores de rua, em Barack Obama?
Pensando mais no comentário do Sr. Ellahe a uma postagem anterior e minha réplica, houve-me por bem em imaginar se o Sr. Mendigo ficaria mesmo desgostoso, caso eu lhe dissesse que gostaria de ensinar-lhe a tabuada, a colocação de pronomes, a calistenia.
Agora, esta postagem, que deveria ser coloquial estará virando "economia política" ou "filosofia econômica", caso não acabe.
DdAB

19 abril, 2009

Roubini não é nonsense

Querido Diário:Achei o bode acima bem simpático para ilustrar o que procurei no Sr. Google, considerando o artigo de hoje do Caderno Dinheiro de ZH, p.7. Aquela letra "d" perto da barba do bode é um tanto suspeita... Pensei que o bode avistara a luz no fim do túnel do qual parece emergir.

Cito partes, editando livremente:

:: Sinais moderados de recuperação na economia;
"O consenso entre economistas é de que o crescimento no ano que vem será próximo de 2,5%.
"
:: As "[...] ações iniciam uma recuperação nos EUA e em todo o mundo. Esses mercados parecem acreditar que há uma luz no fim do túnel para a economia e para os lucros de empresas."
"Esse consenso otimista, acredito, não está baseado em fatos. Na verdade, a expectativa é de que enquanto o índice de contração americana reduzirá de -6% nos últimos dois trimestres, a expansão dos EUA ainda será negativa (cerca de -2% a -1,5%) na segunda metade do ano (comparado ao consenso de 2%). Além disso, o crescimento no próximo ano será tão fraco (0,5% a 1%, ao contrário do consenso de 2% ou mais) e o desemprego tão alto (acima de 10%) que ainda será sentido como uma recessão."

Ou seja, temos previsões inequívicas: prevejo que, quando todo mundo fala em crescimento de 2% no ano que vem, o que veremos é um crescimento de 0,5% a 1%. Quem prevê é ele, Roubini. Eu previ, só para contrariar, que nada aconteceria no PIB (crescimento zero), com inflação e desemprego. Não tenho lido sobre previsões da taxa de inflação, as últimas de que ouvi falar sinalizavam para deflação. Juro que haverá inflação. E, depois da previsão inicial, eu a refiz e aduzo: e será provocada por uma corrida de desvalorizações do câmbio dos países importantes.

Voltando a Roubini, será que o tom de pessimismo cultivado que ele adota justifica-se, quando suas divergências com as previsões dos "economistas" situam-se na casa dos 0,5% a 2,0% do PIB? Claro que 1% do PIB americano é montones de dinheiro. However erros de 1% na estimativa do que quer que seja são toleráveis, também os de 2,5% unicaudais ou bicaudais. E 5%, e já vi paper dizendo que sua previsão era boa, "a 25%".

Ou seja, o PIB não cairá 30%, como o fez em 1929 ou 1947. Nem, presumo, subirá 30%, como sobe rapidamente (três ou quatro nos, to be true). Ou seja, teremos, em média, crescimento zero. E Roubini terá suas sofisticadas previsões confrontadas com estimativas de senso comum, ingênuas, provocativas, sinceras. "A melhor maneira de se prever o futuro é inventá-lo", disse o Sr. Johnnie Walker.
DdAB

17 abril, 2009

Burros Tratados a Pão-de-Ló

Querido Diário:
Em meu arquivo de assuntos importantes e inadiáveis, sobressaiu-se hoje o tema do cidadão número. O que vemos acima foi o que achei com a entrata "burros tratados" no Google Images. Eu não sei bem o que pensei na época em que este assunto estava na voga, so to say. O fato é que hoje, depois de tanto tempo que o cidadão número não venceu, percebo que o vencedor foi alguma coisa que não inclui o substantivo "cidadão". Tratá-lo como um número era uma droga? E que tal tratá-lo como não-número? Nos dias que correm significa dizer simplesmente que ele é abandonado a suas próprias cifras. Ou seja, quem é contra numerar todos os documentos da vida de um indivíduo humano apenas com uma sequencia de algarismos arábicos é que é contra o cidadão!
DdAB

