28 março, 2021

Eu e o André Singer: pé-no-barro e a frente-de-esquerda

(que chegou até mim por meio de Áurea Borges, do Facebook)

Quiero encontrarlo pa que me enseñe a mí, que soy naides, lo que es un hombre de coraje y de vista.
(Jorge Luis Borges conto Hombre de la Esquina Rosada)

Estou em campanha para a criação de uma frente de esquerda para disputar as eleições nacionais de 2022 (executivos municipais e federal e congresso nacional)
. E sonho com as eleições de quase três anos atrás na Argentina, quando aquele povo amigo votou maciçamente na esquerda (centro-direita?) nas eleições deste domingo 11/ago/2019. Alegadamente por Jair Bolsonaro, inquieto com aqueles resultados, os argentinos que viessem a reduzir-se à mais imobilizante pobreza iriam comportar-se como alguns milhares de venezuelanos, que fugiram do país por não aguentar mais aquela guerra civil. Então o velho Bolsonaro e seus miquinhos amestrados deram-se mal, pois especialmente na luta contra o corona vírus covid-19, já está clara a diferença entre um governo e um desgoverno. Naquele momento, muito sabiamente, o governador do Rio Grande do Sul disse que o estado que governa terá o maior prazer em receber migrantes argentinos.

Mas hoje fala-se muito, especialmente, a turma do espectro político que vê o mundo pela esquerda, na candidatura de Lula à presidência da república. As alternativas à mão são complicadas e não vi surgir nenhum nome que possa amarrar consenso. Nem Lula, por sinal. Sua rejeição é tão consistente que talvez ele não possa fazer alianças ou coalizões puxando para a meia-esquerda e, quem sabe, gente de centro.

O que me parece falta de perspectiva para essa gente que pensa no presidente, no Lula, no Hulk, sei lá, mas esquece que, sem uma base parlamentar sólida, não adianta ter o presidente. Ele estará imobilizado pelo congresso nacional. Por sorte, alguma oposição hoje a Bolsonaro resulta precisamente da incapacidade de sua "plataforma eleitoral" não ter sido capaz de capturar o eleitor mediano. E, como tal, formou uma minoria nas duas casas do parlamento.

A solução é, na linha do livro de André Singer (o sentido do lulismo) e de Rosana Pinheiro-Machado (amanhã vai ser melhor) e outros escritos dela todos botarmos o pé no barro, ou seja, procurarmos eleitores permeáveis a ideias igualitaristas e conseguir seu compromisso de votar na esquerda, numa frente de esquerda, em 2022.

DdAB
P.S. O sarcasmo da analogia dos 15 minutos de emprego com os 15 minutos de fama arguidos por Marshall McLuhan é direto contra o presidente do Brasil. Por contraste à crítica aos status quo, podemos pensar num dia em que o ser humano não trabalhará mais de 15 minutos durante todo seu ciclo de vida. Naquele artigo de Martin Bronfenbrenner que tanto cito, fala-se em períodos mais prolongados: dois anos. Mas, veja só!, não estamos falando nos 45 anos de serviço que consta da reforma trabalhista recentemente impingida ao povo brasileiro.
P.S.S. Alguns eventos mostram o viés. Consideremos as datas, com o primeiro turno ocorrendo em 7 de outubro de 2018 e o segundo turno em 28 de outubro de 2018. Ao todo, há três eventos determinantes da tragédia:
.a condução coercitiva de Lula para dar depoimento na polícia em 29 de fevereiro de 2016.
.b liberação do depoimento de Antonio Palocci às antevésperas do primeiro turno da eleição, ou seja, no dia 1o. de outubro de 2018.
.c participação de Steve Bannon na produção de fake-news. tentando desmoralizar as candidaturas de esquerda, no caso do segundo turno, a de Fernando Haddad.

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