16 abril, 2009

Cachorro Matreiro

Querido Diário:Impossível estar mais feliz! Pensando bem, sim, seria possível... Mas acho que o impossível mesmo é eu fazer postagens curtíssimas. Justifico: nunca ouvi falar em Owen Wilson, o que até me pareceria marca de fogões cruzados com raquetes de squash. Seja como for, achei-o (e não é 'achei-la'), como achei os dois cowboyzinhos do outro dia em Apalosa, por causa do chapéu. Mas, uma vez que eu não procurava chapéus, como caiu-me na rede este neguinho? Procurei no Mr. Images: "cachorro matreiro", como V. S. lê no título desta postagem. E de onde veio o cachorro alularado, digo, homengeado no outro dia, com o título de "Cachorro Ladrão", graças às investidas de seu filho e irmão, not to speak of friends, friends^2, friends^3 etc., numa progressão de fazer inveja aos mais audaciosos matemáticos da teoria do crescimento exponencial, interrogation mark? Pois veio de:
http://fomosaocinema.blogspot.com/2007_09_01_archive.html,
que a terrinha é boa e a chuva é fina... Esses sindicalistinhas ladravazes... (e ^n). E os guaranis vêm-me à mente à propos os índios aparentados com os Mbyás Guaranis do Guarani de Bagé e cercanias, um troço destes.
Somos forçados a concluir que o Presidente Lula deu o maior golpe de etiqueta no Prof. Dr. Fernando Henrique Cardoso (nome não constante na Plataforma Lattes, pois não deve ser confundido com: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4522708P3). Disse o Presi: "
De onde? da ZH de hoje, p. 14:

16 de abril de 2009 | N° 15941
ELEIÇÕES 2010
Lula: “É bobagem achar que vou voltar”
Para quem duvidava, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi explícito ontem em entrevista à Rádio Globo, no Rio: deseja que a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, “seja a candidata do PT e dos partidos aliados” em 2010.
– É bobagem achar que daqui a quatro anos vou voltar. Rei morto, rei posto. Tenho de me contentar e agradecer a Deus porque fui presidente oito anos. E eu só tenho de torcer para que quem seja eleito faça muito mais do que eu, com mais competência, melhor, e que o povo não tenha saudade de mim, mas da pessoa que fez mais – afirmou o presidente.
Ao falar da piscina que vai inaugurar no Complexo do Alemão, Lula voltou a culpar “pessoas de olhos azuis” pela crise global:
– Aquele pobre, que só via piscina na TV, agora vai ter piscina. Ele vai ser tratado como as pessoas de olhos azuis, que foram responsáveis pela crise que estamos vivendo.
O presidente não sabia que já existe uma piscina da prefeitura no Alemão.

E que que tu achou deste troço de que o presidente é um ignorante? Não sabia o que é uma piscina? Não sabia alemão? Ninguém deve ser censurado por não saber alemão. Sempre penso que há dois tipos de crítica cabíveis ao Companheiro Lula:
.a. as inteligentes, como o apoio crítico que lhe presto e, na maior parte das vezes, pareço baixar o cacete;
.b. as imbecilóides, como as de Zero Herra, o orgulho do Brasil, em matéria de energumenicidades, inclusive achar que é urbana, quando urbanidade é fazer campanha cerrada, sem remissão, pelo extermínio dos meninos de rua das ruas das cidades. Se bem nos estamos entendo, ela, a "Herra", gostaria de encaminhamentos de extermínio que fogem a minha boa índole. De minha parte, quando falo em "exterminá-los", quero dizer "torturas sutis, como a tabuada, a fórmula de báscara, visitas aos Museu Júlio de Caudilhos, du Louvre, at Disneyworld e aus München", como fazem os ricos com sua cheirosa prole. Chegando à seção de piadas, li que um juiz de direito que disse que o Sr. Menino de Rua tinha direito de ajuizar-se ao deus-dará negava sistematicamente tal tratamento equanime a sua própria prole (que não era vasta, pois -como sabemos- só pobre é que tem filho, filho é um bem inferior, o planeta é inferior, pois -dada a atual tecnologia- está estourando sua capacidade de carregamento). À propos, ver:
http://en.wikipedia.org/wiki/Carrying_capacity. Und there: "The carrying capacity of a biological species in an environment is the population size of the species that the environment can sustain in the long term, given the food, habitat, water and other necessities available in the environment. For the human population, more complex variables such as sanitation and medical care are sometimes considered as part of the necessary infrastructure." E por aí vai...

Em outras palavras, a Sra. Avó do Sr. Badanha e myself entendemos que a maior pílula controladora da natalidade é encaçapar dinheiro na mão da macacada. Ou seja, um programa que consuma 20% da renda das instituições brasileiras, ou seja, R$ 500 per month. E por aí vai a Brigada Ambiental Mundial.
DdAB

14 abril, 2009

Um Periscópio da Estultice

Querido Diário:
Nâo é que é estultice? Ficar horas e horas fazendo manobras para não sair do lugar. Mas não é proposital, aparentemente. Parece mais um problema de coordenação dos agentes: todo mundo quer ir para o mesmo lugar ao mesmo tempo. Ou seja, há excesso de, digamos, coordenação. E quando todo mundo aposta na bolsa de valores? "Todo mundo?", indagariam os rapazes de "Asterix, o gaulês". Todo mundo não, pois tudo o que é vendido necessita de alguém que compre. Ou seja, a especulação só é possível por ocorrer coordenadamente por dois agentes com expectativas simétricas com relação ao, vamos ao ponto, preço dos títulos.

O Planeta Terra mexe-que-te-mexe e não sai do lugar, por assim dizer. Ainda assim, há indícios de movimentos... E falo, por exemplo, na idade média da população mundial, seus números bilionários e o PIB trilionário. Claro que houve movimento nos últimos, digamos, 10 mil anos, desde que anunciei que a história seria inventada (ver minha postagem a respeito do significado da história para os animais e os racionais). Em 1929, o PIB caiu pilhas. Em 1947, mavioso ano que guarda minha certidão de nascimento, ele=PIB também caiu nos USA e, talvez, cercanias.

Falo de quedas sérias, nada como um ou outro pontinho percentual, que -se bem lembro- terei lido que houveram (como disse a Profa. Ieda...) quedas, encroseve (prosseguiu ela...) no Brasil. Pois, falando em imbecis, vamos a Nouriel Roubini, o afamado cronista da também errática "Carta Capital", que assino e -volta e meia- abomino.

Roubini tem um site: www.rgemonitor.com. Rge, como sabemos, é a voz do dono, mas ChicoBuarque, autor de "Leite Derramado" que lerei a.s.a.p., denunciou poeticamente "o dono da voz". Para mim, Roubini é um dos tais pigmeus de uma esquerda finada que apenas tem destaque nos outros ambientes de esquerda também finada, ou seja, retrógrados, atrasados, opiniáticos, preconceituosos, causadores de desserviços à causa igualitarista, not to speak da causa das reformas democráticas que conduzam ao socialismo (to be properly defined).

Pois que disse Roubini que marcou minha postagem de hoje? Como notamos, andei meio desligado, teria dito Heeta Lee. Mas hoje digo: ele disse num artigo da própria Carta Capital que recortei com tesoura e dobrei em quatro e depositei num local que agora não lembro, escrito -o artigo- há um meio ano: o PIB dos USA, entre 2008 e 2009, vai cair 5%. Pois agora, na p.55 da Carta Capital de 15/abr/2009 (do dia de amanhã...), vemos autocrítica à estultice. O artigo chama-se de "Luz no fim do túnel". Ainda assim nem todo periscópio está direcionado para o "real", como disse o também peessedebista Fernando Henrique (que pensou ter criado o dinheiro em seu governo).

Diz ele:
.a. "o fechamento de 2009 apresentará uma queda de 2%."
Digo eu: ok, se o troço era 100 em 2008 e vai cair 5% entre 2008 e 2009, então somos forçados a concluir que no dia 1st de janeiro de 2010, teremos o índice de 95. Pois bem, ainda não temos desmentido dos 95 no dia da confraternização universal de 2010. Pois não lá tão bem, que -a fim de cair os tais 5%- dado que cairá 2% em 2009, precisaríamos da queda em 2008 de 100/[(1-0,02)x0,9693878, ou seja, o PIB americano teria caído 100-96,93878=3,06%. E isto, já sabemos preliminarmente não aconteceu!

Diz ele: citação longa::

.b. "O ritmo da contração da economia dos Estados Unidos vai desacelerar. Do tompo de 6% do Produto Interno Bruto (PIB) registrado no primeiro trimestre deste ano, o fechamento de 2009 apresentará uma queda de 2%. O crescimento será tão pequeno, abaixo de 1% em 2010, com a taxa de desemprego em 10%, que tecnicamente o país já terá superado a recessão, mas o ambiente será de estagnação." E segue: "[...] minha análise é mais pessimista do que [a d'] os economistas do mainstream."
Digo eu: tou vendo. Mas não podemos deixar de pensar que Roubini faz eco às previsões de sei-lá-quem-do-mainstream, corrigindo-as para um pouquinho mais de pessimismo, a fim de mostrar que nós (eu fora, porca madonna) heterodoxos somos dureza. Nós (eu fora, porca pipa) achemo (disse Ieda) que o pior ainda não aconteceu e que o capitalismo está fadado ao fracasso dentro das próximas 24 horas (ou, sem exagero, uma ou duas semanas...).

Digo mais eu: eu acho que este pessoal não aprende nem com os próprios erros. o Mister Roubini, se voltasse a ler suas próprias previsões, faria uma autocrítica, deixaria de dizer sandices, estultices, energumeníades.

"All in all, it is just another brick in the wall", disse Wall Street.
DdAB

06 abril, 2009

Humbug Delfiniano

Querido Sr. Blog: Todos sabem o apreço que sempre nutri por pessoas que ganham ou ganhariam (com seus dotes intelectuais) muito mais dinheiro do que eu. Tal é o caso de gigantes como Aristóteles, Leonardo da Vinci e Karl Heirich Marx e mesmo de pigmeus como o Senador Renan Calheiros e o Deputado Antonio Delfim Netto, além do Sr. Charles de Windsor (e Balmoral). Ambos compareceram à última Carta Capital que me caiu às mãos. Do primeiro pigmeu ético, nada tenho a falar. Do segundo, vou comentar o artigo "Por que Educação". Ter-me-á dado ele a oportunidade de saber mais sobre a palavra "humbug", in English (como o de Shakespeare, os dois Francis Bacon e outros). Fui ao Sr. Google Images e saí com as três ilustrações de hoje, que procuram deixar meu tratamento do tema ainda mais confuso. First, o que quer dizer "bah", quando sabemos que "b" + "a" = "bá", ou "barbaridade", ou ainda "barbaridade, isto é bom que mete medo...". Pois .a. meu Webster em papel diz: humbug, n. [18th-c. slang; orig. reference lost.] .1. (a) something made or done to cheat or deceive; fraud; sham; hoax; (b) misleading, dishonest, or empty talk. .2. a dishonest person; a person who does not live up to his claims; an impostor .3. a spirit to trickery, deception, etc. E se despacha para dois verbos humbug. Satisfiz-me. Todavia, como pensara que nada lá encontraria, cogitara de ir-me à Wikipedia, onde juraria que encontraria. E há uma explicação que, se não for humbug, è bene trovata. Aliás, até que -se for mesmo fraud- até que é ainda mais "bem apanhada", como teria dito o Sr. Jumento ao revelar sua opinião sobre a Sra. Galinha ("bem apanhadíssima, Vossa Galinidade", ou pelo menos é o que penso que ele teria dito). Humbug is an old term meaning 'hoax' or 'jest'. While the term was first described in 1751 as student slang, its etymology is unknown. Its present meaning as an exclamation is closer to 'nonsense' or 'gibberish', while as a noun, a humbug refers to a fraud or impostor, implying an element of unjustified publicity and spectacle. The term is also used for certain types of candy. In modern usage, the word is probably most associated with Ebenezer Scrooge, a character created by Charles Dickens. His famous reference to Christmas, "Bah! Humbug!", declaring Christmas to be a fraud, is heard afresh every year around Christmas time when the perennial favorite A Christmas Carol is played on stage or TV.[1] Famous Humbug of the actress/singer/manager Jenny Lind outside P. T. Barnum's New American Museum, New York City, 1850. P. T. Barnum was a master of humbug, creating public sensations and fascination with his masterful sense of publicity. Many of his promoted exhibitions were obvious fakes, but the paying public enjoyed viewing them, either to scoff or for the wonder of them. If the word humbug enjoyed contemporary usage, it would likely be applied to supermarket tabloids and the publicity industry. A famous humbug took place on the arrival of the actress/theatre manager Jenny Lind to America, just outside the showplace of P. T. Barnum, the New American Museum, in 1850 (etching, right). Vamos ao "bah". No Webster: bäh, interj. an exclamation expressive of contempot, disgust or scorn. Parece que não precisamos de mais nada, de sorte a fecharmos a primeira versão interpretativa des derniers évenéments de la journée. Mas sigamos: e que diz nosso popular Novo Aurelião? Diz: [Do esp. plat. bah.] Interj. Bras. 1. Barbaridade (2): 2 & . [Cf. bá.] . 2. Bras. S. Exprime espanto, surpresa, estupefação; bah.. Disse o menino de rua: "It is thick bark". Vamos a nova, ainda que velha, faceta do Sr. Humbug. Ok, ou melhor do Prof. Anwar Shaikh. Dei-lhe uma olhada à página e achei que o melhor mesmo, para o leitor interessado, é olhar pessoalmente, se é que olhar pode abdicar da condição de "pessoal" (exceto em "Lançou-lhe um olhar impessoal..."). Pois vamos agora ao Prof. Antonio Delfim Netto, em seu artigo da p.31 de Carta Capital de 8/abr/2009. Ele cita LEIJONHUFVUD, Alex :: não dá o título:: mas dá European Journal of the History of Economic Though, v.15 n.3 p.529-538. Lá vai: "É efetivamente notável como a teoria econômica corrente (mainstream) conseguiu esconder a clara vitória da velha Cambridge inglesa (Joan Robinson e aliados) sobre a nova Cambridge americana (Paul Samuelson e aliados) e, depois, ignorar as suas implicações para a mensuração do capital, para afunção de produção agregada e para as proposições delas deduzidas. Os economistas que levam a sério o problema da mensuração do capital e a teoria da produção, e estão a par das fraudes (humbug) empíricas engendradas com a função de produção neoclássica, reconhecem qus os problemas da velha Cambridge eram genuínos e que continuar a jogá-los para baixo do tapete, como faz a teoria corrente, não pode, decentemente, continuar para sempre." (foto de Delfim & Alex Such) Dará certo trabalho responder tintim por tintim. Ou era Tin-tin por Tin-tin (o que nos levaria a Dupond e Dupont, do outro dia...). Gostei da tradução para mainstream: corrente, like the Gulf Stream, a corrente do Golfo do México, ou era o contrário, conforme postagem recente? Para a University of Sussex (inglesinha dos anos 1950), Harvards, MITs, Boston Colleges e o que lá os valha, são arcaicos. Pois não é pura coincidência que, com a Profa. Julia Hebden, da "universidade vermelha", aprendi que "eppur si muove: insumos e produtos seguirão sendo relacionados por meio de funções matemáticas, mesmo que o homem delete sua própria existência, pois a abelha tem sua atividade descrita por uma função de produção..." Claro que .a. primeiro veio a produção .b. depois veio a matemática .c. depois veio a função de produção y = f(x). 

 About .c.: Todos os meninos de rua terão o direito legal de dizer que y é o output e que x é o input. E se, versejando em álgebra, disserem que x é o vetor do output e y é o vetor da demanda final (uma das três óticas de mensuração do valor adicionado, chamada por brevidade, preguiça e confusão, de PIB), então x = g(y). Com a notação que lhe ensinei, o menino de rua disse: x = Ax + y, onde x é o vetor da produção setorial, A é a matriz dos coeficientes técnicos de produção e y é o vetor da demanda final setorial. Ergo -sorriu triunfantemente- podemos jurar que a função de produção é um troço muito do lá relevante." E pensei se ele estava a referir-se a um "Lá 440" ou outro qualquer. Um fato concreto é dois: 
.a. Leijonhhufvud ganha muito mais que eu, como o faz Delfim Netto 
.b. a teoria da distribuição macroeconômica é que não pode valer-se das estimativas que utilizam o método dos estoques perpetuados ou qualquer outro -qualquer outro, eu disse!- para definir o tamanho do estoque de capital .c. mas a teoria da produção não tem nenhuma lei que impeça o menino de rua de estudar do Colégio Estadual Padre Rambo e aprender que y = f(x) e depois desenvolver na Faculdade de Economia do eixo João Pessoa-Bento Gonçalves. 
.d. e, se o Sr. Menino de Rua estudar econometria num desses locais, então seremos forçados a concluir que ele poderá estimar os parâmetros da função que lá ele bem entender, inclusive substituindo o escalar x por um vetor x que, no caso, não necessariamente será o net output setorial -podendo sê-lo- mas um vetor linha em que cada xi seria nada mais nada menos do que uma variável que ele lá bem entenda. 
DdAB 
Moraleja: para cada gigante há pelo menos 2^64 pigmeus e por isto é que esta joça não vai para frente.

04 abril, 2009

You May Say I'm a Dreamer

Querido Mr. Blog Man:Se bem lembro, estamos vendo a calçada da placa em homenagem a John Lennon, no recanto do Central Park de Nova York, por lá chamada de Strawberry Fields Forever. Nova York sempre lembrou-me de ONU, a brotherhood of men. Dias atrás, aprendi com o livrinho de Fernand Braudel a diferença óbvia entre cidades-estado como Florença e Veneza e o estado-nação da Itália, França e Alemanha, Inglaterra e -grande honra dos povos unidos- Bolívia, Congo e Brasil.

Não sem alegria, ao pensar nisto, também começei a pensar no que viria do Mr. Google Images se indagasse por imagens com o título da postagem de hoje. Para combinar com o paper que baixei a partir do blog do Prof. Cláudio Shikida:
.a. http://gustibusgustibus.wordpress.com/
.b. http://www.nber.org/papers/w14824.pdf.

Pois não é que ou é mentira minha ou a primeira imagem foi a de Ben Benanke. E eu que nunca aprendi bem a diferença entre:
.a. macroeconomia tradicional confrontando "clássicos" e "keynesianos" (como no velho livro de Ackley)
.b. macroeconomia mais moderninha confrontando "neoclássicos" e "neokeynesianos", como no velho livro de Croach
.c. macroeconomia pósmoderna, confrontando keynesianos, heterodoxos, novos heterodoxos, novos keynesianos, new keynesians, pós-keynesianos, novos clássicos, um verdadeiro deus-nos-acuda de nomes de escolas, todos um tanto tíbios em afirmar que valor (V) é o produto interno entre o vetor unidade (ou vetor soma) e o vetor do valor da produção setorial acrescido das remunerações dos locatários dos fatores da produção e das transações interinstitucionais do bloco B33 da MaCS, a matriz de contabilidade social. Com aquela mãozinha na testa, parece que não será apenas a mim que endereçarão o epíteto de "dreamer". Parece, by the way, que o primeiro macaco que a finada URSS lançou ao espaço também carregava este nome de batismo.
Por outro lado, sempre que penso em John Lennon com esta conversa de "a brotherhood of men" também ocorre-me a frase do Prof. Karl Heinrich Marx, who stated, epa, who sentenced: "devemos substituir o governo dos homens pela administração das coisas". Estado? só para manter o cidadão calado. Vida em comunidade? É a base da felicidade! Segue-se logicamente que:
.a. temos que acabar com os estados, substituindo-os por federações de municípios,
.b. temos que acabar com o senado federal, substituindo-o pelo que ele realmente vale: nada, e
.c. temos que acabar com o poder judiciário, substituindo-o pelo sistema judiciário.
Nesta linha é que a bandeirama que me foi sugerida pelo Sr. Google Images segue:
Quer mais um lado? Parece Berlim esse blim-blim-blim com andaimes. Por falar em Berlim, lembrei-me do consumo de maconha, da Gestapo, da Stassi, dos crematórios, inclusive o de Wedding, que cheguei a pensar fosse uma padaria des
Como um baseado puxa outro, se bem me expresso, também li no site de Shikida algo que me deixou de queixo caído, ou de cato queixado, um troço destes:
http://www.cato-at-liberty.org/2009/04/02/new-study-drug-decriminalization-in-portugal/.
Perplexo, ainda não li as referidas matérias, mas vou fazê-lo a.s.a.p.. No outro dia, falei do baseado a um pila (US$ 1,00) na Califórnia. Agora falo que mesmo com a descriminalização (tava no sumário), Portugal não passou a deparar-se com o "turismo de drogas".

Disse John Rawls: todos terão direito à maior liberdade possível. Isto é, nem precisava acrescentar: compatível com a dos demais. Já falei que não tenho direito de vender-me como escravo para ti, pois isto tirar-te-ia a liberdade de não ter escravos, o.s.l.t.. Liberdade e consumo de drogas? Claro, meu chapa, consumo recreativo, tal como o chimarão, o café, o tabaco, o álcool, o chá de losna, os sapatos, o dinheiro do povo, o bingo, os cavalos, o diabo. E cocaína? Pois acabo de ler na Zero Hora, Caderno Vida, que já estão inventando uma vacina para garantir que não ficarei viciado em cocaína. Como eu já garantira isto há milhares de anos, creio que eles não estariam pensando em mim, anyway... By the way, a vacina contra ganhar na loto, a da cocaína, a do sarampo, precisam ser cuidadosamente escrutinadas pela comunidade, a fim de que não surja o filho ou bisneto de algum deputado ou senador e se aproprie de um desses monopólios estatal, como o da Petrobrás, e... pluft!, todos seríamos obrigados a pagar a vacina (como eu já paguei um selinho para verem que ou uso ou não uso álcool no carburador de meu automível, então um temível fusca) e para provar que ela funciona comprar no mínimo 25 papelotes por dia. Epa, epa.
DdAB

02 abril, 2009

Engolir Passarinho

Querido Blog:
Coincidência das coincidências, o mesmo menino de rua que ensinou-nos a zurzir, ou zurrar, um azougue, encontrou-me hoje em visita rápida que fiz à PUCRS, na maior azáfama. Tentei contar-lhe a história que ouvi no rádio como sendo dita pelo goleiro Manga e seu coadjuvante -na história- Flávio. Flávio e Manga foram rivais naquela memorável noite. Eu fiz minha parte. Ouvi a história, tentei torná-la história. Ele zombou. Explico tudo.

Começo dizendo de ondem vem a ilustração acima:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/03/090325_artistapenasganso_ba.shtml. Todos sabemos que recomendo o exame -e eu o faço com delinquente frequencia, que os tremas se foram- do blog http://blogdosilvioedaana.blogspot.com/, que trata de passarinhos e de auri-plúmbeas paisagens, como é o caso daquela que -inadvertidamente- eu ia atribuindo a El Greco.

O de peculiar da postagem de hoje é que -tendo almoçado com os Profs. Adelar Fochezatto e Sabino da Silva Porto Jr. na PUCRS, que nada testemunharam sobre meu encontro com o Sr. Menino de Rua, mas Adalberto Quinto a tudo viu- referi que procuro postar diariamente, mas tem-se tornado crescentemente difícil fazê-lo. A azáfama, diria o menino de rua, para azucrinar-me. Então, por razões que não cabem no marcador "Escritos", mas no "Vida Pessoal", o que não é o caso, resolvi fazer uns scribbles sobre esta questão de engolir passarinho, para aproveitar a fachada do site da BBC au portugais, o.s.l.t.. Ou seja, hoje a postagem começou com a beleza da pintura que acima exibo. E terminou com esta história nauseabunda de engolir passarinho, se entendida fora de contexto. Consta que meus antepassados, quando chegados da Itália, nunca tinham visto tanta polenta e tanto passarinho e passaram a comê-la/los.

Pois, depois de ter dado minha aula sobre a diferença entre eficiência técnica e eficiência econômica na disciplina de Microeconomia I da Unisinos, numa fria noite de quarta-feira no -talvez- ano de 1979. Noite fria. Meu Karmann Ghia -TC andava de modo fagueiro naquela estrada, que eu já era metido a bacana e não andava de ônibus. Eu andava na mesma velocidade que ele, o automóvel, pois não poderia ser diferente e manter-me na direção, ou seja, no comando.

O futebol acabara. O Sport Club Internacional, do goleiro Manga, jogara com o Sport Club -digamos- Pelotas, ou Brasil de Pelotas, ou Pelotas do Brasil, sei lá, do centro-avante Flávio, que fora do Internarcional em diferentes ocasiões, tendo também jogado em Portugal, onde aprendeu -suponho- português. Não lembro quem ganhou o jogo, o fato é que Manga tomou um gol de falta que foi cobrada por Flávio. No horário das entrevistas, o que entrevi estava por acontecer, importantes lições a serem expropriadas em benefício das gerações futuras. Por isto pensei em revelar isto ao Sr. Menino de Rua, que não quis ouvir.

Primeiro falou Manga, com o sotaque da língua que aprendera ao jogar no Peñarol, ou Nacional, ou sei-lá-que-diabo-de-time-daquela-cidade-que-tem-meninos-de-rua-assantando-turistas-e-a-que-eu-nunca-mais-voltarei-juro-juro! Depois, veio Flávio, com o português a que me referi acima. Disse Manga: "pues, não pude defender aquella bola pues bem na ora que Frávio ia xutá, correu um zagueiro deles, um azorrague, e impediu-me de ver onde o Frávio bateu na leonor. Estas condições de contorno impedem um goleiro de meu porte de pular e garrar a bola." Pues, digo, depues, ou melhor, depois, falou Flávio: "Ó raios, nós tinha que fazê aquel gol, então combinei com o Birinha (ou era o Old Capapava? ou nenhum deles?) que ele correria para a bola bem no momento em que eu chutaria, a fim de impedir que Manga visse precisamente o local em que eu iria bater na bola. Tirar da barreira era fácil, e se Manga não visse a batida, era gol nosso." Depois Manga, elogiosamente, é claro, ainda disse: "Esse Frávio engoliu pacharito!"

Na hora, pensei: "Cara, ainda faltam uns 10 anos para eu ouvir falar no conceito de equilíbrio de Nash, mas vejo que esta passagem tem tudo o que de relevante dele podemos esperar, ou seja, se eu já conhecesse o conceito, entenderia que era dele que Manga e Flávio estavam falando, como naturalmente eles bem sabiam, um em portunhol e o outro em portubrás". O menino de rua azulou. Eu ziguezagueei e pinguei o ponto final.
DdAB

01 abril, 2009

Catadupa, ciência, conhecimento etc.

Querido Blog:
Semanas atrás, um menino de rua indagou-me a diferença entre Dupont e Dupond. Disse-lhe ser impossível distinguir, ao que ele retrucou que [a], onde aij é o elemento característico desta matriz de história. Fuere como fuera, ele voltou a encontrar-me num jogo de osso e disse-me que catadupa é uma "bruta duma queda dágua". E que nas estações de trem, como na que seu bisavô materno foi chefe, havia as catadupas às pampas, pois as locomotivas resfolegavam "mais que papeleiro", teria acrescentado (e pensado: "mais que burro de papeleiro").

Em seguida, pediu-me para explicar-lhe a diferença entre psiquiatria e psicanálise, o que recusei-me a fazer, pois já o fizera à exaustão durante o terceiro ano do curso colegial. Mas sugeri-lhe que poderia explicar a diferença entre informação e conhecimento. Ele, antes de aceitar, indagou-me que quis eu dizer ao usar o verbo "retrucar". Eu retruquei que falei só por farra, pois falo mais em replicar, redargüir, retorquir, inclusive achando chulo este troço de "retrucar", pois sempre penso no jogo de truco, onde se dá o truco, se retruca e mais coisas de que agora não lembro, pois estou coçando a cabeça com o garfo.

Então ficou assim:

.a. ciência: conjunto de conhecimentos socialmente adquiridos ou produzidos, historicamente acumulados, dotados de universalidade e objetividade que permitem sua transmissão, e estruturados com métodos, teorias e linguagens próprias, que visam compreender e, possivelmente, orientar a natureza e as atividades humanas.
Ao ouvir isto, o menino de rua indagou: que é conjunto? que é conhecimento (disse que responderia no próximo verbete), que é social, que é advérbio, que é produção, que é história (também irei responder), que é acumulação de capital, Rosa Luxemburg etc., qual a diferença entre universidade e universalidade, existe objetividade em ciência? e em penteados?, que é transmissão? que é estrutura, que é Althusser? que é método, que é teoria, que é linguagem, que é propriedade, que é visão, que é compreensão, que é natureza, qual a natureza da natureza humana? atividade é sinônomo de indústria? Respondi que iria estudar e depois responderia.

.b. conhecimento: falei para ele: "é um documento representativo de mercadoria depositada ou entregue para transporte, e que, se endossado, pode ser negociado como título de crédito, como o conhecimento de carga e conhecimento de depósito." Ele não gostou e disse: "que achas de entendermos, no sentido mais amplo, conhecimento como o atributo geral que têm os seres vivos de reagir ativamente ao mundo circundante, na medida de sua organização biológica e no sentido de sua sobrevivência." Disse achar bom e ele prosseguiu: "E que tal esta visão de que é o processo pelo qual se determina a relação entre sujeito e objeto?" Disse-lhe parecer-me um tanto quanto como direi. Ele prosseguiu, destemido: "E a apropriação do objeto pelo pensamento, como quer que se conceba essa apropriação, como definição, como percepção clara, como apreensão completa, como análise etc." Disse-lhe achar complicado. Ele concluiu, triunfante: "Então somos forçados a crer que é a posição, pelo pensamento, de um objeto como objeto, variando o grau de passividade ou de atividade que se admitam nessa posição." Anuí.

.c. cultura: Disse-me apenas: "a cultura é uma das categorias da dialética que permite-nos proceder à análise do processo pelo qual o homem, por meio de sua atividade concreta (espiritual e material - insistiu), ao mesmo tempo que modifica a natureza, cria a si mesmo como sujeito social da história." Falei: "Então precisaremos caprichar na definição de 'história'". Ele anuiu.

.d. história: já coordenados, falamos em jogral (ver): enredo, trama, fábula, patranha, lorota, peta; conto, complicação, amolação, chateação, luxo, melindre, dengue, complicação, relação amorosa; caso, aventura, coisa, objeto, negócio, troço. Um motorista de um bandeirante apenas olhou-nos de soslaio (ver).

.e. informação: falei rápido: é medida em bits ou nits. Os bits são usados para a linguagem binária e os nits quando a unidade de medida da informação original é dada em logaritmos neperianos. Ele anuiu, mas disse, como que me censurando, e acho que indevidamente: "Mas tu não vai esquecer de dizer o que é instituição." E eu disse o que segue.

.f. instituição: estrutura decorrente de necessidades sociais básicas, com caráter de relativa permanência, e identificável pelo valor de seus códigos de conduta, alguns deles expressos em leis; instituto. Ele coçou a cabeça com um garfo e disse: "E garfo?" Eu disse o que segue:

.g. garfo: é o substantivo correspondente ao verbo "garfear", que é o que os políticos e ladrões brasileiros fazem com a liberdade do povo, doce povo. Ele coçou a cabeça com o garfo... Acrescentei: "instrumento utilizado, à falta de pentes de piolho, para coçar a cabeça de humanos e máquinas". Ele coçou a cabeça com o garfo.

.h. zurzir: verdascar, o último substantivo do dicionário, fora umas bobagens derivadas de nomes próprios, como entrará ainda o seguinte apelido que darei a uma abelha a quem estou ensinando a dançar tango em Porto Alegre: zzumzumzumzun.

Depois, o menino de rua indagou-me a diferença entre "armagedron" e "asimatopoulos". Felizmente a sinaleira abriu e eu também abri, sem deixar de abrir-me para a erudição dessa rapaziada, nem tendo tido tempo de mandá-lo à Wikipedia de Portugal.

Mas eu ainda pude postar isto na mãozinha dele: "Cultura é, de acordo com Tylor, escrevendo em 1871, "aquele todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costumes, e todas as outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade." E ele disse que eu estaria citando quase que verbatim o Sr. HELMAN, Cecil G. (2003) Cultura, saúde e doença." ArtMed, na p.12.

Ele disse: "Cultura e curtura é a mesma coisa." Eu disse: "prá mim, também".
DdAB